44. Eu Estou Com Você

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POV Ana Carla

Abri os olhos, assustada, encontrando um teto branco sobre mim e um tubo transparente entrando em minha boca, descendo por minha garganta.

Tentei me mexer mas minhas mãos estavam presas ao lado do meu corpo, fiz o mesmo com minhas pernas mas elas pareciam pesar toneladas.

Tentei puxar o ar mas o tubo me impedia ao mesmo tempo que me ajudava a respirar. Um bipe incessante apitou freneticamente ao meu lado até que duas mulheres completamente estranhas apareceram em meu campo de visão.

Arregalei os olhos, expressando meu pavor.

- Calma, Sra. Hold.- disse uma delas mexendo em algum aparelho ao meu lado.- Nós vamos Extuba-la.

Mexi meus ombros,  agoniada por não conseguir mexer minhas mãos, uma das mulheres me segurou.

- Para.- mandou me olhando nos olhos. Pisquei, sentindo algumas lágrimas cair de meus olhos.- Eu sei que você está assustada mas tudo vai ficar bem, se continuar se batendo desse jeito vai se machucar.

Eu quis gritar com ela. Pela primeira vez em muito tempo eu sentia uma raiva borbulhar dentro de mim.

Quem ela pensava que era? Eu estava com um tubo empurrado goela a baixo, sem mexer meus braços e pernas e ela falava daquele jeito estúpido comigo?

- Vamos tirar o tubo de você agora.- ela disse.

Foi a pior sensação que senti até aquele momento. Aquilo parecia estar metros para dentro de mim.

- Consegue falar?- a mais boazinha perguntou.

Tentei, na primeira tentativa minha voz não saiu, na segunda foi apenas um sussurro e na terceira algo muito longe de ser minha voz.

- Robert.- Falei com a garganta queimando.

A mais boazinha tocou meu rosto e sorriu.

- Ele já foi informado que você acordou,- disse.- Está esperando para poder entrar, agora eu vou soltar suas mãos.

O barulho de velcro e alguns segundos depois eu consegui erguer meus braços. A cama estava reta e ao tentar levantar meu torso uma dor aguda no alto do meu quadril me fez arfar.

- Não se mexa!- pediu a mulher que, agora eu já sabia, ser uma enfermeira.- O Dr. Rios já vem te ver.

Ela me deu as costas mas eu me esforcei para dizer:

- Não vai soltar minhas pernas?- perguntei, a voz arrastada.

A enfermeira carrancuda olhou para meus pés e saiu do quarto, a boazinha me deu um olhar penoso.

- O doutor vai soltar.- disse.

Remexi os dedos dos meus pés, inquieta.


POV ROBERT PATTINSON

45 anos.

Eu estava fazendo 45 anos e estava vivendo um dos piores momentos da minha vida.

Summer estava com Suki e eu estava morando no hospital na esperança  de que Ana acordasse.

Os paparazzis também pareciam estar morando aos arredores pois a casa segundo que passava Rebeca tinha que rebater um rumor novo.

Cinco dias se passaram até que tudo aconteceu. Meus pais tinham me ligado, meus amigos se solidarizavam, mas eu só queria com toda minha força que Ana acordasse e que aquele pesadelo acabasse.

- Só precisamos que ela respire sem os aparelhos e então tudo poderá ser encaminhado para a melhora.- era o que o médico me dizia todos os dias.

Nunca fui um homem muito religioso, mas me vi, por várias vezes, na capela do hospital clamando por alguma resposta.

Pela melhora do meu amor.

Porque minha vida não fazia sentido sem ela.

Não acreditei quando uma enfermeira veio até mim dizer que Ana tinha acordado e que o médico me chamava até a UTI para vê-la.

A sensação esmagadora no peito, que me subia até os olhos me fazendo derramar lágrimas enquanto caminhava até o andar onde ela estava.

Quando entrei no quarto e vi ela sentada sem aquele monte de fios que monitoração seus sinais vitais e sem o tubo em sua garganta acelerei meus passos e avancei sobre ela.

- Amor...- ela murmurou ao mesmo tempo que eu segurava seu rosto com minhas mãos e lhe dava um beijo mudo.

Senti sua mão esquerda em meu ombro em eu corpo reconheceu o seu, me arrepiando ao seu toque.

Um pigarro chamou minha atenção e eu relutei para tirar minha boca da sua, mas mantive nossos narizes se tocando.

- Está chorando?- ela perguntou, um pequeno sorriso nos lábios carnudos que eu amava.

Funguei.

- Eu te amo.- Eu disse tão baixo quanto ela, tocando o canto dos seus lábios onde tinha um pequeno corte formando uma casquinha.- Como você está?

- O Dr. Rios estava começando a me falar...- disse inclinando a cabeça para o lado, seu lindo cabelo cacheado estava um caos.- Eu não sinto minhas pernas direito.

Meu estômago pesou alguns quilos ao ouvir suas palavras, fiquei de pé ao lado da cama e olhei para o médico,segurando a sua mao.

O homem deu um meio sorriso.

- Como eu estava dizendo Ana - Não gostei nenhum pouco da intimidade, mas me contive.-, você teve uma lesão na coluna que nos conseguimos corrigir com a cirurgia, mas você vai levar um tempo para se recuperar. Vai precisar de fisioterapia e paciência, no momento precisa se adaptar a sua nova condição, até que esteja recuperada.

Ela apertou seus dedos nos meus e encostou a cabeça em meu ombro. Meu coração se apertou ao perceber que ela ainda não sabia sobre a nossa perda.

Doutor Rios me olhou com receio e Ana não perdeu esse detalhe.

- O que foi?- perguntou me olhando.- O que vocês não estão me contando?

O médico suspirou e baixou o prontuário que tinha em mãos, olhando bem para ela.

- Ana, eu sinto muito, mas você estava grávida de 8 semanas e acabou sofrendo um aborto com o acidente.- ele disse de uma só vez.

Fechei meus olhos ao ouvir ela ofegar.

- O que?- perguntou a voz embargada, logo em seguida começando a soluçar.- Eu... meu Deus ... Rob.... Eu...

Eu a envolvi em meus braços, cuidando para não aperta-la tanto, mas querendo esmaga-la e protege-la.

Eu sabia que não estava sentindo nem metade do que ela, mas também era meu filho, também era parte mim, também estava doendo.

- Nós vamos superar.- murmurei em seu ouvido, um pouco mais tarde quando ela ainda solucava contra meu peito.- Eu estou com você.

ROBERT PATTINSON | A BABÁ Onde histórias criam vida. Descubra agora