A carta

84 15 62
                                    

Capítulo dezenove
A carta


ㅤㅤㅤ
ㅤㅤDraco em toda a sua vida nunca pensou que sentiria tanto a falta de alguém como sentira nesse momento. O sonserino estava deitado nos seus lençóis macios de seda em seu quarto na mansão Malfoy, com os seus dedos cruzados atrás da cabeça, vociferando baixo enquanto pensava em Potter e na última conversa que os dois tiveram. Havia passado todas os dias de suas férias de verão de cara fechada, inquieto ou observando com os olhos atentos seu pai Lucius. Queria questionar o mais velho sobre o que Potter dissera na última vez que o viu, mas negou-se a abrir a boca.

"Meu pai... um comensal da morte...", refletia enquanto observava metódicamente o teto de seu quarto.

Ele não estava exatamente entristecido ou enraivecido por saber disso, mas também não estava feliz. O que era estranho para si porque antes ele teria ficado entusiasmado com a confirmação de tal fato. Sempre esteve animado com a idéia da "limpeza dos sangues ruins", e certamente, com a volta do Lorde Voldemort isto estava mais perto do que nunca de acontecer.

Mas por que ele não conseguira ficar vibrante com isso?

Desde que o maldito Harry Potter entrou na sua vida por causa do maldito plano tudo havia virado de cabeça para baixo. Além dos sentimentos estranhos que sabia que sentia pelo grifinório, mas que tentava desesperadamente negar. Draco também questionava-se, se a volta de Voldemort seria algo bom para ele.

Potter já estava marcado para morrer. Uma hora ou outra o maior bruxo das trevas triunfaria e todos os outros bruxos seriam subjugados. E Potter estava na linha da frente no conflito armado entre os dignos e puros e os sangue-ruins e traidores. Pensar sobre isso arrepiou até o último fio louro do sonserino.

─ A culpa é sua, Potter. ─ sussurrou Draco para si mesmo. ─ Se tivesse escolhido o lado certo, eu poderia te proteger, minha família...

A raiva contaminou o coração do rapaz, que permitiu que ela controlasse sua ação a seguir. Ele agarrou um objeto de porcelana em cima de sua mesa de cabeceira e jogou-o com fúria para longe.

─ Maldito idiota!

O objeto voou, espatifando em pedaços assim que atingiu o outro lado da porta de entrada, quase acertando um elfo doméstico que agora entrava sobre ela. A pequena criatura se assustou e tremeu de pavor.

─ Mestre Malfoy, mestre! ─ clamou o elfo, apertando as pequenas mãozinhas uma na outra, em apreensão, enquanto observava os cacos no chão do que antes eram um pequeno e lindo vaso potiche.

─ Buggy! Como ousar entrar assim sem bater? ─ questionou furioso. ─ Será que terei que te ensinar um pouco de bons modos elfo-estúpido?

─ Perdoe-me mestre Malfoy. Buggy não fará novamente. ─ a criatura abaixou a cabeça e fungou arrependida. ─ Buggy irá se punir com vinte chibatadas e...

─ Tá, tá! Não precisa disso, eu não ligo. ─ o loiro interrompeu-o, sem paciência para lamúrias. ─ Me desculpe, só estou um pouco preocupado hoje. ─ logo que as palavras saíram de sua boca, se repreendeu de dizê-las, pois viu quando o elfo ergueu a cabeça e arregalou os olhos abismado.

Draco tinha pedido desculpas.
Foi a segunda vez em sua vida em que se desculpou sinceramente. A primeira vez foi com Potter ao lampejar um impropério para o grifinório. E agora pediu desculpas para um elfo também? Sua sorte é que ele não fez isso na frente de mais ninguém. Se Lucius tivesse visto àquilo, Draco imaginava que vinte chibatadas seria só o começo para o elfo.

─ Mestre Malfoy pediu desculpas para Buggy? ─ disse a pequena criatura abrindo um sorriso largo, com algumas gotas de lágrimas se formando nos cantos de seus olhos grandes. ─ Mestre Malfoy é tão bom com Buggy.

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: 17 hours ago ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

November Rain (Drarry)Where stories live. Discover now