Entro em um pesadelo do qual acordo repetidamente apenas para achar um terror ainda maior esperando por mim.
Todas as coisas que mais abomino, todas as coisas que mais abomino que aconteçam com os outros se manifestam em detalhes tão vívidos que só posso
acreditar que são mesmo reais.A cada vez que acordo, penso: Finalmente acabou, mas não.
É apenas o começo de um novo capítulo de tortura.
De quantas maneiras diferentes assisto à morte de Lori; revivo os últimos momentos de meu pai; sinto meu próprio corpo sendo dilacerado? Essa é a natureza do veneno das teleguiadas, cuidadosamente criado para atingir
os locais onde o medo se aloja em seu cérebro.Vejo Kara sendo morta, várias e várias vezes sem poder fazer nada.
Dor e culpa me consomem.
Mas tem um sentimento diferente, eu não sei qual é, mas sinto a necessidade de estar com ela.
Quando finalmente readquiro meus sentidos, fico deitada imóvel, esperando a sequência seguinte de carnificina visual.
Por fim, aceito que o veneno deve ter enfim saído de meu organismo, deixando meu corpo arrasado e enfraquecido.
Ainda estou deitada de lado,
fechada na posição fetal. Ergo uma das mãos até os olhos para encontrá-los saudáveis, intocados pelas formigas, que jamais existiram.O simples esticar de um braço requer um enorme esforço. São tantas partes do meu corpo doendo que parece nem valer a pena fazer um inventário de todas elas.
Lenta, muito lentamente, consigo me sentar. Estou em um buraco
raso, não com as bolhas alaranjadas que zunem da minha alucinação, mas com folhas mortas.Minha roupa está encharcada, mas não sei se a causa é a água da fonte, orvalho, chuva ou simplesmente suor. Por um longo tempo, tudo o que consigo fazer é tomar pequenos goles da minha garrafa e observar um besouro passear num arbusto de madressilvas.
Por quanto tempo será que estive fora de mim? Era de manhã quando perdi a razão. Agora é de tarde.
Mas minhas juntas emperradas sugerem que mais de um dia se passou,
possivelmente dois.Se isso for mesmo verdade, não terei como saber quais tributos
sobreviveram ao ataque daquelas teleguiadas.Nem Glimmer nem a garota do Distrito 4. Mas havia o garoto do Distrito 1, os dois tributos do Distrito 2 e kara. Será que eles morreram em decorrência das ferroadas? Com toda certeza, se sobreviveram, seus últimos dias devem ter sido tão horríveis quanto os meus.
E quanto a Rue? Ela é tão pequena que não seria necessário muito veneno para matá-la. Mas... as teleguiadas teriam de pegá-la, e ela estava com uma boa margem de vantagem.
Um sabor ruim, de coisa podre, impregna minha boca, e a água não surte muito efeito sobre ele.
Arrasto-me até o arbusto de madressilvas e arranco uma flor. Puxo delicadamente o estame pelo botão e coloco a gota de néctar na boca.
A doçura se espalha até a garganta,
acalentando minhas veias com lembranças de verão, da floresta perto de casa e da presença de james ao meu lado. Por algum motivo, nossa discussão naquela última manhã retorna à
minha mente:– A gente teria como fazer isso, você sabe.
– O quê?
– Sair do distrito, fugir daqui. Viver na floresta. Você e eu, a gente conseguiria.
E, de repente, não estou mais pensando em james, mas em Kara e... Kara!
Ela salvou minha vida!
Então, concentro-me na única coisa realmente boa que aconteceu comigo desde que aterrissei na arena.
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Lena Luthor - Supercorp
Teen FictionLena Luthor acaba se oferecendo para ser um tributo no lugar de sua irmã Lorelai para ir aos jogos vorazes. Pela primeira vez o distrito 12 vai ter uma dupla de garotas indo aos jogos juntas, pois ninguém sabe como o nome de Kara Danvers foi parar n...