22h20 do dia 29 de abril
— Hã... — era melhor eu respirar fundo — Richard... — como eu falo isso para ele? — Eu não estou afim de ser sua segunda opção. — eu só... falei.
— Segunda opção? Eu estou aqui agora, não estou? Eu estaria se fosse? — é melhor eu gargalhar.
— Você está aqui, porque ela não está aqui. — ele deu de ombros. Essa pose de desentendido não pegava comigo. — A Nicole, Rios. — minha cabeça balançou. Eu me negava ter que afirmar aquilo. — Com licença. Já deu para mim.
Eu não podia gastar muito tempo pensando. Eu sabia da influência que ele exercia. Ficar o escutando geraria uma interpretação que eu não quero obter. Minhas bolsa parece ter virado a bolsa da Hermione, acho tudo dentro dela. Menos a chave do meu carro. Não conseguia nem mesmo olhar para bolsa. Eu tinha pressa de sair dali. A chave. Minha mão foi pausada no momento que a retirei de dentro da bolsa. Para que isso, Richard?
— Você não me deixou responder. — minha expressão era de decepção.
— Não me importa, Richard. Eu só quero ir para minha casa descansar. Não me importa o que você tem a dizer. — toque em suas mãos. Esperava que ele soltasse as minhas.
— Por que você mudou tanto? Você me queria. Você dizia não se importar, mas se importava.
— Porque eu estou cansada de drama e é só isso que você traz para minha vida. Drama. Uma novela colombiana.
— Uma novela colombiana? E você é o que nessa novela? Protagonista?
— Sou a amante. Aliás, eu seria se dependesse de você. — solta o ar, Iara — Só me deixa ir, cara.
— Me leva junto? — ignorou a primeira parte.
— Não posso.
— Por que?
— Já tenho companhia. — não tinha.
— Você não tem. Sua sobrancelha está erguida. Você sempre faz isso quando mente. — pronto. Ele sabia minha expressão para mentir.
— Tudo bem. Eu não tenho. Mas eu também não quero a sua. — meu coração batia tão acelerado que me deixava surda.
— Só mais uma noite, Iara. — não sei em que momento isso aconteceu. Mas sua boca está próxima demais a minha. Sinto seu hálito de chiclete de menta se chocar contra o meu rosto.
— Já tivemos uma, Rios. — olhos em minhas mãos livres. Eu podia ir. Eu podia aproveitar seu momento de desatenção.
07h do dia 30 de abril
Último dia do mês. Finalmente. Abril havia se arrastado e quase levou minha sanidade junto com ele. Sonhei a noite inteira com a voz do Richard me pedindo mais uma noite. Conseguia sentir até o cheiro do seu chiclete de menta. Menta e mentira. Sei que não foi a noite toda e que os sonhos duram segundos. Mas é compreensível minha expressão.
Era sábado. Eu não tinha muito o que fazer. Talvez eu pudesse ir na academia e depois visitar minha mãe. Tem alguns dias que não a vejo. Acho que é um bom plano. Já que na segunda a madame irá viajar para tirar férias de mim e da minha loucura. Palavras dela. Não minha. Sei que era uma brincadeira. Mas seria bom para ela.
15h45 do dia 30 de abril
Acabei ficando não só para o café. Fiquei para o almoço. Acabo de chegar na minha casa. Vazia e fria. Estava pensando nos vinte quilômetros que eu tinha corrido naquele dia de loucura. Talvez eu sentisse saudades da gente. Mas eram muitos km para percorrer. Não os vinte. Os milhares que eu teria que percorrer na estrada do coração dele. Estrada que já estava ocupada. Tinha um muro bem na chegada. Um vírus em sua corrente sanguínea. Eu precisava esquecer, isso sim.
18h do dia 30 de abril
Eu dormi. Dormi bastante. Como um bebê depois de se alimentar. Isso era uma das minhas maiores felicidades nesse processo. Eu consegui voltar a dormir. Como não conseguia desde o acidente. Aliás, eu conseguia com o Rios. Mas agora eu não dependia dele para isso. Eu conseguia dormir sozinha. Só com a minha companhia.
Procurei pelo meu celular. Não o achei. Talvez eu tenha deixado no banheiro. Levantei-me devagar. Eu tinha adquirido uma doença de idoso. Labirintite. Precisava me levantar sempre aos poucos. Quase engatinhando. Procurei pelo banheiro. Não estava. Procurei na bolsa da academia. Não estava. Só me restava o carro. Bingo. Mensagens. Dele. Não sabia se eu deveria ler. Mas li. Você fode minha mente, Iara; por que tudo com você tem que ser tão dificil?; não prefiro a Nicole, só é mais fácil com ela; com você é sempre complicado; mas você fode comigo sem nem me tocar; eu não devia; eu devia estar concentrado para o jogo de amanhã; só que eu fecho o caralho dos olhos e só vejo você. O meu problema era não ser fácil...
Díficil: que não é fácil; que exige esforço para ser feito; trabalhoso, laborioso, árduo; que demanda esforço intelectual para ser entendido; complicado, obscuro. Eu demandava trabalho demais.
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𝚝𝚑𝚎 𝚝𝚛𝚞𝚝𝚑 𝚘𝚏 𝚊𝚗 𝚘𝚋𝚜𝚎𝚜𝚜𝚎𝚍- 𝚁𝚒𝚌𝚑𝚊𝚛𝚍 𝚁𝚒𝚘𝚜
Fanfiction𝑂 𝑞𝑢𝑒 𝑎𝑐𝑜𝑛𝑡𝑒𝑐𝑒 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑢𝑚 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠 𝑒𝑛𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜 𝑠𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎 𝑒𝑚 𝑢𝑚𝑎 𝑜𝑏𝑠𝑒𝑠𝑠𝑎̃𝑜 𝑎𝑟𝑟𝑒𝑏𝑎𝑡𝑎𝑑𝑜𝑟𝑎? 𝐶𝑎𝑑𝑎 𝑝𝑎𝑠𝑠𝑜 𝑠𝑒𝑢, 𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑒𝑐𝑖𝑠𝑎̃𝑜, 𝑝𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑎 𝑠𝑒𝑟 𝑚𝑜𝑙𝑑𝑎𝑑𝑎...
