22h30 do dia 22 de maio
Seus lábios se abriram e o sorriso que antes tinha me hipnotizado agora se abriu para mim. Merda. Eu sinto o calor. Estou vermelha. Consigo ler os lábios da pessoa ao seu lado novamente. Ele perguntou quanto tempo faz que ele terminou. Foi o momento em que seus olhos se desconectaram do meu rosto e seu sorriso se fechou. Respondeu um simples: não quero falar disso, só acabou. Sim, estou participando da sua conversa. Sei que isso é errado, mas estou curiosa.
Sua cabeça está virando novamente. Me viro de costas para ele. É melhor que ele não perceba que eu continuo o secando sem parar. Respiro ofegante. É sensação que tenho pós sexo com o Richard. Mas o tal do Lucca nem me tocou. Iara, se controla. Preciso beber algo e é urgente. Não sei como cheguei ao bar, pareço ter me teletransportado. Tento chamar o atendente do bar, seu rosto nem vira em minha direção. Um corpo esbarra em meu braço direito. Um assovio. O cara do bar que não me dava a mínima agora olha para mim.
— Atende ela primeiro. — Perfume com fundo de couro ambarado. Desconfio qual seja, mas não quero arriscar. Estou falando do perfume, mas vou ter que olhar para o homem que provavelmente está dando em cima de mim para agradecer.
— Obri... — cadê sua voz, Iara? É o Lucca. Dei de cara com o sorriso dele assim que virei meu rosto. — Obrigada! — tento sorrir de volta para ele. Mas sou interrompida.
— O que tu quer? — o atendente. Logo agora.
— Gin. — meus olhos saíram do Lucca para ele — Um gin tropical.
— Qual teu nome? — tocou meu cotovelo.
— Iara. — lembrei que eu precisava perguntar o nome dele, mesmo já sabendo. — E o seu?
— Lucca. — como eu já sabia — Você não é daqui é? — neguei. Vi o copo ser colocado entre nós dois.
— Hã... — pensei — Obrigada de novo! Pode pedir o seu agora. — fui paralisada — Oi. Aconteceu algo?
— Não quero pedir nada. Só vim até aqui falar com você. — direto. Eu provavelmente estava corando novamente.
— Podemos só sair aqui do meio? — não me respondeu. Entrelaçou seus dedos nos meus e me puxou para um local mais vazio. Se é que existia aquilo ali.
23h do dia 22 de maio
Iara, que fixação é essa por jogador; logo você?. Mensagem da Laurie. Ela escutou algumas pessoas falando dele. Eu me nego acreditar que o único cara que me chamou a atenção tinha esse karma junto com ele. Seguimos conversando. Nossa risada é tão alta que mal consigo escutar a música que toca. Ele realmente é mais novo, tem apenas 21 anos. Mas é acolhedor. Engraçado. Bonito. Conversado. Atencioso. Ainda não tentou me beijar, mas quero. Como quero. Por um tempo esqueci do Richard. Merda. Acabei de me lembrar.
01h do dia 23 de maio
Acabamos de abrir boca. Completamente sincronizados. Isso na balada. O que fez com que ríssemos do ato. Sua mão esquerda foi direto para minha coxa. Um choque. Queimava. Respira, Iara. Eu estava me afogando com o toque de seus dedos em minha pele. Sua mão subia e descia em um carinho. Cada movimento parecia lento demais. As subidas faziam meu coração disparar. Minhas coxas pareciam grudar em seus dedos. Eu queria mais do que aquilo.
— Você quer ir embora? Estou cansado, joguei hoje. — pela primeira vez falou sobre sua profissão.
— Jogou? — fui uma boa atriz.
— Esqueci que não é daqui. Sou jogador. — sorriu. Me derreti. — Mas e a minha pergunta. Quer ir? — riu.
— Quero sim. Estou cansada também.
01h40 do dia 23 de maio
Obviamente a Laurie não quis ir. Para ela estava cedo demais e o segundo ponto é que ela acha que me atrapalharia. Talvez sim. Estamos em seu carro. Estou meio desconfortável. Lucca não para de falar. Está tentando deixar o clima mais leve. Acho isso bonitinho. Se concentra, Iara. Para de encarar a boca dele como se fosse uma obra no Louvre. Ele para no sinal e seus olhos passam para mim.
— Meu apartamento? — concordo. Acho que fui rápida demais.
02h do dia 23 de maio
Dedos pressionando minhas coxas. Corpo entre as minhas pernas. Sua língua passeando em minha boca. Finalmente o beijo pelo qual esperei a noite inteira. Meus dedos entranhando seus cachos loiros. Era macio. Péssimo detalhe para notar agora. Eu sei. Seus braços aproximaram meu corpo da borda da mesa. Estávamos mais colados agora. Minha mão livre foi rápida ao explorar seu abdômen por baixo de sua blusa. Como eu disse, músculos aparentes. Não grande, mas muito atlético.
Minhas coxas estão pressionadas nas laterais do seu corpo. Consigo o sentir agora. Também não devia falar isso, mas parece bom o suficiente para me entreter por uma noite inteira, ou duas ou mais. Algo está vibrando entre nós. Droga, não somos nós. É meu celular. Ele está debaixo da minha perna direita. Quem estaria me ligando uma hora dessas? Tento ignorar. Era covarde demais ter que parar o beijo agora. Mas a pessoa era insistente.
— Acho melhor você atender. — sua risada ecoou no espaço antes dele se afastar.
Merda. Merda. Merda. Para que ligar para alguém as duas da manhã? Pego o celular decepcionada. Só para ver no visor seu nome. Richard Rios. O colombiano estava mesmo me ligando? Ele pressentiu? Não estava concentrado? Não deveria estar dormindo para a partida de hoje? Que má sorte. Deslizo o dedo pela tela desligando a tal ligação. Que devia fazer meu coração bater mais rápido. Mas após a noite anterior só me causou repulsa e raiva. Direi um clichê, mas aquela ligação não fortalecia a nossa ligação. Só nos afastava.
Ligação: ato de ligar; união, junção de vários corpos entre si; comunicação, ato ou efeito de ligar.

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𝚝𝚑𝚎 𝚝𝚛𝚞𝚝𝚑 𝚘𝚏 𝚊𝚗 𝚘𝚋𝚜𝚎𝚜𝚜𝚎𝚍- 𝚁𝚒𝚌𝚑𝚊𝚛𝚍 𝚁𝚒𝚘𝚜
Фанфик𝑂 𝑞𝑢𝑒 𝑎𝑐𝑜𝑛𝑡𝑒𝑐𝑒 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑢𝑚 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠 𝑒𝑛𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜 𝑠𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎 𝑒𝑚 𝑢𝑚𝑎 𝑜𝑏𝑠𝑒𝑠𝑠𝑎̃𝑜 𝑎𝑟𝑟𝑒𝑏𝑎𝑡𝑎𝑑𝑜𝑟𝑎? 𝐶𝑎𝑑𝑎 𝑝𝑎𝑠𝑠𝑜 𝑠𝑒𝑢, 𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑒𝑐𝑖𝑠𝑎̃𝑜, 𝑝𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑎 𝑠𝑒𝑟 𝑚𝑜𝑙𝑑𝑎𝑑𝑎...