Capítulo 34

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-Gra... Grávida? Não! isso só pode ser um engano, eu não posso estar grávida! -Tentava segurar meu nervosismo
-Sinto muito... mas depois de alguns exames sua gravidez foi comprovada... -Falava encarando suas mãos, sua decepção era evidente- Como você foi deixar isso acontecer? -Se levantou- Poxa! você ainda é uma criança! tinha a vida toda pra viver! -Fazia gestos com os braços- mas agora... -Ele se sentou no sofá e levou suas mãos ao rosto
-Pai? eu... eu não sabia que isso iria acontecer... eu... -Meus olhos já estavam se enchendo de lágrimas, faltava pouco pra tudo desmoronar de vez
-Não sabia? -risos irônicos- Você se deitou com um rapaz, sem tomar nenhum tipo de cuidado e ainda pensou que não fosse engravidar?
-Me desculpa! -Minhas lágrimas vinheram com tudo ao meu rosto- Foi só uma vez e nós achamos que...
-Nós? -Me olhou desconfiado- por acaso foi com aquele "namoradinho" seu? -Olhei para outro lado, fechei meus olhos por um segundo, e senti o arrependimento tomar conta de mim- Bem que eu não tinha ido com a cara daquele rapaz! estava na cara que tudo o que ele queria era curtir com você!
-O Luan não é assim! -O defendi ainda chorando muito
-Não? então porque te largou sem nenhum motivo?
-Teve um motivo... -Abaixei a cabeça, já não conseguia mais encarar meu pai
-Isso não pode ficar assim... -Caminhou até a porta
-Aonde o senhor vai?
-Resolver esse problema... -Ele me olhou por um tempo, e vi uma lágrima correr pelo seu rosto, logo depois ele fechou a porta e saiu.
-O que eu fui fazer... -Me encostei com força no travesseiro. Eu não podia ter aquele bebê, sei que ele não tinha culpa nenhuma, mas eu era muito jovem, tinha uma longa vida pela frente, e eu não teria condições de cuidar dele. Minha mãe, como ela iria reagir quando descobrisse? ficaria desapontada como meu pai? tudo o que eu não queria era fazer isso com ela... E Luan? receberia bem essa notícia? fiquei durante um bom tempo olhando para cima, sem dúvidas nada fala mais alto do que o silêncio. Levei meu olhar para minha barriga, e fiquei pensando em como era possível ter um bebê ali dentro de mim, não conseguia ver nada, meu corpo não havia sofrido nenhuma mudança. Lentamente coloquei minha mão sobre ela, e imagens minhas e do Luan juntos naquele dia vinheram a minha mente, e depois de lembrar que a criança que estava ali dentro de mim, havia sido feita por nos dois, enquanto compartilhávamos de um amor tão bonito, até consegui soltar um sorriso, que não escondia o meu medo...

Algum tempo depois meu pai retornou ao meu quarto com um médico ao seu lado:
-Como está se sentindo? -O médico se aproximou
-Bem... só um pouco dolorida...
-Isso é normal... ao desmaiar e cair no chão você caiu de mal jeito, não é nada de mais... -Se virou indo até meu pai
-Doutor? eu vou ficar bem? -Vi que ele e meu pai se encararam, e depois de alguns segundo ele me respondeu
-Vai... vai sim... -Vi uma sombra de tristeza em seu olhar- Daqui a pouco as enfermeiras viram busca-la, espero que esteja ciente do que está prestes a fazer... -Conversava com meu pai
-Sim, eu estou...
-Como quiser... -O médico saiu e meu pai continuou no mesmo lugar, com as mãos nos bolsos da calça encarando o chão
-O... o que o senhor vai fazer? para onde vão me levar? -Perguntei confusa e assustada
-Você não vai ter esse filho... -Finalmente me encarou, parecia firme em sua escolha
-Espera ai! o senhor vai...
-Eu sei que é complicado, mas se fizermos um aborto agora vai resolver todo esse problema...
-Não! o senhor não pode fazer isso! é de mim que estamos falando!
-Por isso mesmo... é por você! -Alterou sua voz- não quero que perca as coisas boas da vida por um erro que pode ser corrigido...
-O senhor fala como se eu tivesse acabado com minha vida... -Baixei a cabeça
-Não é isso... mas você tem apenas 15 anos! como vai tomar conta desse bebê? como vai estudar? e se formar? só estou tentando te ajudar a concertar isso! afinal eu tenho um pouco de culpa também... talvez se tivesse ficado com sua mãe quando você nasceu, não estivéssemos passando por tudo isso agora...
-Pai, eu andei pensando e... eu quero ter esse bebê -Minha voz estava rouca- eu não sei o que vai acontecer, mas, é meu filho! e ele não teve culpa de nada, ele não pediu para vim a esse mundo... eu só lhe peço, por favor, me ajude a passar pelo caminho mais difícil... não me deixe sozinha agora, eu preciso do senhor! -No mesmo instante as enfermeiras entraram no quarto, me tiraram a força dali, como eu era de menor, meu pai podia escolher o que queria que fizessem comigo. Enquanto me rebatia, com esperanças de fugir daquelas 6 enfermeiras e salvar meu bebê, vi meu pai me observando do quarto, juntei minhas forças e fiz meu último apelo:
-Pai! por favor! -Minhas palavras seguiram até o fim daquele longo corredor, e ao se tocarem com o chão, fizeram um barulho estremecedor.

Elas me levaram para outro quarto, que ficava em uma outra parte do hospital, me deitaram na cama e amarrarão minhas mãos na beirada da cama para que eu não pudesse me soltar, aquilo estava sendo uma tortura.
De repente vi o médico entrar no quarto com uma seringa em suas mãos:
-Vou aplicar isto em você, e daqui alguns minutos se verá livre de tudo isso... não vai doer nadinha... -Ele veio se aproximando lentamente com aquela agulha enorme pra perto de mim
-Por favor, não... -Eu não tinha mais forças pra lutar contra aquilo, fechei meus olhos e fiquei esperando o pior
-PARE! -Meu pai entrou correndo no quarto- Cancele o procedimento...
-Mas senhor...
-Eu disse para cancelar a droga do procedimento! -Ordenou e o médico se afastou com aquela seringa pra longe de mim
-Pai... -Minha voz saiu quase que em um sussurro
-Me desculpe filha... eu não queria te fazer sofrer, queria apenas te proteger, queria fazer o melhor por você! me perdoa? -Ele se posicionou na minha frente enquanto as enfermeiras soltavam minhas mãos
-Obrigada pai! -Quando finalmente estava livre lhe dei um grande abraço- Obrigada...
-Eu vou te ajudar a cuidar dessa criança, eu prometo... -Me abraçou de um jeito que nunca havia me abraçado antes, me senti mais protegida do que nunca naquele momento...

NARRADO PELO LUAN

-Lar doce lar... -Falei entrando em casa com Anderson, havia acabado de chegar a Campo Grande
-Luan! é você mesmo querido? -Minha mãe me abraçou- Como foram os shows?
-Claro que sou eu Mamusca! kkk foram ótimos! melhor impossível!
-Obrigada por ter cuidado do meu bebezinho Anderson... -O agradeceu
-Que isso Dona Marizete! kk ele se comportou muito bem!
-Cadê o pai e a Piroca?
-Estão ali na cozinha almoçando... aceita almoçar conosco Anderson?
-Já que a senhora me convidou! kkkk
-Cê vai amar a comida da minha mãe! kk -Fomos para a cozinha, cumprimentei meu pai e minha irmã, minha mãe havia feito um franguinho com pequi, que ela sabia que eu amava! 3 dias longe deles me deixaram morrendo de saudades, colocamos o papo em dia e depois fomos para a sala:
-Já volto pessoal... -Caminhei até a porta
-Aonde o senhorzinho pensa que vai? -Minha mãe perguntou
-Concertar a maios burrada que já fiz até hoje na minha vida... -Sorri para ela e segui para a casa de Natalia. Me posicionei em frente a porta e bati, se ela abrisse aquela porta a receberia com um beijo que lhe tiraria o fôlego, estava morrendo de saudades da minha menina
-Luan? -Sua mãe atendeu a porta
-Oie Dona Eliane... a Natalia está? -Vi que ela encarou o chão
-Você não sabe?
-Sabe o que? -Perguntei sem intender
-Entre... tenho que te contar uma coisa... -Entrei e me sentei ao seu lado no sofá, olhei para a cozinha e para as escadas, estava fazendo o maior silêncio, ela parecia estar sozinha ali:
-Ela não quer falar comigo? -Perguntei por fim
-Não é isso Luan... é que a Natalia não está mais morando comigo...
-Como assim? mas aonde ela está?
-Ela foi com o pai passar uma temporada em Portugal...
-Portugal? o que? mas porque? -Me levantei mais confuso ainda- Foi por minha causa não foi? -Faltava pouco para minhas lágrimas caírem
-Foi uma escolha dela Luan, eu sinto muito...
-Eu sou um idiota mesmo! -A encarei uma última vez já com as lágrimas correndo pelo meu rosto, sai de lá o mais rápido possível, entrei correndo dentro de casa e fui direto pro meu quarto, sem que desse tempo de alguém perguntar qualquer coisa. Agora tudo estava perdido de vez...

E Eu Sempre Amarei Você...Where stories live. Discover now