Capítulo 61

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Aroldo pareceu procurar as palavras certas e logo em seguida disse as palavras mais dolorosas que já ouvi em minha vida:
-Estou deixando o caso, nós não conseguimos encontrar seu filho... Eu sinto muito -O olhei com os olhos cheios de lágrimas, aquilo não podia ser verdade
-NÃO! -Me levantei em um impulso- VOCÊ NÃO PODE DESISTIR AGORA! SEI QUE COM MAIS TEMPO VOCÊ PODE ENCONTRA-LO!
-Eu não queria que tudo terminasse assim, mas sem nenhuma pista fica quase impossível encontra-lo... não fazemos nem ideia de qual estado ou cidade ele possa estar ou se está realmente aqui no Brasil... -Encarou suas mãos- Não posso continuar com isso...
-POR FAVOR AROLDO! É DO MEU FILHO QUE ESTAMOS FALANDO!
-Gostaria muito de ajuda-la, mas já estamos a 2 meses procurando por pistas e nada! fizemos tudo que estava ao nosso alcance -Olhei para Luan que parecia estar em choque, preso em um lugar só seu
-Tem certeza que não pode fazer mais nada? -O encarei com uma última pontinha de esperança. Ele negou com a cabeça
-Sei o que vocês estão passando, mas... tudo isso já fugiu do meu alcance, não posso mais ajuda-los... -Se levantou- Eu... eu realmente sinto muito...
-Obrigada... obrigada por ter tentado encontrar nosso filho até o último segundo...
-Não desistiria até ter certeza de que não pudesse fazer mais nada... -O levei até a porta, quando a fechei, já me virei chorando, eu estava destruída
-DROGA! -Luan falou dando um murro na parede, e logo depois saindo da sala, me deixando sozinha.
Me encostei na porta e fui deslizando até me sentar no chão, uma parte de mim havia acabado de morrer ali...

Depois de ficar minutos ali no chão, chorando, resolvi procurar Luan, sabia que ele também não estaria nada bem.
Procurei em todos os cantos, mas não o encontrei. Só faltava um lugar, um pequeno estúdio que ele havia organizado em um dos quartos da chácara, fui até lá.
Quando abri a porta o vi encostado na mesa com um garrafa de whiski do lado -Esta que já estava pela metade:

-Luan? -Chamei seu nome em um sussurro. Ele rapidamente passou uma de suas mãos no rosto, como se secasse algumas lágrimas-Não deveria ter vindo até aqui pra me ver assim... -Respondeu sem me olhar-Assim como? -Dei mais um passo até ele-Eu preciso ficar sozinho... -Se esquivou da minha pergunta-Não vou te deixar aqui... não desse jeito... -Falei colocando minha mão sobre seu ombro, e a deslizando lentamente por suas costas, como se tentasse consola-lo -Já te causei tanta dor... -Podia sentir sua angústia-Pela milésima vez Luan, você não teve culpa de nada o que aconteceu, armaram pra nós! -Ele então se virou me encarando-Então porque eu me sinto tão culpado? -Sem responder nada o abracei-Não deveria... -Sussurrei- Sei como está se sentindo Lu... -Depois de tanto resistir ele finalmente se entregou ao seus sentimentos-Eu não consigo mais Natalia, não dá! -Chorava em meu ombro- Eu tentei ser forte, juro que tentei! você estava fraca, precisava de alguém pra te ajudar a continuar e eu tentei dar o meu melhor pra isso! mas agora... sabendo que nunca vamos encontrar nosso filho eu... -Sua dor refletia a minha- eu sinto como se tudo que tivesse feito tivesse sido pouco...-Não diga isso Lu... -Acariciei seus cabelos- Você contratou um detetive, o que mais poderia ter feito? -Me afastei um pouco para poder olhar seu rosto- Eu sei, não vai ser fácil pra nenhum de nós dois de agora pra frente -Comecei a chorar junto com ele- sabendo que... que nunca vamos ter a chance de brincar com nosso filho, ver seu rostinho, de abraça-lo ou de... de simplesmente dizer o quanto o amamos... -Quando fui tomada pelas lágrimas foi a vez de Luan me abraçar-Me desculpe ter te deixado sozinha... fiquei sem saber o que fazer...-Tudo bem... -Me apertei a ele- mas ficar bêbado não vai ajudar nenhum de nós dois agora... -Ele virou a cabeça para olhar para a garrafa de whiski-Foi a última vez...-Posso te pedir uma coisa? -Falávamos soluçando-O que você quiser...-Você ainda é o único que pode me da forçar pra continuar, por favor, não me deixe sozinha, não agora...-Nunca meu anjo! nunca!Não sabíamos mais o que dizermos um ao outro, apenas precisávamos ficar em silêncio com nós mesmos. Luan se sentou em um pequeno sofá que havia ali no estúdio e eu me sentei em seu colo, ele laçou suas mãos em minha cintura, enquanto eu me segurava em seu pescoço, me encostei em seu ombro, e fiquei sentindo o ir e vim da sua respiração.Durante vários minutos fiquei me perguntando porque tudo aquilo estava acontecendo conosco, em como minha vida teria sido se Greyce não houvesse tirado meu pequeno anjinho de meus braços e principalmente em como eu e Luan o teríamos criado juntos, em meio a todos esses pensamentos, uma pequena lágrima rolou por meu rosto, me encostei na camisa de Luan para seca-la.Fiquei durante minutos olhando para seu rosto, estava sério e distante. Nós dois sofríamos, ele ainda mais por não ter vivido nenhuma experiência com o fato de que fosse se tornar pai. Mesmo sem ter culpa de nada, sabia que ele se julgava culpado por ter me deixado ir, por não ter acompanhado minha gravidez -Mesmo não fazendo ideia dela na época- e principalmente por não estar comigo na hora do parto, acho que ele tinha a ideia de que poderia ter evitado tudo o que estávamos passando agora.Já estava tarde, e eu comecei a sentir uma pequena bambeza, meus olhos não queriam mais se manter abertos, não os forcei, apenas coloquei uma de minhas mãos no peito de Luan e peguei no sono...NARRADO PELO LUANEstávamos em silêncio, mas de repente senti a respiração de Natalia ficar mais calma, seu corpo agora pesava mais sobre mim. Olhei para ela que dormia calmamente em meus braços, parecia tão frágil e indefesa, foi ali que me toquei de que ela estava certa, ela precisava de mim, assim como eu também precisava dela, para me manter firme e forte.Me levantei com jeitinho, com ela em meus braços, e caminhei na direção do nosso quarto, ambos precisávamos descansar.Com todo o cuidado do mundo a deitei na cama, a cobri e me deitei ao seu lado. Apoiado nos cotovelos fiquei a observando durante um longo tempo:-Você é tão perfeita... -Sussurrei baixinho acariciando seu rosto- Não poderia ter escolhido pessoa melhor para estar comigo... -Seu rosto tinha uma forma muito angelical- Prometo que não vou deixar mais nenhum mal acontecer á você... -Deslizava meus dedos por seus cabelos- Estarei aqui, ao seu lado, sempre que precisar de mim... Te vivo minha linda... -Dei um beijo em seu rosto e me aconcheguei ao seu lado, depois de tanto observa-la acabei adormecendo. Eu estava arrasado, e assim como ela, precisava descansar, para estar preparado para os novos dias que estavam por vim...

E Eu Sempre Amarei Você...Where stories live. Discover now