Capítulo 83

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Quando acordei já estava escuro. Olhei para os lados e não vi ninguém, eu estava deitada no banco de trás de um carro, foi ai que comecei a me lembrar da ligação, da Nicole, do sequestro... Eu tinha que fugir dali. Me levantei com dificuldade e olhei pela janela, para ver se havia alguém por perto, mas a minha frente, vi apenas um casa, que mais parecia um barracão, com suas luzes acesas e as sombras de alguns homens, deveriam estar todos ali.
Abri a porta do carro lentamente e desci, atrás de mim, havia uma vasta mata, talvez seguindo por ali encontrasse uma estrada, na qual poderia pedir ajuda. Fechei a porta do carro lentamente -Para não fazer barulho- e comecei a caminhar rapidamente, quando fui surpreendida:
-Aonde a gatinha pensa que vai? -Um dos bandidos segurou meu braço- Fique sabendo que daqui você não vai sair tão cedo! -Tentei me soltar, mas minhas tentativas foram em vão, ele era muito mais forte do que eu. Quando vi, ele já estava me arrastando para a tal casa- Olha só quem queria fugir! -Me empurrou pra perto dos outros homens, que estavam sentados em uma mesa bebendo e jogando, foi ai que notei que eles sempre estavam encapuzados, a pessoa por trás disso sabia o que estava fazendo:
-Leva ela pro quartinho e a tranque... -O que parecia ser o chefe ordenou
-Eu levo... -Um dos homens que estava sentado na mesa se levantou, veio até mim e agarrou meu braço com força:
-Bem vinda a sua suite princesa! -Me empurrou contra um colchão que havia no chão- É assim que seu maridinho te chama, não é?! -Se ajoelhou ao meu lado- EU TE FIZ UMA PERGUNTA! -Gritou me fazendo olhar para ele- Entendi, não quer envolver sua família nisso né?! será que eles já estão te procurando? você tem um filha, não tem? ela é linda como você? -Me provocava
-Não fale na minha filha seu cafajeste!
-Olhe lá como fala comigo! -Segurou meu pescoço- Acho que você está precisando aprender bons modos -Me olhou de cima a baixo- E eu adoraria te ensinar boas maneiras, como adoraria...
-Deixa ela em paz! -Um outro homem chegou no quarto- Se lembra do que o chefe disse, não lembra? ela é toda dele... -Ele soltou me pescoço
-O que vocês querem de mim? Quem é o chefe de vocês? é o Christian, não é? -Perguntava com dificuldade
-Logo você vai saber... Vamos... -Ele chamou o outro homem, e os dois saíram, corri até a porta, mas eles já á haviam trancado. Tentei encontrar alguma saída, havia uma janela, mas estava emperrada, me sentei novamente no colchão vencida, eu estava presa ali, até alguém me encontrar...

NARRADO EM 3ª PESSOA

Nicole havia assistido a tudo, viu sua mãe sendo levada por aqueles homens, e sabia que precisava telefonar para casa, mas ainda haviam alguns homens maus ali. Um deles abriu a porta do carro, e como em um extinto, ela se deitou no assoalho do banco de trás, sabia que precisava ficar quieta, tinha de ser forte se quisesse ajudar sua mãe, ela o viu pegando alguns papeis e documentos e quando esticou a mão para trás, para pegar a bolsa de sua mãe, ela quase soltou um grito, quase. Felizmente não abriram as portas de trás, não á viram. Mas ela permaneceu ali, deitada, quietinha, até que todos fossem embora. Quando isso aconteceu, já estava escurecendo. Se sentou no banco e pegou o celular, mas estava sem sinal. Como ainda era criança, teve medo de encarar o escuro. Vencida pelo cansaço, fechou os vidros, deixando apenas uma brechinha para ventilar, se deitou no banco e adormeceu, mesmo tremendo de medo...

NARRADO PELO ITTALO

Estava voltando para Londrina com Anderson, quando meu celular começou a tocar:
-Alô?
-Ittalo? é a Bruna... aonde você está?
-Oie tia! já estou chegando em casa com o Anderson...
-Você viu sua mãe e a Nicole?
-Não, porque? o que aconteceu? -Me ajeitei no banco preocupado
-Pensei que elas tivessem ido se encontrar com você...
-Tia, o que aconteceu? por favor, me fala...
-Ittalo, sua mãe foi buscar a Nicole no colégio, e até agora as duas não apareceram...
-Já tentou falar com ela? -Buscava alternativas
-Várias vezes, mas o celular parece que está fora de área
-Calma, já, já eu chego ai! -Contei tudo a Anderson, e ele foi o mais rápido que pode para que pudesse chegar em casa
-Ainda bem que você chegou Ittalo! -Me abraçou
-O que aconteceu tia? -Me sentei no sofá ao seu lado
-Foi o que te disse, ela saiu cedo com a Nick e até agora não chegou, estou preocupada...
-Calma, vai ficar tudo bem...
-Acho que a primeira coisa que devemos fazer é avisar as autoridades...
-Será que é sério assim Anderson?
-Vamos torcer que não, mas os policias podem nos ajudar e muito em uma hora como essas... vou ligar para eles...
-E eu vou ligar para meus pais, até agora eles ainda não sabem de nada... -Bruna se levantou indo até a cozinha. Em poucos minutos, meus avós e uma viatura da policia chegou a nossa casa. Minha tia contou toda a história mais de uma vez para eles, até chegarem a uma conclusão:
-Não queremos assustar vocês, mas quando pessoas somem durante horas, sem comunicar seu paradeiro ou manter contato, consideramos como um sequestro
-O que? você está dizendo que minha nora e minha neta foram sequestradas? -Minha avó Marizete começou a passar mal
-É uma hipótese que não pode ser descartada... Mas nesses casos, os bandidos geralmente ligam para pedir algum resgate...
-Isso só pode ser brincadeira... -Coloquei as mãos na cabeça derrotado
-Avisaremos todas as viaturas e também a todas as cidades vizinhas para que fiquem em alerta, se isso realmente aconteceu, eles não devem estar longe, o que lhes peço agora, é que mantenham a calma, nós vamos encontrá-las... -Meu avô acompanhou os policias até a porta, enquanto eu permanecia em choque sentado no sofá
-Já avisou Max e Eliane? -Ouvia enquanto minha vó falava com Bruna
-Não, e nem Lucas... Mas estou preocupada mesmo com Luan, ele vai morrer quando souber!
-Tia, avisa meus avós e meu tio... Eu falo com meu pai... -Me levantei indo até o corredor, peguei meu celular e disquei seu número...

NARRADO PELO LUAN

-Parabéns pelo show Luan! foi incrível! -A imprensa me parabenizava
-Que isso gente, eu que agradeço a presença de vocês...
-Luan, é o Ittalo, ele disse que é importante... -Rober me entregou meu celular
-Só um minuto gente... -Fui para um canto mais calmo- Fala filhão! tudo bem?
-Pai... não tá nada bem... preciso que venha pra casa...
-Por que? o que aconteceu? cadê sua mãe? deixa eu falar com ela...
-Pai... ela não está aqui...
-Aonde ela está?
-Vem pra cá, por favor...
-Ittalo, o que está acontecendo? cadê sua mãe? -Ele permaneceu em silêncio- Ittalo?
-Pai, preciso que seja forte, como eu estou tentando ser, a mãe foi sequestrada...
-O QUE? QUANDO? -Estava desesperado e todos os repórteres me olhavam assustados
-Não dá pra falar assim, vem pra casa e logo! precisamos do senhor aqui...
-Eu já chego ai meu filho!
-O que aconteceu Luan? -Rober se aproximou
-Testa, preciso que você deixe o Bicuço pronto pra mim, tô voltando pra Londrina...

Fui "voando" para o aeroporto, abandonei coletiva... abandonei tudo, eu precisava chegar em casa, a viajem durou apenas algumas horas. Cheguei em casa já de madrugada, e quando abri a porta, dei de cara com todos sentados no sofá, meus pais, os pais de Natalia, Lucas e Bruna também estavam ali, aparentemente abalados. Todos ficaram me olhando e então Ittalo se levantou para me receber:
-Pai?
-Como isso foi acontecer?
-Eu sinto muito pai... -Ittalo me abraçou e eu soltei minhas malas no chão me entregando ao seu abraço
-Cadê a Nick? -Perguntei com a garganta apertada, encarando todos
-Pi, ela estava com a Nati quando tudo aconteceu... -Bruna disse cabisbaixa
-Não, não, não... -Me encostei na parede chorando muito- Isso não podia ter acontecido! eu sempre disse pra ela tomar cuidado, eu disse!
-Calma Luan, você está nervoso cara! -Lucas tentava me acalmar
-E você quer que eu fique como Lucas? é da minha filha e da minha mulher que a gente tá falando! não dá pra ficar calmo! elas podem estar na mão de qualquer marginal uma hora dessas! e se acontecer alguma coisa com elas, eu juro que mato esse desgraçado, eu juro! -Peguei meu carro e sai, não dava pra ficar ali, em nossa casa, tudo me fazia lembrar dela. Parei o carro perto do lago e me sentei no banco de frente com ele, a principio apenas o observando e pensava em um trilhão de coisas, mas o que eu mais queria mesmo, era saber como minha princesa e minha rainha estavam, mas em um momento, ficou impossível de segurar as lágrimas, chorei feito criança, de uma maneira que nunca havia chorado antes, se algo de ruim acontecesse com elas, eu não me perdoaria nunca. De repente meu celular tocou, atendi pensando que fosse minha mãe, afinal, havia saído doido de casa, deixando todos preocupados:
-Alô?
-Se divertindo Luan? -Uma voz que não conhecia dizia do outro lado da linha
-Quem é você? o que quer com elas? -Sabia que era o sequestrador
-Tem bebido? cuidado pra não cair dentro do lago e se afogar... -Ele estava ali no condomínio, em algum lugar, me levantei tentando encontra-lo
-Aonde você está? seja homem e apareça!
-Não acho que seja uma boa ideia...
-O que você quer afinal? grana? porque se for eu tenho muita! você só tem que solta-las!
-Na hora certa você vai saber...
-Covarde! se você encostar um dedo nelas eu acabo com sua raça, está ouvindo? eu te mato! -Não deu pra falar mais nada, ele havia desligado...

E Eu Sempre Amarei Você...Onde as histórias ganham vida. Descobre agora