Capítulo 06 - Até quando você me deixa ficar?

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– O que você está fazendo aqui? – Indago, ainda assustada. Meu coração bate descompassado e minhas mãos suam levemente, apesar do frio. Ficamos apenas nós dois ali, olhando um para o outro. Sem saber o que fazer.

O Miguel está com frio, seu jeito encolhido e o nariz vermelho não escondem.

– Vou pegar uma manta. – Falo e subo para o quarto. Ele me segue. Não quero ficar no mesmo cômodo que ele, mas não posso expulsá-lo. Ligo o aquecedor e fecho a porta.

– Quando você chegou? – Pergunto novamente.

– Há algumas horas, a Rita abriu a porta e me deixou entrar. Mas ela subiu com a Flávia tem um tempo. Já estão dormindo. Liguei para você. Várias vezes. A Rita também, o que você fazia que não podia atender? E se fosse um problema com a nossa filha? – Ele usa um tom recriminatório que me incomoda.

Eu havia visto as chamadas do Miguel, mas decidi ignorar.

– Nem vem me cobrar! – Coloco logo o Miguel no lugar dele. – Não sou obrigada a te atender. Não sou obrigada a nada no que diz respeito a você. A sua insistência fez com que o celular descarregasse. E caso acontecesse algo com a Flávia, a Rita sabe pegar um táxi e ir para o hospital. De qualquer forma, não demorei.

– E onde você estava tão arrumada? – Ele insiste.

– Não te interessa! – Me aborreço.

– Eu ainda sou seu marido! – Reclama se aproximando de mim.

– Judicialmente falando. Nós estamos separados.

– Você saiu de casa, não decidi e nem aceitei nada disso.

– Pois se acostume. E desembucha logo, o que você veio fazer aqui?

– O que mais eu poderia vir fazer? Tentar de novo. – O tom dele muda de indignação para apelo. – Precisei fazer alguma coisa, Helô. Você é a mulher da minha vida, não posso te deixar ir embora assim, sem pelo menos lutar.

– Lutar pelo quê? Pela vida infeliz que a gente levava? Você admitiu que não estava feliz, que não se sentia homem comigo.

– Já fomos felizes antes, e podemos voltar a ser.

– Não acredito mais nisso, Miguel. Só Deus sabe o quanto é horrível dizer essas palavras, mas é o que sinto agora.

– Só depende da gente, minha vida.

– Dependia de você ter sido fiel a mim. Como prometido. – Alfineto.

– Eu errei. Errei feio, sei disso. Mas não vou mais errar.

– Não acredito em você.

– A gente se ama... Como vamos ficar separados?

– Vamos descobrir isso agora. E amor acaba. Morre assassinado por traição. Argh, me dá nojo só de falar. Só de imaginar.

– Esquece isso. Por favor.

– Nunca vou esquecer. Não adianta. Olho para você e é só isso que eu vejo, um traidor.

– O seu pai disse que você não vai entrar com o divórcio agora. Isso é um sinal de que você não tem certeza... Deixa eu tentar te reconquistar?

– Isso é um sinal de que não tenho tempo agora, e também para tranquilizar meus pais. Mas você ainda não é completamente livre. Não ouse levar aquela mulherzinha ou qualquer outra vadia para dentro da minha casa.

Confissões de HeloísaWhere stories live. Discover now