CECÍLIA
Domingo é dia de acordar tarde, mas eu não consegui. Levantei cedo e fui para a academia matar mais um leão.
O treino é extremamente pesado, eu fico morta, mas parece que meu corpo está acostumando.
Ao voltar para casa, eis a surpresa: um buquê. Peguei as flores na portaria e subi para meu apartamento.
“Ótimo dia, Lila. Queria tanto te ver hoje, mas tenho jogo e daqui a pouco vou para o CT. Beijos! Berlim e eu estamos com saudades.” – dizia o cartão do Joah.
Se ele soubesse que talvez a gente se veja hoje...
“Bom dia, Joah. Bom jogo. Também estou com saudades de vocês.” – respondi.
Como é difícil desejar bom jogo pra ele, mas ao mesmo tempo querer que o time dele jogue bem mal.
Eu só não quero que ele se machuque ou seja hostilizado pela torcida por alguma jogada errada, mas o resto, que ele me perdoe, quero que o time vá de mal a pior.
Eu sou são paulina e faz parte do manual odiar os rivais. Só que o problema surge quando esse rival te faz bem, te elogia, te dá prazer, é atencioso, carinhoso e tem um cachorro extremamente fofo.
Ah, Joaquín, você é meu desvio de caráter.
Fiquei pensando no uruguaio e com isso esqueci que precisava de um banho para tirar o suor.
Guardei minhas flores e fui tomar banho. Engraçado que as coisas mudam quando a gente está disposto a mudar.
A terapia foi a melhor coisa que eu fiz na vida. Viver sem medo de viver é a melhor coisa que tem.
Com toda certeza, a Cecília de antes da terapia não faria nada disso. Ou às vezes até faria, mas pensando no pior.
Falando em terapia, lembrei da Lia e depois vou mandar uma mensagem pra ela.
Tomei banho, vesti uma roupa confortável, pois vou ficar o dia todo em casa e mandei a mensagem para minha amiga.
“Bom dia, Lia. Que horas você passa aqui pra irmos para o Allianz?” – digitei e enviei.
Depois disso, fui para cozinha procurar algo para comer. Fiz uma vitamina de banana com leite e adoçada com mel.
Lavei os itens que sujei e fui escolher uma roupa para usar no estádio hoje. Não pode ser nada que lembre o time rival, tem que ser algo neutro.
Fucei meu armário inteiro e por fim, fui no básico. Calça preta, uma t-shirt rosa e um tênis também preto. Separei uma jaqueta porque São Paulo tem um tempo muito louco, então é melhor andar prevenida.
Como tinha tempo, deitei e tentei dormir mais um pouco.
[...]
Não sabia que tinha tanto sono acumulado. Acordei depois do meio-dia, peguei o celular e tinham mensagens da Lia e do Joah.
“Oi, amiga. Eu passo aí às 15h.” – dizia a mensagem da Lia.
Olhei no relógio, 13h30. Tinha duas horas para me arrumar e almoçar, mas antes, respondi a mensagem do lateral, que mandou uma foto me zoando.