| Why do you leave? |

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Assim que chegámos a casa de Harry, ele surpreende-se pelo pai estar a pousar uma mala preta que tinha nas mãos e um sorriso rasgado na cara.

- Olá Harry! - ele sorri e abraça o filho e apesar de Harry retribuir, vejo a cara de reprovação dele.

- Olá pai. - ele diz aborrecido - Porque estás em casa a esta hora?

- A tua mãe chega daqui a minutos, vêm trazê-la a casa e ... Olá! Como te chamas? - o homem baixo de cabelo grisalho pergunta encarando-me.

Como assim a mãe dele está a chegar? Será que ele também é lunático, já estou farta de problemas mentais.

- O meu nome é Ellen, sou colega de turma do Harry.

Ouço o Harry tossir compulsivamente e dá-me vontade de rir dele. No entanto permaneço calada.

- Harry, vai até à sala que lá tem uma taça cheia de rebuçados da tosse meu filho.

Okay, tal pai, tal filho. E eu que me estou aqui a conter de riso.

- Não pai, eu estou bem. - Harry responde e enfia as mãos nos bolsos - Bem, já que aqui estámos, posso saber do Edward, pai?

- Ele deve estar no teu quarto a jogar consola e a comer batatas fritas como de costume. Não sei quanto tempo mais isto vai durar, já não o posso...

- Só mais uns dias pai, ele disse que iria arranjar uma casa, e se ele não a arranjar eu arranjo. - ele firma as palavras - Agora vou com a Ellen e aproveito e apresento-lhe o Edward. - ele passa uma das suas mãos por entre os caracóis e agarra a minha mão com a outra.

- Okay, divirtam-se, vou estar por aqui já que a Anne deve estar prestes a chegar.

- Claro pai, claro.

Assim que Harry começa a subir as escadas até ao quarto eu repreendo-o a meio e puxo-lhe um braço.

- Como assim a tua mãe está a chegar?

- Desculpa Ellen, mas não te quis maçar com os problemas mentais dela. - ele volta a puxar-me pelas escadas acima mas eu puxo-o de volta.

- Não achas que estás a tempo da verdade?

- Depois... - ele rebola os olhos

- Eu quero-a agora! - eu bato um pé e cruzo os braços à espera.

- Ouve, a minha mãe tem uma doença mental, está a ser tratada, tem cuidados intensivos, básicamente ela nunca está em casa. Se pensasses que ela não existia não me chateavas com perguntas! - ele suspira - Como é o teu costume...

- Eu só acho que merecia a verdade Harry, descansa que não te pergunto nada, estou demasiado nervosa neste momento.

Harry sorri e olha para uma porta que eu penso que seja a porta do quarto dele, onde se encontra o Edward.

- Eu nem sei como o ei de encarar.... - eu encaro o chão e Harry levanta a minha cabeça pelo queixo.

- Entrámos os dois okay? Eu vou lá estar.

- Okay. - suspiro uma última vez antes de entrarmos.

Ele abre a porta e eu mantenho-me atrás de Harry e de repente ouço uma voz estridente aos berros.

- Eu ganhei, olha que jogada Harry! - ele aponta o comando para a TV.

Harry limita-se a sair da minha frente, descobrindo o meu corpo e Edward encara-me de queixo caído e eu limito-me a agarrar o braço de Harry calmamente.

Eu não sei o que é o que o Harry vai dizer mas pela cara dele, vai querer brincar.

- Edward, apresento-te a minha nova namorada. - aperta a mão de Edward num comprimento e eu nem reajo.

O Edward engole em seco e limita-se a levantar-se e a mover-se até ao puff em frente à televisão, ele senta-se e Harry desliga-lhe a corrente da consola.

Edward encara-nos mais uma vez e eu ganho finalmente coragem para o encarar com a verdade.

- Eu nunca pensei que fosses capaz disto. - eu digo calmamente.

- Vocês vieram aqui gozar com a minha cara? - ele diz furioso - Foi isso Harry?

- Querido, a única pessoa que está mal aqui és tu Edward, vai-se sentar-te e explicar o que se passou? Ou queres que te ponha já fora desta casa? - Harry levanta-se da cama e enfrenta-o - Escolhe.

- Sou o teu melhor amigo Harry, não me podes fazer isto! - ele interfere no meio de um riso.

- Posso sim. - Harry exalta-se e vejo-o cerrar os punhos.

- Podem parar com isso? - eu encosto cada mão das minhas no peito de cada um, ficando a meio.

Eu encosto as minhas próprias costas ao peito de Harry e sinto-o acalmar-se quando um suspiro percorre o cimo da minha cabeça.

- Edward podes ao menos explicar-me o que se passa aqui? E o que se passou por favor? Eu não te peço que me ames, mas acho que mereço uma explicação por tudo isto... - eu aponto para tudo.

Aponto a consola, as batatas fritas e a comida espalhada pelo quarto, o Harry, eu e a nossa relação que em tempos valeu-me de muito. Que valeu a minha vida. Eu era capaz de tudo por ele e ele simplesmente decidiu armar-se em falso comigo e mentir-me sobre tudo.

- Eu explico se depois disto te fores embora. - ele diz quase aos gritos.

O Harry remexe-se atrás de mim e acaba por soltar algumas palavras por cima da minha cabeça ao mesmo tempo que embrulha os braços em volta do meu corpo.

- Ela não vai a lado nenhum, esta casa pertence-me, e se não houver uma explicação para tudo isto, quem vai sair já a seguir és tu Edward! - ele exalta-se.

- Edward, se explicares, eu vou-me embora okay? - eu agarro os punhos cerrados do Harry atrás de mim - Só quero saber o que se passou contigo, uma vez que tives-te de fazer semelhante para te livrares de mim.


OUR DEMONS : hs (disponível também em livro)Onde histórias criam vida. Descubra agora