| Cook |

1.8K 151 19
                                    

- ... e livrai-nos do mal, amén. - ouço Liam na parte de trás do carro junto de Ellen e a minha cabeça abana negativamente ao mesmo tempo que as minhas mãos estão presas no volante.

Sentia que aquele pequeno susto teria durado cerca de um dia, chegáramos a casa tarde e sinceramente eu percisava mesmo de saber qual a razão pela qual Liam teria entrado naquele grupo. Ele quereria ajudar uma alma solitária como a de Edward?

- Ela acordou! - ouço Liam da parte de trás.

- Liam? - ela questiona com a cabeça pousada sobre as pernas de Liam. - O que é que eu estou aqui a fazer?

- Vamos para casa preparar o jantar amor, o Liam janta connosco. - digo-lhe normalmente.

- Mas o que se está a passar? - ela diz preocupada. - Dói-me os miolos. - sussurra.

- Também me dói os meus! - digo e troco a mudança, estacionando.

- Dói-me a barriga, na verdade. - Liam diz.

Dou uma gargalhada enquanto me foco no espelho para que o carro seja perfeitamente estacionado.

- Mas que dia de merda, nem se quer pude estudar! - Ellen diz.

- Não te preocupes. O curso acaba em breve e começámos logo a estagiar. Penso que para a próxima semana já estaremos a estagiar. - digo-lhe retirando-lhe a preocupação de cima.

- Ótimo, preciso de fazer algo que me ocupe tempo.

- Deus vos abençoe para que tenham boa sorte. - Liam diz e agradeçe-mos.

Saímos do carro e ajudo Ellen a apoiar-se em mim, ela ainda se encontra frágil devido ao dia que passou hoje.

Assim que chegámos à porta de casa observo o pai de Alaska com as mãos sobre os ombros da pequena Alaska. Agarro Ellen ao meu colo e peço a Liam que abra a porta da frente, ele acente e abre a porta cedendo-nos passagem e eu convido Alaska e o pai a entrarem. Pouso Ellen sobre o sofá da sala de sua casa e encaro os três convidados.

- Bem, eu não tenho muito jeito na cozinha, mas posso tentar fazer algo para os cinco. - eu ofereço-me um pouco perdido.

- Eu sei fazer um bife que é de comer e chorar por mais, só tenho de ir ao talho e volto já. - Liam diz.

- Eu e a Alaska podemos fritar umas batatas, sim amor? - o pai de Alaska diz e Alaska acente com um sorriso no rosto.

- As batatas estão na dispensa, eu mostro-vos e depois eu faço o arroz. - digo e dirijo-me à dispensa com Alaska e o pai enquanto ouço a porta da frente ser fechada por Liam.

Cada um de nós ofereceu-se para o jantar e cada um cumpriu o que tínhamos planeado a inicío.

Enquanto esperava o arroz, limpei as mãos e dirigi-me ao pé de Ellen que estava deitada sobre o sofá na sala. Estava a mover os dedos sobre a testa, parecia estar com dores de cabeça.

Aproximei-me dela e puxei os cabelos para longe da sua face para que a pudesse encarar.

- Estás bem? - questiono-a.

- Eu acho que sim. - ela diz e consegue agora levantar a cabeça até mim encostando agora as suas costas ao sofá. - Aqueles idiotas abusaram de nós, como saímos dali?

- Vai ser dificil tu acreditares, a começar com o facto de não saberes que o Liam é padre. - digo-lhe embora a sua àrea fosse duvidosa para esse cargo.

- A sério? - ela diz - Estava a pensar saltar-lhe em cima um dia destes, já não vou poder. - ela suspira e eu faço-lhe cócegas ao de leve.

- Harry! - ri-se.

- Não queres ir cumprimentar a Alaska? Ela está a fazer o jantar com o pai. - digo.

- O quê? - ela surpreende-se - Tu obrigaste-os? - ela diz.

- Sua estúpida, claro que não! - defendo-me - Eu fiz o arroz, eles estão a fritar batatas e o Liam está com o bife. - rio-me.

Observo um sorriso formar-se na sua face. Ainda um pouco a custo ela levanta-se e eu aproximo-me dela.

- Esse avental Harry, está a deixar-me excitada, sinceramente. - ela diz e eu sinto-me corar enquanto rio.

Abro uma mão até ela à espera que ela a aperte mas ela limita-se a encarar-me a mão.

- Ellen? - questiono.

- Para que é que eu quero isso? - ela diz, fazendo-me rir.

- Para te segurares idiota. - digo-lhe.

- Vai à merda, eu fiz 21 anos não 91! - ela diz e suspira.

- Só queria ajudar. - digo-lhe.

- Pois, mas não estás! - ela diz e eu fico na minha durante uns minutos.

Baixo os meus olhos ao chão embaraçado com a atitude dela perante a minha e ao fim de uns segundos ela pousa as mãos, uma de cada lado da minha face puxando-a para si.

- Ajudavas mais com um beijo, mas és tão incompetente que eu tenho de fazer tudo. - ela diz ao mesmo tempo que se ri e junta os seus lábios aos meus.

Naquele momento em que eu estava preso na cadeira em casa do Edward eu pensei por momentos que eu não poderia fazer mais nada. Que estava condenado a ficar sem a vida e tive muito medo de perder Ellen. Senti o medo dela, de me perder de igual modo, mas acho que não era tão intenso quanto o meu. O meu peito ardia e os meus olhos fechados suportavam a luz que incidia diretamente sobre mim. Quando a ouvi e cheguei a sentir-la ferrar-me, eu sabia que ela ali estava e o meu coração acelerou.

Quando nos levaram para a sala e Edward passava as suas mãos sobre ela eu pude sentir o que era a dor de terem uma coisa nossa nas suas mãos quando não podemos fazer nada e sem dúvida que me deixou de rastos ser obrigado a assistir àquilo.

Só quando vi Liam é que me apercebi que nada estava perdido e que a vingança iria finalmente ser feita e a justiça iria impôr-se de uma vez. Edward não vai voltar, tudo o que Ellen tem de suportar é a cunhada ninfomaníaca e o namorado passado dos carretos.

Quando os nossos lábios se separam finalmente, eu observo os olhos de Ellen, sei que ela irá ter esse gosto para me suportar, durante muitos anos. Só achei que uma coisa estava errada ali e quando me lembrei, quase me dava alguma coisa.

- O arroz Ellen! - deito as mãos à cabeça.

Ouço o riso dela inundar a sala enquanto corro até à panela que entornava água sobre o fogão.

OUR DEMONS : hs (disponível também em livro)Where stories live. Discover now