A máscara.

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Pov Rodrigo.

Ah que maravilha! Minha irmã e meus dois melhores amigos sumiram!

Com a cabeça quente saio da sala furioso e vou ao jardim. Encosto numa árvore. Flexiono meus joelhos e apoio meus braços neles. Olho para o nada, tentando relaxar.

Muita coisa começa a passar pela minha cabeça.

E se eu não ver eles nunca mais? Seria esse o fim deles? Eles merecem mais do que desaparecer num buraco negro. Tinham tantas coisas para viver... saber...Será que estão bem? E Manu? Como será que ela está? Será que esse mesmo homem que os sugou está com Manu? Será que os quatro então sendo torturados? Será que Manu foi obrigada a falar da Legião e um psicopata vai nos capturar ? Voltarei a ve-los?

Eram tantas interrogações na mente que nem percebi quando a silhueta de um corpo foi se aproximando. Era a menina que viera falar comigo na hora do almoço e que acabara me dando um beijo.

- Amore, o que foi?- disse com a voz sedutora.

- Nada.- pensei que era a melhor resposta. Pelo o menos não teria que explicar os motivos que teria para estar triste.

- Não é o que parece. Diz pra mim, amore. Sabe que pode- sua voz rouca era quase irresistível. Me mantive imóvel,  com os músculos rígidos.- Amor, o que está acontecendo?

Devagar ela pegou na minha mão e fez carinhos com o polegar. Contei tudo. Os motivos, causas, o que passava dentro de mim, a saudade. Mas deixei privada de saber de Manu. Imagine, sua ficante sabendo do único amor que sentiu? Decidi ficar calado quanto a isso.

A menina seguia com as carícias, e quando me dei conta, estava deitado com a cabeça apoiada na perna dela e ela fazendo me carinho.

Ficamos parados. Apenas olhando para o céu.

Até que Angélica veio e perguntou se podia me roubar por um instante.

Envergonhada ,Luísa , se afastou de mim me deu um beijo na bochecha e saiu.

Fui puxado pela menina de cabelos coloridos verdes até o Tomaz e a Ana.

Eles estavam conversando e rindo, como amigos. Meu casal preferido.

- Porque me chamaram?- perguntei aos pombinhos.

- Vamos ao mundo trouxa comprar armas e munição. Vem conosco ou acha que vai perder sua peguete?

- Ha ha ha, a Luísa não é minha peguete!

- Ah tá.  Não deve ser mesmo. Veremos esse discurso daqui uma semana.- Ana falou com certeza

- Que bom que compreende- insisti na idéia, querendo me convencer.

- Mas o que aconteceu com aquele Rod, cuja maior teoria é "pegar e não de apegar"? Ou será que era "não pegue um, pegue todos"? Aquele que não ligava pra nada nem ninguém-ele fez uma pausa- O que aconteceu com aquele Rodrigo de 3 anos atrás? Aquele lá que era completo e tal?  - Tomaz retruca franzindo a sobrancelha.

Sinto uma angústia na minha barriga.Uma sensação ruim. De falta. Saudade. Arrependimento. E então minha mente fez o aue faz em todas aue situações. Ligou uma coisa com Manu.

"Aquele Rodrigo Malfoy que pegava todas morreu, junto com Manu. Morreu na noite que deixou ela caída na rua sendo puxada por homens de branco e clamando por ajuda. Pela minha ajuda", pensei. A culpa tomou conta de mim.

- Ele continua aqui.- falei lutando contra o mal estar.

- Sei. Ele deve estar tentando se preencher.- Tomaz sussurrou.

- Então vamos!! Vamos logo!- Angélica apressa.

XXX

Chegamos na loja e já era tarde da noite. Da madrugada.

Compramos o que precisávamos e ao sair, vi uma figura no fim da rua.

Senti uma ponta de esperança crescer em mim.

Era Manu. Tenho certeza.

Chamei minha vassoura. Eu falei de minha suspeita para os colegas e Tomaz veio comigo atrás dela.

Ela olhou para trás e nos viu numa vassoura. Saiu correndo. Fomos atrás dela.

Sentia o vento passando por entre meus dedos, bagunçando meus cabelos. Nunca voei como esta noite.

Minha vontade é maior que eu. Me sinto pleno sabendo que ela está bem.

De alguma maneira, ela estava bem a frente de nós dois. Entramos numa rua sem saída, bloqueada por um prédio. Pegamos você, penso animado.

Mas não. Mulher não pode nos deixar ser feliz. Ela escalou o prédio. Tipo, ISSO SÓ ACONTECE EM FILME! Tive vontade de gritar "FACILITA MINHA QUERIDA"

Fizemos um desvio perigoso de direção. Podíamos ter morrido!

- Se morrermos por causa de sua suspeita, eu mato você!- Tomaz falou e eu tive uma sensação estranha de dejavu.

Continuamos persenguindo. Deixei ela escapar uma vez, só uma. Não vou desistir. Lembrei de uma antiga música, mas a deixei no fundo do meu peito pois queria ouvir minha irmã canta-la junto com Manu, Guga e eu. Assim como na primeira vez que ouvi.

Peguei as lembranças de Manu e continuei firme na vassoura. Ela ia pulando de casa em casa, prédio em prédio, até que as construções acabaram. Havia apenas um abismo e um lago. Pensei que ela pararia mas ela pulou.

- NÃO! - gritei, pensando que havia morrido.

Alguns segundos depois ela subiu e estava montada num Dragão vermelho comprido, com escamas arrepiadas, uma calda longa com espinhos grossos e aparentemente duros pelo seu desenho de coluna vertebral, tinha duas barbichas chinesas na altura do focinho, enormes dentes e olhos amarelos.

Tomaz gritou algo para mim. Mas eu não ouvi. Continuei voando.

Não muito tempo depois , estávamos sobrevoando um lago.

A menina virou de frente para mim e começou a me jogar água, fogo, terra e ,por seus movimentos, rajadas de vento. Então eu entendi.

Percebi que ela usava uma máscara com as cores do Dragão, usava um capuz preto e tinha poderes.

Aquela não era Manu.

Ela sempre teve orgulho de seus cabelos, nunca escondia a cara e não tinha poderes. Além de que nunca atacaria nenhum de seus amigos.

Nesse pensamentos ela fez um movimento com as mãos e um vento forte me jogou para trás e eu cai na água.

Estava gelada e desagradável. Estava tudo calmo, simples, normal, solitário e frio debaixo d'agua. Percebi que não era só ali.

Parei para me examinar por dentro.

Eu estava como a água. Parada, solitária e fria. Sei que um dia já houve vida ali, e também já teve vida no meu coração. Sei que aquela água já foi quente, e eu também, no primeiro caso era por causa da vida ali, e no meu caso quem levava o calor era Manu. Pensei que ela sempre estaria lá para mim. Ela me avisou, e eu....sempre a desprezei.

Agora ela estava no mínimo morta.

E ela morreu com o coração machucado.

Quero somente uma chance. De recomeçar, de mostrar que eu posso fazer ela feliz. De fazer que ela sorria mais uma vez. De não magoa-la e dar conforto. Ter ela nos braços e dar um abraço, dar um beijo e não largar.

Já estava sem ar, então subi me deparei com minha vassoura parada.

Subi e voltei aos meus amigos.

Eles perceberam as lágrimas, apesar da água do lago. Ficaram calados e caminhamos até Hogwarts novamente.

Mais uma noite se encerra.

Mais uma sem Manu.

Dramione, um novo começoWhere stories live. Discover now