Parte 6

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O sol radiante brilhava imponente no céu, dando indícios à Eduarda de que já era dia

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O sol radiante brilhava imponente no céu, dando indícios à Eduarda de que já era dia. Como uma tentativa sem êxito de ignorar o fato, pressionou o travesseiro contra o rosto, fechando os olhos com força, como se de algum modo aquela ação pudesse intervir na ordem natural da rotação. Cansada de tentar lutar contra o inevitável, levantou-se para enfrentar o dia, lembrando que o trabalho estava a sua espera. A ausência do cheiro de café emanando pela casa ao acordar lhe trouxe uma falta dolorosa de sua mãe, que já estava há meses sem vê-la. Desde que saiu de Redenção, lugar onde nasceu, para ir morar em Boa Viagem, a parte mais difícil da adaptação foi perder a boemia dos cuidados de sua mãe, dona Teresa. Sua decisão era meramente sobre estudar e melhorar sua perspectiva de vida, mas sempre que podia, não abria mão de viajar para encontrar seus pais, pois ainda que ranzinza, seu pai, Francisco, lhe trazia tanta saudade quanto Teresa.

***

Ao chegar em casa, após o cansaço do dia de trabalho, deitou-se um pouco para ler algumas páginas do seu livro de cabeceira, que no momento tinha uma temática voltada para inteligências emocionais, que apesar de não ter a menor intimidade com o tema, interessava-se ao fato de compreender melhor como organizar seus posicionamentos perante as emoções. Entretanto, no meio das divagações e leitura, o som da campainha toca interrompendo-a. Buscando em sua memória quem poderia ser, já que de imediato pensava não estar esperando ninguém, lembrou em um lapso que havia combinado com Rafaela na noite passada. Seus ombros pesaram diante do pensamento de que fazer sala à uma visita indesejada era mais enfadonho que o dia de trabalho que tivera. A campainha voltou a soar, agora mais impaciente que antes e Eduarda revirou os olhos sentindo-se ainda mais pressionada. Encarou-se no espelho e notou que suas roupas desleixadas evidenciavam que não lembrava que aguardava alguém. Sua camiseta que de tanto uso já estava gasta e fina, denunciava a procrastinação de minutos atrás. A calça de um pijama aleatório, escolhida de modo descombinado à blusa, revelava o quão precários eram seus dotes para montagem de looks despojados quando estava extremamente exausta. Entretanto, a impaciência da campainha não lhe dava tempo para vestir algo melhor, tudo que conseguiu fazer enquanto caminhava para abrir a porta foi reorganizar o emaranhado que estava seu cabelo. Compreendendo que seria deselegante fazer quem lhe esperava, esperar ainda mais, abriu a porta com um sorriso receptivo – e forçado na mesma proporção – pedindo que entrasse, enquanto sentia sobre si olhos admirados percorrendo de cima à baixo do seu corpo, desconfortando-a completamente, que naquele instante não sabia se o que chamava atenção era algo especifico em seu corpo ou sua péssima combinação de tons e tecidos. Seja o que fosse, resolveria o mais rápido, antes que as paranoias de sua cabeça ganhassem voz literal.

— Entre, sente-se, fique à vontade, por favor... Desculpa o mal jeito, é que cheguei há pouco do trabalho e nem vi as horas passando. Quando dei por conta a campainha já avisava sua chegada. Vou lá em cima me vestir adequadamente para te receber e já volto. – Era notório o desconserto pairando no ar de modo tão latente que quase poderia ser tocado.

1 - O preço de uma mentira [ ROMANCE LÉSBICO]Onde histórias criam vida. Descubra agora