Parte 11

12.5K 1.1K 54
                                    

A cabeça de Eduarda agia com inquietude, barrocada dos problemas cotidianos do jornal, e, além disso, não parava de pensar sobre o assunto que lhe esperava nas inquietações de Rafaela

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

A cabeça de Eduarda agia com inquietude, barrocada dos problemas cotidianos do jornal, e, além disso, não parava de pensar sobre o assunto que lhe esperava nas inquietações de Rafaela. Como se não bastasse, o encontro repentino com Clara pesou nos ombros de Eduarda, deixando-a ainda mais zonza com o fluxo dos acontecimentos. Com muito esforço conseguiu terminar o artigo e antes que a exaustão lhe tomasse por inteira, juntou forças para olhar o relógio e obter a certeza de que era o momento exato de voltar para sua casa. Pegou o aparelho telefônico e discou um número que seu celular já sabia acionar até sem comando. Não demorou até que recebesse a certeza de que Rafaela tão logo iria ao seu encontro. Eduarda não entendia ao certo, a razão não lhe parecia tão óbvia, mas a aproximação do momento de encontrar Rafaela estava fazendo-lhe temer. O caminho de volta para casa não foi tão costumeiro quanto era cotidianamente. Os chuviscos anunciando chuva eram atípicos naquela época do ano. O céu estava nublado e isso fazia Eduarda acreditar em maus presságios. Não queria encharcar-se, então adiantou os passos. Felizmente a chuva só iniciou quando Eduarda já estava no conforto de sua casa. Pensou consigo que talvez, com aquela chuva, Rafaela desistiria de ir até sua casa, pois as horas estavam passando e nem sinal dela. Contudo, contrariando seus pensamentos quase como se pudesse lê-los, ela bate à porta. Ao abrir, Eduarda se depara com a visão de alguém completamente encharcada, onde seus fios platinados funcionavam como uma espécie de filtro para a água que caía em gotas robustas. O maxilar de Rafaela dançava um ritmo entoado pelos dentes, que sentiam o impacto do frio causado pela chuva torrencial. Sem delongas, Eduarda pediu que Rafaela entrasse o mais rápido para fugir da chuva e se livrar das roupas molhadas, mas antes que Eduarda pudesse fechar a porta, um cachorro entrou porta adentro caminhando pela sala e sacudindo seus pelos para se livrar da água que cobria seu corpo; secou-se estilo canino, inundando todo o tapete da sala.

— O que raios um cachorro todo molhado está fazendo em meu tapete? — Eduarda indagou completamente surpresa e sem a menor paciência. Não é que ela fosse o tipo que odiava animais, é que ela amava muito mais a organização de seus cômodos intactos.

— É... que... eu... estava vindo até aqui e o vi no caminho, passando friagem, vagando sozinho... Meu coração doeu e minha consciência não me perdoaria se o deixasse lá, sem ninguém para protegê-lo. Por isso o trouxe. Juro que é só por esta noite, amanhã mesmo converso com o Gui para ver a possibilidade de mais um inquilino no apartamento. — Rafael abusou da capacidade de usar a consciência de Eduarda como uma armadilha para si mesma, fazendo um daqueles dramas que faz qualquer um se sentir um monstro só por pensar em dizer não.

— Está bem, por hoje ele pode ficar, mas se o cachorro ousar bagunçar a casa, você vai dar conta de organizar absolutamente tudo sem minha ajuda. Se essa é a sua escolha, as consequências dela também são de responsabilidade sua. — Rafaela abriu um sorriso tão cativante e vitorioso, que Eduarda só conseguiu ver por detrás dele o enorme coração que ela quase sempre fazia questão de esconder. Convenceu-se que só por aquele sorriso já valia "sim". — Agora vem? Vamos subir para o quarto? Você precisa tirar essas roupas molhadas e tomar um banho quentinho antes que pegue um belo de um resfriado. — A mão estendida por Eduarda, significava mais que um simples gesto de cuidado para Rafaela, era uma espécie de proteção significativa que ninguém antes lhe ousou oferecer.

1 - O preço de uma mentira [ ROMANCE LÉSBICO]Where stories live. Discover now