*06*

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Acordei a pouco tempo e ainda estou deitada em uma cama desconhecida, em um quarto com paredes cinza desconhecido e provavelmente na casa de algum desconhecido.
Desde que acordei ninguém entrou no quarto. Decido me levantar mas uma dor poderosa no braço me impede. Agora me lembro, eu estava na floresta de Pynnewing quando eu apaguei. O que eu ainda não entendo foi como cheguei aqui. Lembro de ver a silhueta de uma pessoa. Mais provavelmente um homem pelas formas.
Sou interropida de meus pensamentos ao ouvir o som da porta se abrindo. Me encolho no edredom como se isso fosse fazer alguma diferença. Aperto os olhos e cruzo os dedos torcendo pra que não seja alguém da clínica de psicopatas.
Uma voz masculina meio rouca é direcionada a mim...

Homem: Ei, não precisa ter medo. Eu não vou te machucar, qual é o seu nome?

Mesmo contrariada baixo o edredom até o pescoço.

Eu: Joyce Purbee... e quem é vo-você? - eu digo pro homem de meia idade que está na minha frente. Pele morena, cabelos pretos um pouco compridos e olhos escuros.
Ele sorri pra mim.

Homem: Tenente Furthleeh, mas eu prefiro que me chame de Toby. Eu sei um pouco do que você passou. Te encontrei ontem a noite na floresta de Pynnewing desmaiada. Eu ia te levar pro hospital por causa do seu estado mas como era tarde da noite eu achei melhor te trazer pra casa e hoje te levar ao hospital.

Eu:O que aconteceu comigo? Onde estão meus pais? - digo assustada.

Toby: Calma, vou responder todas as perguntas qur puder. Mas antes você tem que comer alguma coisa. Ah, e eu reparei nas suas roupas, acho que a Sarah deve ter alguma coisa que caiba em você. - ele sorri

Eu: quem é Sarah?

Toby: minha filha. Ela tem 16 anos e não está em casa no momento. Ela viajou semana passada pra Argentina ver a mãe. Minha ex mulher. Ela deve voltar no final dessa semana.- diz ele enquanto anda pelo quarto procurando algo.

Toby: Vem comigo, vou te levar ao quarto da Sarah e lá você vai poder vestir algo.

Concordo com a cabeça e faço um pouco de força pra me sentar na cama. Olho minhas pernas e braços ainda com as roupas que mamãe vestiu em mim, no dia em que o pesadelo deu início, estavam muito menores. Minha calça bege que antes ia até o pé, com uma dobra na barra, agora fica um pouco a cima de minhas canelas. A blusa preta comprida estampada estava curta e gasta. Eu pensei em perguntar a ele quanto tempo mas resolvi esperar até a hora certa de perguntar.
Acompanhei ele até uma porta rosa clarinho fechada. Ele abriu e me mostrou o guarda-roupa gigante de sua filha e indicou que havia um banheiro anexado ao quarto na porta à direita.
Assim que ele saiu, me deixando sozinha com a porta rosa, entrei no quarto. Paredes lilás, uma roupa de cama ciano impecável, pelúcias em uma prateleira e uma enorme estante de livros. Sempre adorei ler. De tudo. Desde embalagens de shampoo até os melhores romances. Mamãe sempre se mostrou orgulhosa diante disso, me dizendo para continuar assim, pelo contrário, meu pai reprovava o meu gosto pela leitura, dizia que ler não colocaria dinheiro no meu bolso. Ele sempre foi assim. O dinheiro, na vida dele, sempre veio em primeiro lugar.

Abri o guarda-roupa e passei o olhar pelas dezenas de roupas da filha de Toby. Decidi pegar o mais confortável possível e acabei escolhendo um short preto solto que ficou um pouco largo em mim e uma blusa regata branca fresquinha.
Fui ao banheiro me trocar.
O banheiro é parecido com o quarto, pelo menos as cores. Uma banheira ocupa uma parte do banheiro enquanto um espelho ocupava uma grande parede.
Me troquei virada de costas pro espelho e quando acabei me virei, olhando pela primeira vez minha terrível imagem. Comecei de baixo. Meus pés cresceram mas não tanto, minhas pernas mais desnutridas e brancas como a neve. Minhas mãos suavam e tremiam com a imagem do meu tronco. Eu estava branca demais, magra demais, estranha demais. Subi o olhar um pouco para examinar a cabeça. O cabelo estava mais claro também. A boca, seca. Meu rosto desenvolvido. O nariz mais afinado. Subo um pouco mais os olhos passando pelo meu queixo, boca, meu nariz, algo me chama atenção e solto um grito involuntário de medo quando percebo o que me chama tanta atenção.
Toby entra correndo no quarto e bate na porta do banheiro.

Toby: senhorita Purbee? O que houve? Você está bem?

Me encolho ainda encarando aquilo no meu rosto. Jesus, o que houve? Sou um monstro. Sem poder impedir começo a soluçar repetidamente e lágrimas urgentes escorrem pelos meus olhos.
Toby abre a porta e hesita antes de entrar completamente no banheiro.

Toby: Você se assustou não foi? Eu também fiquei um pouco surpreso quando os vi. Quando você os abriu. Calma, não se preocupe isso é meio que uma doença mas não é nada grave. São só cores. - ele diz e me abraça um pouco sem jeito.

Ainda chocada aperto o abraço. O que farei agora? Onde está mamãe?

Toby: vamos sair para tomar café? Conheço um lugar que faz ótimos cupcakes.- ele diz secando minhas lágrimas.

Concordo com a cabeça e forço a parar o choro. Restando apenas alguns soluços, levanto-me com a ajuda de Toby e evito olhar- me no espelho.
Seguimos para o quarto de Sarah novamente e eu dou um jeito de arrumar mais ou menos o meu comprido cabelo em um rabo de cavalo. Meu rosto está péssimo e eu tenho consciência disso.
Desço as escadas seguindo Toby e ele pega um bolo de chaves e me passa um boné preto. Eu sei o porquê dele fazer isso. Ele está tentando ajudar.

Toby: Tenho uma ideia pra você. Mas use isso por enquanto. Vamos?

Eu: Okay.

Entramos no carro. Ele no banco do motorista e eu no banco de trás.

Toby: Aqui vamos nós, quer ouvir alguma rádio?

A verdade é que eu não me lembro de nenhuma rádio. A única musica que me vem à cabeça é a canção que mamãe cantava pra mim quando eu ia dormir e tinha medo dos montros em baixo da cama. Nunca pensei que um dia eles pudesses sair pra me pegar.

Eu: não me lembro de muitas musicas. Mesmo assim obrigada. - dou um meio sorriso e viro-me pra janela novamente.

Ele prossegue dirigindo até que chegamos em um lugar bem enfeitado. Uma cafeteria. Entramos e Toby fala:

Toby: Aqui estamos pode pedir o que quiser. Tenho o bastante pra pagar. Depois de tomarmos o café eu respondo o que quiser.

Eu aceno com a cabeça e nos sentamos em sofás acolchoados no fundo da cafeteria.

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Oie gente, me descupem eu não ter postado antes. Eu estou com uma dor de ouvido fortíssima e com um pouco de febre. Talvez eu vá hj no hospital então queria acabar esse capítulo pra recompensar a demora.
Um beijo pra vcs leitores. Espero que estejam gostando.

;) ♥
Bia Coutinho

A Strange LifeOnde histórias criam vida. Descubra agora