Capítulo 11

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Na quinta feira, ao invés de ir a aula como de costume,Marquinhos e Jacobs,me levaram até o Duende, o galpão que eles arrumaram era um pouco longe da cidade, e eu fiquei extremamente grata, enquanto mexia no tablet, eles ficavam discutindo entre si.

- O que foi?- Perguntei, interrompendo minha busca.

- E que a senhorita ,não pode ir sozinha...- Marquinhos começou.

-Mas eu não vou, vocês vão comigo!- Digo quando o carro para, era bem deserto o lugar, a construção grande se sobrepõe sobre mim, raramente me permitia ser uma pessoa totalmente violenta, mas quando necessário, eu não pensaria duas vezes em atirar. Abro a porta e desço,entro pela pequena porta. No centro do galpão um homem alto, com uma touca e calça de moletom, e chinelas com meias, arrumava algumas coisas em uma mesa. Era hora, de entrar no personagem. Coloquei meu melhor sorriso, de doida e cheguei perto dele.

- Oiii!- digo, e ele me olha, e barbudo, seu corpo se esconde sobre roupas largas e puídas, ele pertencia ao alto escalão dos Yankee, mas se passava por um mendigo tranquilamente, alguém que se você visse na rua cortaria até volta. Pelo menos ele não parecia mal cheiroso, seus dreads,tinham contas vermelhas e pequenas conchas,mas o problema dele era o dente de ouro, que nojo, ele sorriu depois que viu que era uma mulher.

- Fala gatinha, como tá?- perguntou beijando minha mão.

- Ah, eu tô...tô bem, sabe, mas eu acho, que eu poderia ficar melhor. Ficar. Ver estrelas. Ver sabe - Digo, como na última vez, ele riu, fazia alguns dias que não tinha usado nada, não queria parecer uma aberração perto de Lucas, mas tremores leves já me atrapalhavam a fazer coisas do dia a dia. Assim que saísse dali, teria um bom e relaxante cigarro me esperando nos prédios de White Station.

- Ih, a mina é loca, se e loco mano ! Tenho um bagulho dos bons para tu princesa!- Diz mexendo na bolsa, me aproximo, e encosto na mesa, mordo uma unha,um hábito que adquiri, quando estou nervosa demais para pensar em qualquer outra coisa, e olho ao redor, ele parece ter acabado de ganhar na loteria, coitado.

- Você conhece a Bryant?- Pergunto, procurando com calma um cigarro na bolsa.

- É melhor dizer conhecia, né Amorzinho!- Ele se volta para mim, viro um pouco a cabeça para o lado,como se não soubesse. - Ela bateu as botas, fi.

- Quem?- Pergunto mordendo os lábios,controlando as lágrimas.

- Eu, neh?- Ele diz e volta a atenção, para a sua sacola - Como é que tu vai pagar, parece gran fina,mas sabe, eu me sinto tão solitário, quem sabe...- Tiro a arma da bolsa e aponto para sua nuca, destravo a mesma, antes que ele pudesse pensar em concluir o pensamento, com um timing perfeito Marquinhos e Jacobs entram e apontam armas para ele.

- Muito engraçado, bebê, pare de brincar - Ele se vira e me encara - Você não ganha nada,me roubando... Eu sou peixe grande, amor ! - Ele diz,sorrindo, porco.

- Você matou a Bryant, e hora de pagar!- Digo e aceno com a cabeça para que eles o amarem,ele tenta fugir, mas não iria longe, conseguiu até correr um pouco até que Marquinhos jogar a arma como um bumerangue, ele cai.

- Cuidado,não mata não, eu quero ele vivo!- Digo, me sentando na mesa, observo meu brinquedo temporário ser amarrado. Querido, esse oceano é meu.

Mando,eles levarem as drogas para o carro, para ser descartada o mais rápido possível, não preciso que mais ninguém saiba disso, não quero aplausos por essa cena, isso é por Bryant que nem ao menos teve chance de lutar. Então ele também não teria, me sento a uma certa distância dele, o tablet ligado, um café grande e um bolinho na mesa,espero ele acordar. Assim que isso ocorre,ele grita e se debate.

- Vadia,o que você quer ahn?- Pergunta

- Alguém matou minha amiga, e hora de pagar,sabe!- Falo e sorrio,tomo um pouco do café, coloco American Horror Story, para passar.

- Eu vou sair daqui, e eles virão atrás de você!- Grita se balançando. Me acomodo da melhor forma que consigo naquela cadeira de plástico velha, e aceno para eles, que pegam galões e jogam no duende, ele cospe, grita, se debate me xinga de coisas que ninguém deveria falar em público fecho os olhos.

- Porra, você e muito escandaloso! Eu quero assistir minha série! Ah,.... A cena que eu queria!- Ascendo um cigarro, e coloco o isqueiro em cima da mesa, no tablet, a terceira temporada, o episódio em que queimam, uma das bruxas do conselho - Essa, e minha parte favorita,sabia que as mulheres que eram acusadas de bruxaria, eram queimadas, bem eu sou um pouquinho, fã de história, a idade das trevas, foi uma merda politicamente, mas em quesito de tortura eram Oh! - Segurei minha orelha, e pisquei - uma e beleza, então, bona c'era!- E jogo o cigarro no rastro de gasolina, o fogo pega rápido, e sobe pelo corpo dele. Seus gritos ficam altos, e ecoam pelo galpão, vejo Marquinhos e Jacobs se afastarem um pouco, aumento o volume e sorrio, bebo meu café, e aprecio,seu corpo pegar fogo,virar cinzas. Não mexa com os meus.

Meu momento vilã/mafiosa foi interrompida pelo meu celular,atendi era Lucas, ele parecia apavorado.

- A onde você está!- Gritou, olhei para o corpo à frente,sem vida e irreconhecível.

- Olá, para você também, eu estou ótima, e onde estou não é da sua conta!- Digo curta e grossa. Às vezes as pessoas devem ser lembradas de seu papel, eu não sou dócil, não serei domesticada.

- Marissa...

- Issa, tchau Lucas...- desligo, me levanto pego minhas coisas,

- vamos, ainda temos que esconder o corpo!- Falo, e saio pela porta,sem ao menos olhar para trás, eu não sinto. E acabei de descobrir uma parte de mim, que fará qualquer coisa para acabar com aqueles que fiquem no meu caminho,ou contra aqueles com quem me importo. Eu sabia ser perigosa, mas não gostava disso, hoje por outro lado, percebi que era mais uma das minhas faces e que me agradava bem mais do que o cordeiro indo para o abate.

- Meninos, eu tenho mais um favor para pedir ... - Podero olhando para as mensagens chegando em seguida no meu celular, um nome, quatro letras que me deixavam ansiosa, mordi a unha novamente.

Garotas da Máfia - Vol. 01Onde histórias criam vida. Descubra agora