2 - Coisas inesperadas entre nós (+18)

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A apreensão podia ser sentida em cada centímetro da sala quando a visita adentrou nesta mansão tão ampla. Maria tragou a saliva e recordou tanta coisa que ocorreu há mais de 20 anos enquanto Estevão, tanto por fora quanto por dentro, permaneceu inerte. Não conseguia acreditar naquilo. Talvez o tempo realmente fosse capaz de mudar as pessoas, mas era difícil acreditar nisso quanto a ela. Ainda mais com tanto tempo de ausência, há quase cinco anos que ela não voltava ao país, ninguém esperava essa visita, não sabiam como reagir, o que dizer. Entretanto Maria não permaneceu muito tempo em silêncio ao ver seu sorriso direcionado aos dois. Estava claro que disfrutava do assombro provocado e do modo como os deixou sem palavras e sem ação.

_ Então, parabéns por isso, Alba. Se sua intenção era nos surpreender, é mais uma das coisas a que você se propôs que você conseguiu. - disse Maria firme. - Porque eu não tinha nenhuma ideia de que você vinha, imagino que Estevão também não.

_ Claro que não. Estou tão surpreso quanto você. - Estevão respondeu encarando à tia ainda um tanto paralisado pela surpresa.

_ Fico feliz em ter conseguido meu objetivo. Claro que espero que seja uma boa surpresa, não é assim? - disse com cinismo. - Rebeca, por favor, peça a alguém que pegue minhas malas no carro. Suponho que vocês não se incomodarão se eu me hospedar aqui. - dirigiu-se à Maria. - Afinal, durante muito tempo, essa também foi minha casa, não é? Talvez ainda seja um pouquinho.

_ Faça o que ela disse, Rebeca. - ordenou Maria. - Claro que você pode ficar Alba. Você é bem vinda à minha casa e à de minha família. - Maria retribuiu o cinismo.

_ Venha tia, sente-se. - convidou Estevão. - Sua visita nos surpreendeu muito porque há quanto tempo você não o faz? Há cerca de cinco anos que não volta ao país e há três nos comunicou que seguiria vivendo na França, que não tinha intenções de voltar.

_ Mas eu tive um forte motivo para voltar. - A irônica mulher respondeu sentando-se ao sofá e observando a casa como que desaprovando as mudanças. - Ou melhor, dois.

_ E o que é Alba? Podemos saber? - Maria questionou sem deixar-se intimidar.

_ Soube que Heitor vai se casar e que Estrela vai se formar. Queria estar presentem nestes momentos tão importantes para meus sobrinhos netos. Crianças que eu criei como mãe. - disse em um tom hostil pretendendo fazer que Maria se sentisse mal.

_ Não exagere tia, por favor. - Estevão retrucou-a com um sorriso sarcástico. - O que você menos fez enquanto meus filhos cresciam foi passar tempo nessa casa. Eu me ocupei deles. Nem mesmo enquanto Consuelo, que te agradava tanto, era viva, você se ocupava de minha família, sempre viveu livremente sua vida.

_ E não me arrependo disso. - Respondeu altiva a senhora.

_ E nem deve fazê-lo. - Maria observou. - Essa família não era sua, não é mesmo, Alba?

A tia de Estevão limitou-se à sorrir como que concordando com Maria, mas mortificada por dentro. Ela era ainda mais odiosa que quando jovem. Não suportava à Maria, era difícil disfarçar.

_ Porém tampouco diga que foi "como uma mãe" para meus filhos porque não é assim e você sabe, tia. - Estevão disse firme. - E hoje em dia eles têm muito claro essa figura em Maria, a quem admiram tanto, inclusive Heitor que não tem seu sangue e em algum momento sentiu alguma resistência por ela.

Especial Elo IrrevogávelWhere stories live. Discover now