10 - O valor de uma família

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Estevão fechou os olhos e se virou tamanha a raiva que lhe percorreu ao ouvir aquela frase. "Você ainda está magoado comigo e acha que eu tive culpa de que Luciano me beijasse?". A frase girava em sua cabeça produzindo-lhe uma raiva que ele não podia controlar.

_ Que Luciano me beijasse?

_ Que Luciano me beijasse?

_ Que Luciano me beijasse?

_ Que Luciano me beijasse...

Repetia-se em sua mente como fosse uma cantilena sem fim. Ele queria esquecer. Não! Mais do que isso, ele queria apagar esse fato, como se jamais tivesse acontecido e lhe incomodava que Maria insistisse tanto em falar sobre aquilo. Por que ela não deixava simplesmente que tudo passasse e voltasse ao normal, como era antes?

_ O que eu queria Maria, o que eu queria de verdade era... era que isso nunca tivesse acontecido. – Confessou-lhe.

_ Mas aconteceu! – Contestou-lhe Maria impaciente. – Aconteceu e não podemos mudar esse fato. Tudo o que podemos fazer é lidar com isso.

_ Eu não posso! – Gritou Estevão. – Você não sabe o quanto é doloroso para mim a simples ideia de que outro homem te tenta tocado com desejo.

_ Então isso responde à minha pergunta. – Maria baixou os olhos.

_ O que você quer dizer? – Estevão indagou.

_ Você ainda está magoado comigo e acha que eu tenho culpa no que aconteceu. – Constatou a empresária.

_ Maria é que você podia... você devia ter evitado! – Afirmou Estevão magoado.

_ Eu tentei! Juro que tentei, Estevão, mas ele me beijou à força.

_ Eu sei. Eu sei que ele te forçou nesse dia, mas eu não consigo não pensar que... que se você tivesse tido uma atitude diferente como eu te pedi, como você me prometeu, as coisas não teriam chegado nesse ponto e esse maldito não teria te tocado.

Maria recordou o que aconteceu um pouco mais de um ano antes na casa de Camila. Se Estevão soubesse, se ele ficasse sabendo que ele tentou beijá-la aí, seguramente as coisas ficariam ainda piores. O melhor é que ele nunca soubesse. Jamais revelaria a Estevão tudo o que aconteceu naquele corredor. Deixaria-o com a ideia de que ele apenas se havia insinuado com palavras para ela. Para que piorar as coisas?

_ Não Estevão, eu não aceito! – Maria demonstrou que também tinha mágoa. – Eu não aceito que você diga que é minha culpa o que aconteceu porque eu tentei evitar, eu disse a Luciano exatamente o que prometi a você que faria, mas ele... ele estava cego, ele parecia que não me ouvia.

Estevão escutou-lhe atento e cheio de sentimento. Caminhou até a porta do lavabo e olhando-a com ternura disse:

_ Eu te amo, Maria. Te amo com uma intensidade que eu não consigo controlar o turbilhão de sentimentos que esse amor provoca em mim. Por isso fizemos amor agora nesse banheiro porque o desejo foi mais intenso do que minha razão ou qualquer outra coisa...

_ Então... você não queria? – Maria indagou insegura.

_ Não, Maria não é isso! Eu queria, queria mais que tudo desde que você me tocou lá no quarto eu não podia pensar em outra coisa.

_ Mas você não tinha me perdoado pelo que aconteceu com Luciano? – Ela pareceu entender sua lógica.

_ Eu... eu sinto muito por... – Estevão tinha dificuldades de explicar seus sentimentos.

Especial Elo IrrevogávelWhere stories live. Discover now