9 - Mágoa e Sedução (+18)

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Estevão caminhou até perto da janela, aí ficava uma escrivaninha onde ocasionalmente ele trabalhava. Não era algo que ele costumava fazer: trabalhar no quarto, mas de vez em quando acontecia. Desde que se casou, sua rotina havia mudado consideravelmente. Ele continuava a ser um advogado dedicado, mas a esposa passou a ser o centro de sua vida. Antes ele gostava de dedicar tempo de qualidade aos filhos, mas era diferente do que ele dedicava à Maria. O fato de não haverem realizado aquele amor na juventude fazia com que fosse de extrema importância passarem muito tempo juntos. Ele colocou as roupas que havia separado sobre a escrivaninha e se virou para Maria. Seu olhar ainda era de reprovação e raiva, ainda machucava a Maria o modo como ele a olhava.

_ Quanta consideração você demonstrou, dormindo no quarto ao lado sem me deixar avisado que estava em casa. Eu estava preocupada. – Maria reclamou-lhe

_ Desculpe. – Ele economizou as palavras, mas reconheceu que ela tinha razão, não foi cortês de sua parte deixar de avisá-la que estava em casa. – Eu estava chateado e...

_ E não queria me ver. – Completou Maria.

_ Você realmente acha que essa conversa deve acontecer agora? – Estevão estava de fato incomodado.

_ Você realmente acha que nós devemos deixar passar mais tempo com esse clima entre nós?

Estevão se virou para o lado da porta e disse com algum pesar:

_ Alguma coisa está diferente, eu não consigo te olhar como antes. Por isso não sei se é bom que conversemos agora.

Como se ela não tivesse notado que ele a olhava diferente. Era o mais notável para Maria desde a véspera, aquele olhar era o que mais lhe doía.

_ Hoje é a formatura de nossa filha. – Recordou Maria com um nó na garganta. – Estrela não merece esse clima e esses olhares entre nós. Você não acha?

_ Eu não sei se podemos resolver isso imediatamente... – Estevão mostrou seu ressentimento.

_ Mas nós temos que conversar! – Afirmou Maria impaciente. – Para bem ou para mal, temos que falar sobre aquilo.

_ Para mim esse é o grande problema. Que tenha acontecido, Maria. – Estevão disse caminhando até a cama onde se sentou. – Você... Luciano... – Ele não conseguia falar sobre o beijo nominando-o como era. Era imensamente doloroso para ele.

_ Eu sinto muito que ele haja chegado tão longe, meu amor. – Disse Maria caminhando até Estevão.

_ Sente? – Ele indagou com ironia.

_ Me dói que você faça esse tipo de insinuações, me fale com essa ironia. – Ela sentou-se ao lado dele.

A perturbação em Estevão foi imediata, pois quando ela se sentou, a fenda do roupão deixou uma de suas pernas quase completamente exposta e Maria não fez questão de ajeitar a peça de roupa, não teve pudor em perturbar o marido com a sedução de seu corpo que tanto mexia com ele. Ela olhou o suplicante e seguiu:

_ Parece que você não confia em mim. Depois de... de tudo o que vivemos. Depois daquela conversa no hotel... – Recordou astuta não só a conversa, mas a explosão de paixão que viveram naquele hotel tão recentemente. Maria jogou com a chama da paixão que estava tão viva em seu casamento, sabia que, caso todos os outros artifícios falhassem, com esse ela podia contar sem nenhuma dúvida de êxito.

_ Não fui eu quem não levou em conta aquela conversa. – Acusou Estevão ainda perturbado olhando para suas pernas, a proximidade fazia com que o perfume que ela exalava se tornasse tão evidente como se fosse o único aroma daquele ambiente, do mundo inteiro.

Especial Elo IrrevogávelWhere stories live. Discover now