Capítulo 8 -Ramón

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"A despedida dói tanto que o verbo partir só deveria ser conjugado
se o sujeito voltar "
               Eu me chamo Antônio

**
- Me dá o papel - A professora Savanna de Educação Física pediu estendendo a mão. - Ramón, eu estou pedindo o papel - Sua voz ganhou outro tom.

O garoto se levantou, andou no meio dos alunos e leu o que eu havia escrito sem noção nenhuma que se tratava dele. Com certeza Ramón pensou que era só mais uma conversa idiota de adolescentes, não que esta não seja, mas vê-lo lê em voz alta o que escrevi com minha caneta cor de rosa tirando sarro de um assunto que se tratava dele foi patético. Seu sorriso que antes estava sacana se desmanchou e encarou Jenny.

Risos, sim muitos risos. Parecia que estávamos em stand up comedy que o comediante tem um certo tempo para fazer a plateia rir, então ele deixa sua melhor piada para o final arrancando cada riso do fundo da garganta.

Jenny se levantou e correu para fora da quadra.

- Para diretoria agora! - Ramón se retirou da quadra - Agora eu quero todos em silêncio.

《...》

- Jenny, sai do banheiro por favor. A aula já acabou e não tem mais ninguém no colégio, todos foram embora.

- Certeza?

- Sim, eu já me certifiquei disso.

A porta do segundo banheiro se abriu e minha melhor amiga saiu.

- Eu não acredito que ele fez isso.

- Jenny, eu juro que não fiz de propósito.

- Eu sei, não estou te culpando.

Liguei a torneira e joguei um pouco de água gelada no meu rosto.

- Isto não vai ficar assim.

- Oque você pensa em fazer?

- Não sei. Eu posso até ser piada nos corredores nesses dias que seguiram, mas eu vou me vingar de Ramón.

《...》

Cheguei em casa e encontrei Daniel na sala com olhos pregados no celular.

- Ei Karine, será que podemos estudar hoje? - Ele disse guardando o celular no bolso.

- Ah, acho que sim, não me lembro de ter alguma coisa importante hoje.

- Certo - Ele respondeu sorrindo para mim. Se ele não fosse tão idiota poderia parecer como um anjo sorrindo desse jeito. Mordo meu lábio inferior para não retribuir o sorriso.

- Tem como ser no seu quarto?

- Oi?

- É que sua mãe vai precisar da sala, ela me disse e acho que não vai dar pra ser no quarto de Lila.

- Tudo bem - Respondi um pouco desconfortável já que Daniel nunca entrou no meu quarto.

Eu subi as escadas e ele veio atrás de mim, abri a porta para Daniel entrar reparando seus olhos observarem tudo.

- Muitos livros...E pôster.

- Eu gosto de lê você não?

- Sim, mas não sou compulsivo.

- Mentira que você gosta - Falei duvidosa - Perguntei apenas por perguntar.

- Sim eu gosto - Daniel se aproximou da minha estante de livros e apontou para um específico - Esse, já li ele e este também.

- Uau, estou surpresa.

Daniel virou ficando de frente para mim.

- O que vamos estudar hoje?

- Teatro.

Fui até minha impressora e peguei algumas falas que tinha imprimido.

- Qual história?

-Romeu e Julieta, toma essas falas, eu falo uma e você fala outra...beleza? Eu começo.

Me afastei alguns passos de Daniel incorporei Julieta em mim, então comecei:

- Quem és tu, que encoberto pela noite, entras em meu segredo?

- Por um nome, não sei dizer-te quem eu seja. Meu nome, cara santa, me é odioso, por seu teu inimigo: Se estivesse diante de mim, escrito, o rasgaria.

- Minhas orelhas ainda não beberam cem palavras de tua boca, mas reconheço o tom. Não és Romeu, um dos Montecchios?

- Não bela menina, nem um, nem outro, se isto te desgosta.

Nas falas de Daniel não haviam emoção parecia algo decorado e monótono.

- Daniel se concentra, em tuas palavras não há sentimento.

- Desculpa, vamos começar de novo.

- Você está nervoso?

- Um pouco.

Ele se sentou em minha cama.

- Qual o problema ? - Sentei do seu lado.

- Tem muitos pôsteres do 1d e 5sos aqui é isto está me desconcertando.

Soltei uma risada.

- Foi só Para descontrair, não é isso.

- Oque é então?

Ele me encarou durante alguns segundos parecendo pensar se falava ou não. Infelizmente ele escolheu o "não ".

- Nada, deixa para lá, vamos recomeçar?

- Tudo bem.

》...《

Aqui estou eu em mais uma manhã de escola e tudo seria normal, dentro da rotina se não fosse por ontem. Jenny colocou na cabeça que vai se vingar de Ramón, eu sei que somos melhores amigas e eu vou estar aqui para ela, para oque der e vier, mas preciso confessar que estou com medo.

Vejo Ramon chegar em cima de sua moto uma harley E meu coração acelera em meu peito.

Jenny me encara do outro lado me encorajando.

- Ei Ramón - Me aproximei tremendo mais que tudo.

- O que você quer ? - Quando fui abrir a boca ele me cortou dizendo: - Olha, eu não tenho tempo para idiotices.

- É um assunto sério.

- Quer saber a marca do meu perfume? - Falou sarcástico.

- O diretor está te chamando.

- De novo?

- Você só chega atrasado, deve ser por causa disso.

Seus olhos estreitam em minha direção.

- Se for zueira sua... - Ramón se levantou da sua moto tirando seu capacete totalmente preto e parou em minha frente.

- Ramón....dá licença, meu tempo é muito precioso pra ficar aqui perdendo contigo.

O garoto deu meia volta para pegar a chave na moto.

- RAMÓN! - Gritei fazendo -o parar - AGORA!

- Porque voce está gritando sua louca, não sou surdo! Estou aqui na sua frente.

- Ok, agora vá logo por favor!

Ele me encarou e algo dentro de mim gritava dizendo que ele ia descobrir tudo isso, mas já estou aqui e não vou dá pra trás agora.

- Certo. - Ele foi e eu fui atrás.

Desculpe me pelo capítulo curto e pela
demora,  prometo que o outro será mais longo...Beijos e não esqueçam o votinho!


O namorado da minha irmãWhere stories live. Discover now