Cap 7.

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Meu pai acordou e veio até aqui; perguntou se eu sabia que horas eram e disse que estava preocupado com essas minhas saídas, que agora eram quase todos os dias; eu disse que estava tudo bem comigo e prometi não voltar tão tarde da próxima vez (nem acredito que meu pai resolveu implicar comigo agora).
Dormi pensando onde ele poderia estar indo. Pensei que ele poderia estar indo encontrar com a Lu, associei as mensagens a ela e até imaginei os textos. Sofri imaginando o reencontro dos dois e o beijo entre eles, mas afinal não estou namorando com ele, até onde sei somos amigos, próximos, mas simplesmente amigos, porém meu coração não sabe disso.

Não é fácil passar por isso. Tenho medo que isso fique maior que já está, contudo ao mesmo tempo quero que cresça mais. Acho que não quero vê-los junto quando a Lu voltar, acho que terei que me afastar dos dois porque eu me conheço e sei que não vou gostar e acho que vou acabar dando bandeira. Também estive pensando se eu não estaria me aproveitando de uma situação de distanciamento entre eles dois para estar mais próximo de Marcelo, mas também pensei que no fundo estou sendo o mais honesto que consigo ser em relação à Luiza. Afinal não sinto que exista realmente nada entre Marcelo e eu que não seja uma simples amizade, parece que ainda há uma parede de vidro entre nós.
Meia hora depois que Marcelo saiu ele me liga dizendo que não estava legal, eu perguntei qual era o problema e ele meio que enrolou e acabamos falando de outras coisas. Ele perguntou porque eu não havia dormido ainda e respondi que era só uma insônia boba, ele respondeu que também estava com insônia.

- Está vendo? Se você tivesse vindo para cá já estaríamos dormindo - disse ele, rimos e contamos piadas como se nada houvesse ocorrido, depois eu disse pra nos despedirmos porque ele tinha que viajar cedo e precisava dormir, ele pediu para conversarmos mais um pouco, mas eu me preocupei com o fato dele ter que guiar e não haver dormido o suficiente. Nos despedimos então e ele disse que passava aqui por volta das 10h para se despedir.

***

Domingo infernal. Só acordei às 14h. Marcelo passou por aqui, mas a empregada disse que eu estava dormindo e ele não quis que me acordassem. Acordei com raiva de mim e do mundo, foi um domingo péssimo. Não falei com Marcelo o dia todo, Guto passou aqui à tarde e fomos jogar boliche, perguntou pelo Marcelo e eu respondi que ele havia viajado, Guto não perguntou mais nada, talvez tenha percebido que eu estava um pouco aborrecido. Devo dizer que ele foi super legal, fez palhaçada o tempo todo, acho que pra me animar e até que deu certo.

O Gutinho é uma pessoa linda e, da forma dele, é amigo e casa vez mais presente. Ele me deixou em casa e fui dormir mais cedo, muito aborrecido. Na segunda esqueci o celular em casa e quando retornei havia 10 chamadas não atendidas do Marcelo pra mim, tentei retornar, mas o celular dele estáva fora de área. Fui a Facul, mas não tive cabeça pra entender nada. Voltei para casa à noite e fui dormir aborrecidíssimo com o mundo e morrendo de saudade de Marcelo, mas já me preparando para o caso de ele ter ido visitar a Lu.
Imaginei cumprimentá-lo mais à distância e manter assim de agora em diante. Quase morri com essa possibilidade. Imaginei eles trocando carinho e sorrindo juntos, meu estômago deu um nó com isso, mas tentei me controlar dizendo para mim mesmo que quem era namorada era ela e que eu não devia me sentir assim, foi inútil.

Ontem acordei e qual não foi minha surpresa ao sair do prédio, Marcelo me esperava com um sorriso estampado no rosto, parecia cansado, a barba estava por fazer, banho por tomar e notei que a picape estava imunda, cheia de lama, (descobri que o cheiro dele suado me excita mais que quando ele está perfumado e tive que me conter).

Ele estava em algum lugar no mato, pensei. Ele abriu os braços e corri para abraçá-lo; por um minuto esqueci de que haviam pessoas na rua, que algum vizinho podia nos ver, esqueci que aquela poderia ser a bandeira das bandeiras, mas não me importei com nada, eu só queria voltar para o calor que só encontro nos braços dele. Ele me deu um beijo na testa e eu acabei me excedendo e dei um beijo no peito suado dele (o beijo se tornou cumprimento natural entre nós), ele sorriu.

O namorado da minha amiga.Where stories live. Discover now