Capítulo 42

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Não entendo como eles não percebem que essa briga toda só faz mal à criança, voltei a dormir.

Um grito lancinante invadiu o quarto me despertando do sono. Meus batimentos cardíacos foram elevados imediatamente, saltei da cama e por haver reconhecido a voz de Cláudia corri ao seu quarto. No corredor, cruzei com meu cunhado que tinha sua roupa manchada de sangue, ia na direção contrária, entrou no quarto de meus pais e eu corri para a porta do quarto de Cláudia.

Ao atingir a soleira, a cena que vi me gelou por dentro. Minha irmã estava caída no chão, por um segundo... bom, não contei um segundo, em desespero corri para ver o que ocorrera com ela. Estava chorando, com o rosto no chão. Eu a erguia quando dela recebi um bofetão em meu rosto, ignorei, Cláudia em outras ocasiões havia feito o mesmo e não mais doía em mim, eu bem sabia que era sua forma rude de pedir ajuda; era seu grotesco grito de socorro.

Ao verificar que havia sangue em suas roupas busquei por ferimentos, nada encontrando e suspirei em alívio. Perguntei sobre o sangue enquanto ela chorando me apresentava uma camisa de Aurélio, havia batom. Eu a levantei e a coloquei na cama. Ela chorava convulsivamente; lembrei de Letízia. Fui ao quarto de meus pais e encontrei meu cunhado com minha sobrinha em seus braços. A criança chorava, parecia que ele se despedia.

Ao notar minha presença ele me sorriu e disse com o rosto triste: “eu não aguento mais, veja o que a desequilibrada de sua irmã me fez”. Claudia o havia ferido no braço com uma tesoura, ele sangrava, mas já havia estancado o ferimento com um pedaço de pano atado sobre a ferida. (O_O Olha só querendo ser Nazaré, dá logo um pé na bunda dessa louca!! - Jhoen)

Ele me explicou rapidamente que não existia meio de ficar ali e me entregou Letízia pedindo que dela cuidasse. Saiu com a roupa do corpo me dizendo que depois me procuraria. A casa foi tomada pelo choro de Cláudia e sua criança. Era como um pesadelo.

Tentei em vão acalmar uma tanto quanto a outra, mas minha irmã em desespero, dizia coisas que nexo algum faziam. Meus pais ao regressar, encontraram Cláudia apenas murmurando e chorando, o descontrole se tinha ido, eu ministrei a ela um tranquilizante, forte, não sabia mais o que fazer para contê-la. (Deve ter dado um daqueles tranquilizante pra leão né? - Jhoen)

Minha mãe ao tomar pé do ocorrido desfiou um rosário de xingamentos em castelhano (Orando em línguas para expulsar o demônio da filha! -Jhoen) , alguns até desconhecidos para mim (é impressionante como ela e Marcello se parecem nisso). Meu pai sentou-se na sala e permaneceu imóvel durante muito tempo. Olhava para o vazio, temi que fosse acometido por um infarto.

A noite foi longa e penosa. Quis telefonar a Marcello, mas pensei que melhor seria se não o fizesse. Houve um momento entre três e quatro da manhã que desejei ter asas e dali sumir, mas ver minha irmã daquela forma, minha mãe fora de si, minha sobrinha em soluços e meu pai catatônico fez surgir de dentro de mim uma força para ajudá-los naquele instante que até então eu nem sabia que era capaz de ter.

Na manhã seguinte eu estava um trapo de tão gasto por uma das piores noites que conhecera. Pernoitara em claro e mal pude me compor para sair à rua tomar o ônibus e chegar ao trabalho. Movia-me como um zumbi. Decidi nada dizer a Marcello que me telefonou pela hora do almoço se desculpando e esclarecendo que estaria preso em uma reunião, achei melhor assim, não queria que ele me visse naquele estado.

Cássio me viu na copa atrás de uma xícara de café imensa e me perguntou o que ocorrera, disse a ele que era apenas uma crise de insônia, mas que estaria bem. Ele como é uma pessoa de alma boa, passou a mão pela minha cabeça e me esclareceu que poderia ser o estresse do trabalho acumulado e se comprometeu em me conseguir à tarde de folga, agradeci e ensaiei um sorriso.

O namorado da minha amiga.Onde histórias criam vida. Descubra agora