Capítulo 15

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Aquele bosque parecia não ter mais fim , meus passos pesavam e os corvos voavam baixo como se quisessem me levar. Eu estava morto por dentro , não tinha mais vida, fiz dela minha vingança. Foquei nos que me machucaram mais, nem notei que tinha automaticamente "deletado" Pedro de minha lista. O garoto da que ficava aos fundos no grupo da zombaria , apenas rindo e seguindo os passos do grupinho popular da escola.

Minha cabeça estava cheia demais , nada tinha aliviado , o sangue em minhas mãos era como vários espinhos perfurando minha pele. Mas não era isso que eu queria? Livrar-me de todos os meus pesadelos , de tudo que tinha me atormentado , de todos aqueles que me fizeram sofrer? Parece que não tive a sensação que eu esperava ter. Tinha me descontrolado.

Finalmente vi o asfalto da antiga estrada principal e sentei-me sobre o meio-fio respirando fundo. Juntei meus joelhos ao peito e abaixei a cabeça, afundando em meus pensamentos.

Ouvi ao longe o barulho de um carro se aproximar, o som se aproximava , parecia que o veículo diminuía a velocidade. Ergui a cabeça vendo uma mulher parada à minha frente. Era uma morena alta e magra, cabelos cacheados e longos. Usava um vestido vinho com um sobretudo branco por cima que se modelava com a roupa. Ela se abaixou olhando-me com aqueles grandes olhos castanhos, não tinha como não reconhecê-los.

___ Eloísie ... – falei a olhando e involuntariamente esbocei um sorriso. Parecia que perto dela eu me sentia melhor, ela tinha uma paz interior algo leve que eu nunca teria.

___ Gabriel, o que você fez ? – ela pegou minhas mãos e as olhou balançando a cabeça negativamente. – Quando eu disse para lidar com seus problemas, não quis dizer desta forma. Você só piorou tudo para você , mesmo ... Olha como está agora! – ela levantou-me e guiou-me até o carro dela, era um Audi preto. Pelo jeito ela melhorou em condições financeiras. Sentei-me ao lado do banco do motorista e a olhei.

___ Eu pensei que tudo fosse passar, eu ouvia vozes e pensei que ... Elas fossem parar de me perturbar com lembranças que eu não quero ter.

Ela sentou ao meu lado me olhando e encostou minha cabeça em seu ombro. Senti-me reconfortado , pela primeira vez alguém não queria me incriminar , me julgar, me rebaixar. Meu coração disparou e eu ergui a cabeça olhando para frente. Ela riu e fechou a porta começando a dirigir, seguia caminho rumo à antiga casa em que ela morava. Continuava a mesma, apenas com a pintura diferente.

___ Você pode ficar aqui em casa , se quiser ... Vai ser melhor para você. – ela parou o carro em frente ao lugar e saiu do veículo me olhando sorridente.

___ E quanto ao seu pai ? – perguntei lembrando-me da cena que tinha visto anos atrás.

___ Ele está bem. – ela respondeu em um tom mais sério. – Não se preocupe com ele, okay?

___ Tudo bem ... – falei estranhando , ela não me pareceu convincente ao dizer que ele estava bem.

Entramos na casa e ela me indicou um quarto com banheiro para que eu me lavasse e descansasse. Como se fosse possível , minha mente conturbada não deixava eu fechar os olhos sem que as imagens invadissem tudo a minha volta.


Diário de um psicoloucoWhere stories live. Discover now