02. now I'm ready to start

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[Oito anos depois]


Louis estava no último ano da escola enquanto eu ainda tinha quase três anos pela frente.

As aulas haviam voltado fazia duas semanas e eu percebi que não aguentaria mais um ano vendo Lou beijar outras pessoas, completamente alheio aos meus sentimentos. Já eram dois anos apaixonado pelo meu melhor amigo sem nunca ter tido coragem de fazer uma declaração.

Foi refletindo durante a aula de economia inteira que cheguei à conclusão de que eu teria que agir em relação a isso. Então, no intervalo de almoço daquele dia, estava determinado a falar com Louis. Apesar de tudo (ou por causa de tudo), presumi que o máximo que meu amigo faria seria dizer, 'que pena'.

Saí da sala com pressa e logo cheguei ao refeitório. Zayn, Niall e Liam estavam na mesa que sempre sentávamos, mas Lou não estava.

Ele chegou alguns minutos depois. Cogitei desistir de contar a ele, porque era evidente o que ele estivera fazendo.

Não dava para evitar olhar a mancha vermelha recente em seu pescoço.

Era como se o universo estivesse esfregando na minha face que uma menina qualquer podia tocar Louis daquela maneira e eu não.

"E essa marca aí?", ri falsamente, ignorando a queimação em meu peito. "Quem fez?", tentei soar casual. Não sei se fui vitorioso na minha missão, já que Zayn encarou-me como se perguntasse 'que diabos você está fazendo?'.

"Porra! Não acredito! Tá marcado?", Louis perguntou, tapando o pescoço com a mão esquerda. "Sabe a Evelyn?", indagou e eu neguei com a cabeça. "Anda com a Chloe...", explicou.

"O nome dela é Emilly", intrometeu-se Niall.

"Tanto faz."

Louis agiu indiferente ao assunto, então inferi que ele não se importava com ela. Chegar a esse pensamento deixou-me um pouco mais confiante e resolvi chamá-lo antes que toda a minha convicção evaporasse.

"Podemos ir a algum lugar? Quero falar com você", eu disse baixo, porque não queria parecer rude excluindo meus amigos da conversa.

"Claro", respondeu. "Harry, vamos lá fora comigo? Tô com fome e não quero comer essa gosma que vendem aqui", encenou, não muito convincente para mim, ao restante da mesa. Pelo menos ninguém falou nada sobre o péssimo ator.

"Yeah", levantei-me e acompanhei-o até a calçada do lado de fora da escola. Havia alguns bancos feitos de cimento ali e nós nos sentamos em um que estava vazio.

"Então... O que você quer me dizer?", ele me incentivou.

Travei.

"Vamos, Hazz, você sabe que pode confiar em mim."

Respirei fundo umas quatro vezes, procurando uma faísca de coragem que pudesse desencadear a fala que eu mais ansiava e mais temia ao mesmo tempo.

"Eu... Eu estou apaixonado por você, Louis", consegui dizer em um fio de voz.

Louis ergueu as sobrancelhas e o espanto estava estampado em sua face. Naquele exato instante, eu não poderia dizer se ele estava feliz, bravo, triste ou sentindo qualquer outra emoção além de incredulidade.

Então, no segundo seguinte, ele sorriu minimamente e meu coração se aqueceu com a imagem de Louis sorrindo daquela forma, parecendo tímido.

As palavras que saíram de sua boca, entretanto, foram, simultaneamente, como socos e carinhos em minha face, "Sinto muito, Hazz, mas não estou apaixonado por você. Só que nós podemos tentar alguma coisa, se você quiser. Quero dizer, estou aberto à possibilidade de me apaixonar por alguém e eu acho que não seria difícil gostar de você."

Ao menos ele havia sido sincero. Foi isso que me consolou. Além disso, havia a pequena, ainda assim, real, chance de que ele reciprocasse.


[...]


Os dias seguintes foram praticamente iguais aos anteriores àquele dia. Exceto, talvez, o fato de que eu arranjava mais motivos toscos para tocar os braços ou as mãos dele.

Louis parecia não se importar de verdade. Inclusive, às vezes até retribuía meus toques com sorrisos.

Assim passaram-se três semanas.

Eu achava que Louis era ótimo demais para mim, mas o que poderia fazer se havia me apaixonado por ele? O amor nos deixa egoístas. Mesmo sabendo que Louis merecia algo muito melhor, queria-o para mim. Apenas para mim.

Entretanto, apesar disso, não acreditava que um dia ele sentiria o mínimo interesse por mim. Eu estava quase aceitando que o meu sentimento teria que ser platônico.

Até que naquela quinta-feira chuvosa, no final da aula, ele me chamou até um canto isolado do corredor e perguntou, "Hazz, quer sair comigo amanhã à noite?"


keeping promises (even though it is really hard to) | l.s | short-ficWhere stories live. Discover now