06. late at night I could hear the crying

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Ler aquela mensagem quebrou todos os meus ossos.

Saí correndo da minha casa e percorri o caminho que eu sabia que ele sempre tomava. Nossas casas não eram tão longe assim, então era possível chegar andando.

Quando virei duas ruas antes da rua da casa dele, vi uma pequena multidão em forma de círculo a alguns metros da esquina. Meu coração se apertou. Rezei para que Louis estivesse no meio das pessoas, apenas com o celular faltando. Ele poderia ter apenas derrubado-o no calor do momento.

Mas, no fundo, eu sabia que não era isso que havia acontecido.

Aproximei-me do aglomerado de pessoas e ouvi, "O carro veio correndo muito rápido e não conseguiu frear. Acabou subindo na calçada, onde o garoto estava", uma mulher soluçou. "O menino tava tão feliz!"

"Tão jovem, tão bonito! Uma pena!", a mulher que estava ao lado da outra respondeu.

Fora do meu estado mental normal, apenas saí empurrando todo mundo até chegar perto do corpo que estava caído no chão.

Havia paramédicos e policiais atrapalhando minha visão, então fui obrigado a aproximar-me mais. Eu só precisava ter certeza de que aquele não era Louis. Alguns guardas perceberam minha aproximação descontrolada e rapidamente seguraram-me, antes que eu pudesse chegar onde os médicos trabalhavam.

"Pelo amor de Deus, eu preciso ver se é o Louis!", gritei, debatendo-me nos braços do policial. "Louis!"

"Se acalma", o homem falou. "Respira fundo. Vou deixar você ver se é esse Louis mesmo quando você fizer isso."

Respirei fundo três vezes antes de ele me dar passagem.

O carro havia batido na parede ao meu lado esquerdo. Olhei para o chão e havia muito sangue. 

Muito. Sangue.

Ousei encarar a pessoa caída que recebia os primeiros-socorros ali mesmo.

Aquela imagem vai me perseguir até o fim da minha vida.

Era Louis.

Louis com a cabeça toda machucada e sangrando. Com o corpo todo ferido. Era... Horrível. Mais que horrível. Era sufocante e desesperador.

Eu percebi a aproximação de uma mulher pela frente da ambulância antes de eu cair de joelhos no chão, chorando. Tia Jay me encarou rapidamente e olhou para o chão, onde Louis estava.

Ela gritou antes de desmaiar.


[...]


Estávamos na sala de espera do hospital: eu, minha mãe, meu pai, tia Jay, tio Mark, Stanley, Niall, Zayn e Liam. As irmãs de Louis não estavam, pois ficaram com a avó. Johannah achou melhor não levá-las a um hospital por causa daquela situação.

A minha ficha finalmente caiu, horas depois do choque inicial.

Eu não conseguia parar de chorar e tremer. Minha mãe abraçou-me, mas nem o toque dela trouxe calma. Pior, deixou-me mais agitado, porque era familiar. E toques familiares me lembravam Louis.

Não queria perdê-lo, não poderia perdê-lo.

Como viver em um mundo que Louis não estaria?

No meio de tantos pensamentos dispersos e obscuros, senti uma picada no braço e logo apaguei. Minha mãe havia pedido para aplicarem um calmante em mim.


[...]


Acordei algumas horas depois. Já passava das onze da noite. Liberaram-me do quarto e eu voltei à sala de espera para ficar com os outros. Pela expressão no rosto de todos, percebi que o médico ainda não havia terminado a cirurgia. Todos, apesar de cansados, ainda estavam esperançosos.

Seria ruim dizer que eu já havia perdido as minhas esperanças?

Eu sentia que as coisas não estava bem e era isso que angustiava. Tudo o que eu podia fazer era sentar e esperar enquanto tentavam salvar a vida do meu Louis.

Cada segundo de espera pareciam horas. A Teoria da Relatividade poderia ser facilmente provada usando-nos como exemplo.

De repente, um médico entrou pela porta de acesso aos quartos, aparentando estar cansado. Nós todos rapidamente nos levantamos (antes acordando aqueles que estavam dormindo) e esperamos para ouvir o que ele iria dizer.

"Familiares do senhor Louis William Tomlinson?", ele perguntou e alguém assentiu. O médico respirou fundo antes de continuar, "Nós demoramos para dizer algo porque no primeiro teste clínico detectamos morte cerebral; porém, para termos certeza, temos que fazê-lo duas vezes e nós terminamos há pouco... Eu sinto muito. Não houve respostas a nenhum comando ou estímulo. Nós precisamos desligar os aparelhos."

Louis. Estava. Morto.

M o r t o.

M O R T O.

Essa palavra parecia ecoar cada vez mais alto na minha cabeça. E não havia nada que eu pudesse fazer para salvá-lo. Era torturante.

Olhei para o lado e vi tia Jay quebrar. Foi como ver uma lâmpada, antes tão brilhante, se queimar. Eu sabia que eu estava mal, mas nenhuma mãe deveria passar pela dor de perder um filho. Abracei-a e tentei passar algum sentimento bom para ela, mesmo sabendo que isso era impossível.

Eu fragmentei-me em milhares de pedaços. Parecia que algo havia sido arrancado de mim; a dor se propagava pelo meu corpo inteiro a cada batida do meu coração.

Não havia nenhum sentimento ameno dentro de mim. Apenas uma grande mistura de dor, tristeza e desespero. Na verdade, o abraço era necessário, porque não queria deixar meus cacos caírem no chão. Seria difícil recuperá-los se isso acontecesse. Eu perderia alguns fragmentos e nunca mais seria inteiro.

O problema é que eu não sabia que já havia quebrado e derrubado as partes no chão no momento em que vi Louis no asfalto todo ensanguentado.


~*~


Notas finais da autora:

Não me abandonem nesse finalzinho, não.

Esse ainda não é o capítulo final, só pra deixar bem ***claro***.

keeping promises (even though it is really hard to) | l.s | short-ficDonde viven las historias. Descúbrelo ahora