01. I think I saw what happens next

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Alguns meninos mais velhos haviam empurrado-me novamente no pátio da escola.

Eu tinha sete anos e não entendia o motivo disso. Eles me chamavam de gay, bicha, mulherzinha... Todas as coisas que pode-se imaginar como ofensa sobre a sexualidade de alguém. Tudo apenas porque eu preferia usar rosa a azul ou porque eu preferia brincar de boneca com as meninas nas sextas de brinquedos a jogar futebol com o resto dos meninos.

É claro, eu não compreendia que isso era um problema na visão machista do resto do mundo.

Uma das professoras havia visto a cena, eu sabia. Porém, assim como os outros, ela repudiava meu comportamento; portanto, nada era feito. Ela não me batia, mas calar-se ao ver uma episódio desse tornava-a uma agressora também.

Saí correndo chorando e fui ao banheiro, já que eu estava usando bermudas e, por ter caído no chão, havia ferido o joelho direito.

Na banheiro masculino havia três cabines e entrei na primeira delas. Tranquei a porta, apoiei-me com as costas na mesma e comecei a chorar alto. Não me importava se alguém iria ouvir; afinal, eu já havia sido ridicularizado mesmo.

Pouco tempo depois, o sinal tocou, indicando que o intervalo havia acabado. Resolvi que teria que limpar o rosto, fingir que estava bem e voltar para a sala, porque não queria incomodar minha mãe, fazendo-a sair do trabalho para ir buscar-me na escola.

Quando abri a porta, um menino de olhos azuis que aparentava ser mais velho que eu estava prestes a bater na porta da cabine que eu estava. A mão dele já estava até levantada e em forma de concha.

"Oops!", exclamei, surpreso. Não era para ter ninguém ali naquela hora, já que todos os alunos sabiam como os professores reagiam aos atrasos.

"Hi", ele replicou de volta, sorrindo, como se ele estivesse aguardando que eu dissesse algo. "Estava esperando você sair."

Eu o encarei, franzindo levemente o cenho, sem falar nada.

"Ouvi você chorar", respondeu minha pergunta silenciosa e eu assenti. "Oh!", exclamou quando viu meu joelho ensanguentado.

"Não estava chorando por causa desse machucadinho!", defendi-me, antes que ele dissesse qualquer coisa sobre eu ser 'uma menininha chorona'.

"Tudo bem chorar por se machucar", ele disse. "Eu sempre chorava quando caía", confidenciou em voz baixa.

"Você é a única pessoa que não me chamou de gay por estar chorando", revelei, ainda triste.

"Todo mundo chora, eles apenas não admitem", o menino explicou enquanto pegava um punhado de papel e colocava embaixo da torneira, molhando-o. "Senta aqui", apontou para a bancada da pia, "Temos que limpar seu joelho."

"Não precisa me ajudar, você já tá atrasado para a aula."

"Não me importo, na verdade. Senta logo."

Resignado, fiz o que ele pediu e aproveitei para perguntar o nome dele.

"Louis. E o seu?"

"Harry."

Depois de alguns segundos pensando, falei, "Você não deveria conversar comigo, vão começar a te xingar também."

"Não ligo", ele terminou de limpar e jogou o papel sujo no lixo. "A partir de hoje, vou estar sempre com você."

"Promete?"

"Prometo", Louis confirmou.

"Vou ficar até o final com você", estendi o dedo mínimo para ele. "Pinky promise."

Mal sabia eu que essa promessa, anos depois, seria o que me manteria junto a ele mesmo que a minha maior vontade fosse estar bem longe.

keeping promises (even though it is really hard to) | l.s | short-ficWhere stories live. Discover now