Capítulo 2

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Eu estava nervosa. Era a primeira vez em dois anos que iria sair sem Oliver do meu lado. Minhas mãos suavam por conta da estranheza, mas outras partes do meu corpo vibravam com a expectativa. Encarei-me no espelho do armário de Calum e verifiquei se tudo estava beirando a perfeição. Minha pele escura tinha algumas marcas de suor que tratei de limpar com delicadeza e retoquei o batom vermelho que destacava meus lábios retorcidos em um sorriso forçado. Tinha tentado destacar meus olhos escuros e deixado meu cabelo o mais perto do natural possível, dando-lhe cachos e volume.

O mais difícil tinha sido escolher minhas roupas. Isso quase tinha me feito desistir da ideia de sair àquela noite. Fiquei minutos incessantes trocando e debatendo comigo mesmo o que seria melhor. Optei finalmente por um top preto que deixava minha barriga chapada exposta e uma calça, que aparentava ser de couro. Para finalizar, coloquei botas de cano curto e dei uma volta satisfeita com o resultado que tinha conseguido.

Abri a porta sabendo que Calum e Jesse estavam impacientes me esperando, principalmente o meu ex. Ambos se levantaram assim que dobrei o corredor. Calum assobiou para mim e Jesse deu seu típico meio sorriso. Também os admirei. Eles estavam vestindo praticamente a mesma coisa, mas em cada um destacava pontos distintos. A camisa preta de Jesse deixava a seus músculos ainda mais acentuados, enquanto a calça jeans de Calum fazia o bumbum dele quase irresistível.

— Desculpe pela demora — eu disse com leveza. Abaixei os meus olhos para a minha bolsa de mão. — Faz um bom tempo que não faço isso.

Calum veio em minha direção e pôs a mão em meu ombro em sinal de apoio.

— Você está perfeita.

Jesse assentiu.

— Vamos ter que te vigiar de perto, Englert. — Jesse brincou, chamando-me pelo sobrenome, como antigamente. Colocou um braço ao redor do meu e Calum me ofereceu o outro. — Será invejada por todas as mulheres na boate também.

Eu sorri, porque sabia que ele tinha razão.

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Assim que saímos do táxi, fomos atingidos pelo vento quente do centro de Vancouver. Jesse tinha uma caminhonete vermelha antiga que mantinha desde o final do colegial, porém ele se recusava a dirigi-la depois de bêbado e se negava mais ainda a deixar de beber. Paramos em frente a uma das boates que, segundo Calum, era boa para transparecer e quase nunca tinha confusão. Isso quase não me tranquilizou.

— Você tem que relaxar, Vega — Jesse disse, nos puxando em direção ao bar. Eu fiquei contente com a camaradagem que ele estava demonstrando e dei o braço a torcer para o que Calum tinha dito. Ele realmente tinha mudado. — Duas vodcas e uma cerveja.

Ou talvez nem tanto.

Ele estendeu um dos copos na minha direção e eu peguei, hesitante. O ambiente não estava tão cheio e agradeci por isso. A música já estava embalando algumas pessoas na pista de dança e pressionei os lábios, querendo reunir coragem para fazer o mesmo. Olhei para Calum que assentiu e deu um gole em sua cerveja.

— Essa noite é sua, Vega. — meu amigo disse.

Percebendo que ele tinha toda razão, virei o líquido garganta abaixo e tentei reprimir uma careta. Por cima da música, escutei o riso dos dois e acabei por sorrir também. Tirei uma mecha de cabelo do meu rosto e fui em direção ao bar. Inclinei na direção do barman e fiz minha melhor expressão doce. Ele sorriu de volta, mostrando que eu estava no caminho certo.

— Pode me dar outra dose e uma cerveja — pedi com suavidade. Ele assentiu e não tardou em encher o copo vazio em minha mão, entregando a cerveja na outra. — Muito obrigada. — pisquei.

TroisWhere stories live. Discover now