09|| parte um. ✔

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CAPÍTULO NOVE

O carro corria depressa pelas ruas cheias e agitadas da velha São Paulo, meu peito estava apertado e mais uma vez naquela semana eu queria chorar. John, meu pai encarou-me pelo retrovisor e sorriu.

- Calma meu anjo. Sua mãe volta pra nós hoje, sã e salva. - Afirmou ele convicto.

No fundo eu sabia que era uma péssima ideia.

Ao se aproximar da zona leste, onde ficava o balcão abandonado da qual foi informado para nós na ligação de resgate que estaria ali minha mãe, meu pai tocou de leve o ombro do motorista para que ele desacelerasse um pouco e seguisse mais calmo e atenção por aquelas ruas perigosas. Na verdade eu não sei dizer o porque de eu estar aqui, indo resgatar minha mãe.

- John está certo disso? - O sotaque pesado do motorista questionou preocupado. - E só liberar as armas, convenhamos que nem é tanto assim!
Meu pai pareceu ficar irritado.

- Não Wes. O Castro não deve ser esperto o suficiente para esperar um ataque agora. Consigo minha mulher sem abrir mão de meu Império.

Assim como eu o motorista suspirou.

Meu pai saiu, sozinho com apenas uma pistola na cintura.

- Olá, estou aqui.

E tudo o que se passou a seguir em minha mente não faz sentido algum. Vejo borrões, a porta do balcão foi aberta completamente, vi minha mãe amarrada a uma cadeira, ela parecia desesperada. John, ao vê-la, baixou a guarda e correu até ela. Uma breve discussão seguida de um disparo. Fechei os olhos sentindo os olhos arderem e o coração apertar.

- Fica aqui e se esconde. - Wes correu desesperado até lá, encolho-me no vão do banco do passageiro, mas antes vejo o grito agudo de minha mãe e o líder da gangue atira contra sua cabeça sem nem ao menos pestenejar.

Em seguida um barulho irritante.

Toc, toc, toc.

Meus olhos abrem e sento-me na cama desesperada. Sinto minhas mãos tremerem, e minha respiração está pra lá de descompassado. Meus olhos ardem, tento acalmar meus nervos. A tempos eu não tinha um pesadelo que envolvesse aquela noite.

Mas o toque na porta me fez despertar e passar as mãos depressa limpando qualquer vestígio de lágrima aí possa estar presente.

_ Entre. - Grito com a voz meio embargada levemente desconfortável pelo meu estado.

Niall entra no quarto com um sorriso, mas logo expressa uma feição de confusão.

_Por que não está pronta?- Questiona ajeitando seu relógio de ouro em seu braço.

Sento na cama chutando os lençóis, encaro o despertador na penteadeira buscando alguma resposta óbvia nas "09h30m" que marcava o relógio digital.

O que era suposto eu fazer numa terça-feira as nove da manhã?

_Pronta para quê? - Franzi o cenho, deixando um suspiro preguiçoso escapar por meus lábios.

_ Ir a clínica, você sabe... A inseminação -Respondeu com um sorriso no rosto.

Como uma lâmpada minhas ideias se iluminaram.

_Só vou me trocar e já vamos.- O olhei esperando pra que ele se retirasse do quarto. Mas ele continuou ali, imóvel me encarando.

O imite e mirei suas orbes azuis brilhantes, um meio sorriso apareceu.

Ele tinha seus cabelos loiros perfeitamente alinhados, suas bochechas com um leve tom rosado, e sua boca... Chamava-me para toca-la eternamente. Tudo nele era completamente hipnótico, cada célula de mim era completamente atraída por ele é todos os seus mínimos detalhes. Até que meus olhos vão ao chão ao perceber que ele retribuia os olhares intensos que eu dava, brinco com meus dedos sentindo a palpável tensão.

_ O que você está esperando? - A cama afunda-se ao meu lado, e percebi que Niall sentara-se com os braços apoiados nos joelhos.

Encarei seus movimentos e respondi com a sobrancelha arqueada.

_ Que você saía do quarto...- Sussurrei sugestiva fazendo uma careta.

Ele logo levantou-se.

_ Claro. - Saiu fechando a porta atrás de si.

-♡-

A viagem até a clínica foi silenciosa, eu não tinha coragem nem vontade de cortar tal contrato de privacidade, talvez isso devesse-se ao fato de que pessoalmente não fora um dia que acordei bem. Sonhar com aquela noite trouxe a tona todos aqueles sentimentos que vinha reprimindo a um ano. Embora assim como no sonho, eu não lembre com detalhe de tudo o que aconteceu, lembro perfeitamente da dor e do desespero que senti.

Eu queria alguém para me abraçar e fazer eu me sentir segura. Eu precisava disso. Só de pensar na possiblidade de que eles estão atrás de mim, assusta-me.

Porém, o mais assustador e enxergar o loiro que dirige sereno a "humilde" Ferrari branca, como a pessoa com quem quero dividir esses medos e espero um abraço e um "vai ficar tudo bem".

Logo paramos suavemente em frente ao prédio de dois andares com que já estava até que habituada, por estar presa demais aos sentimentos que explodem dentro de mim, mal noto Horan -como sempre, sair primeiro e contornar o carro, enquanto tiro o cinto de segurança, ele já tem a mão na trava e abre a porta, trazendo um sorriso singelo de minha parte. A felicidade por dentro explode, o bom Niall está de volta.

Ele segue a frente até o pequeno lance de escadas que leva até o hall do hospital, quando me aproximo ele estende a mão na intenção de ajudar-me a subi-las, não nego, agarro sua mão com o sorriso ainda presente e seguimos de mãos dadas para dentro.

_Anny Simpson e Niall Horan - A voz soa tão inesperada que o loiro larga minha mão rapidamente.

Como se fôssemos pegos fazendo algo errado. E bem no fundo eu sabia que era.

Lyra a enfermeira pelo que lembro, nem sequer nos encara, gira os calcanhares e caminha rápido para os corredores rumo a sala do Dr. Carlos.

Sigo-a sem pensar, e sei que Horan está atrás de mim, posso sentir seu calor, mas ainda sim, fico mais tensa quando sua mão entra em contato minhas costas, ouso olha-lo por instantes. Ele se põe ao meu lado, sem deixar de tocar-me. Sua expressão é séria e serena, ele está focado no caminho que segue, o sol que adrenta as grandes vidraças da-lhe um contraste estonteante.

Sua cabeça gira e ele me pega lhe olhando, sorriu envergonhada, olho pro chão e mordo o lábio inferior, adorando essa tortura.

Como o caminho pro consultório pode ser tão longo?

Enquanto todo o doloroso processo de inseminação era feito novamente, eu mantive-me distante, ignorei tudo. Desde o discurso estranho que fez o doutor a nós e a falta de respostas a cerca das questões do loiro.

_Está tudo bem? - Ele quebra o silêncio que durou toda a nossa rota de volta à casa.

_ Não se preocupe. Estou ótima! - Eu sei que não fui convincente, mas ele fingiu acreditar e gosto um pouquinho mais dele por respeitar isso.

_ Espero que esteja mesmo! Não se esqueça que temos um jogo para ver hoje! - Eu sorri sinceramente animada .

_ Está entregue. Vou resolver uns assuntos rapidinho no shopping. - Bárbara obviamente. _ Volto em duas horas, esteja pronta loira.

Desci do carro dando um sorriso, concordei e esperei a Ferrari sair de minha vista antes de entrar na casa e subir ao quarto tomar um belo banho.

Barriga De Aluguel || N.H ||Onde histórias criam vida. Descubra agora