Capítulo XIX - Negociações (REEDITADO)

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Annemarie finalmente foi convencida a prestar queixa contra Sofia San Remo e os outros advogados da C-connect logo entraram em contato com o pai dela. Enrico a princípio não deu crédito, imaginando que Vincenzo e a irmã pensariam duas vezes no negócio entre eles antes de dar prosseguimento ao caso. Mas a denúncia chegou ao Departamento de Justiça, com provas circunstanciais e concretas, todas as imagens de Sofia andando pela fábrica e o laudo médico de Annemarie colocando a pedra final em cima de tudo.

Sim, Sofia tinha passado dos limites e agora o caso era sério.

- Marque uma reunião com aqueles sicilianos de merda, Carlo, e ache Sofia. Mande-a para Milão... não, mande-a para Marselha. Tire-a da Itália antes que essa merda toda respingue ainda mais nela. - o secretário assentiu com a cabeça e saiu, sem mais nenhuma palavra. E, apesar do pouco crédito que Sofia acabasse na cadeia, os advogados dos San Remo também foram contatados, por via das dúvidas.

Nas semanas seguintes, enquanto Annemarie Chevalier saía do hospital, Alessandra se mostrava pouco solícita a conversar com o magnata, já que Vincenzo estava ainda enlouquecendo meio mundo com a mudança da namorada de volta para a casa de Lúcia. Não podia negar também que seu próprio gênio estava muito alterado para o jogo que Enrico faria. A polícia estava envolvida e empenhada no caso e, já que estava fora da Itália sem prestar os devidos esclarecimentos, Sofia estava a um passo de ser considerada foragida.

Mas todos sabiam que uma hora eles teriam de sentar e conversar, tanto pelos aspectos morais quanto pelos econômicos. O acordo milionário com os San Remo não satisfazia mais a nenhum dos Cacciamanni se isso significasse a omissão de Enrico ao que a filha fizera e a impunidade consequente. A reunião foi marcada, na C-connect, onde os sicilianos se sentiam mais à vontade e onde tornariam as rupturas oficiais. Alessandra queria ter vantagem sobre o território e impedir o irmão de perder a cabeça, coisa que ele não faria na frente dos funcionários da fábrica.

Ou assim ela pensava.

- Vejo que vocês não estão muito inclinados a ouvir e perdoar. - Enrico comentou, casualmente como se falasse do tempo. Mais casualmente ainda, Alessandra rebateu:

- Iremos ouvir que Sofia não estava no vestiário da nossa fábrica agredindo uma funcionária grávida? Nesse caso, não nos cabe perdoar nada, independentemente do que você tenha a nos dizer, Enrico. - o velho congelou um sorriso frio no rosto.

- Gosto de como você não tem papas na língua, Srta. di Cacciamanni. Mas estão dando muito crédito a uma garota ilegal grávida sem nada a perder aqui. As câmeras não mostram minha filha batendo nela, uma queda naquele banheiro molhado teria os mesmos resultados. - Alessandra estreitou os olhos, não acreditando na cara de pau do velho. Mas seu braço estava restringindo o irmão de levantar e dar na cara de Enrico.

- Seria a palavra da sua filha contra a de Marie, mas o laudo médico é taxativo, carissimo. Ela foi periciada no hospital, por via das dúvidas, já que está grávida e a segurança do meu prédio poderia ser colocada em xeque. Entenda, San Remo, não fizemos nada no hospital pensando em Sofia, mas as provas se apresentaram contundentes. Nem ao menos a teríamos ligado ao acidente se Vincenzo não a tivesse visto na fábrica, indevidamente, e se ela já não tivesse tentado intimidar a funcionária antes.

- E porque diabos minha filha faria isso, Alessandra? O que ela ganharia? - nervoso com a argumentação da advogada, ele começou a se exaltar.

- Não é segredo para ninguém que meu irmão e sua filha tiveram um relacionamento mais... íntimo. E que, por decisão dele, esse relacionamento acabou. - Enrico fez menção de protestar, mas Alessandra ergueu a mão, calando-o - O senhor talvez não saiba, mas Sofia com certeza sim, Annemarie Chevalier está grávida e em um relacionamento com meu irmão. Foi o que motivou tudo.

O beijo do italiano - COMPLETOWo Geschichten leben. Entdecke jetzt