Capítulo XXIII - Conciliações (REEDITADO)

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A biscatinha de quinta categoria estava lhe dando muita dor de cabeça gratuita para compensar as coisas que Marta Bittencourt havia feito durante o namoro dela com o filho, não era possível...! Era a terceira vez só naquela semana que a tia aproveitadora se recusava ou esquivava de receber a senhora mãe do ex-namorado da sobrinha e o tempo urgia em face do nascimento da neta.

Se é que realmente era sua neta e não um golpe muito bem elaborado pela garota ingênua que havia fugido para a Europa e adiado ainda mais qualquer coisa em relação ao nascimento do bebê.

Naquele dia Marta resolvera deixar de lado o salto alto figurado em que se colocara a respeito da situação e esperou Maria Cecília aparecer, desde as dez da manhã.

Onze horas.

Meio dia.

Uma hora da tarde.

Uma e meia, a tia de Marie apareceu no começo da vila onde morava, carregando uma bolsa cheia dos papéis que usava na escola, cansada, com fome e irritada pelo dia exaustivo com seus alunos. Quando topou com a mãe do garoto dos infernos esperando-a dentro de um sedã preto lustroso em frente ao sobrado onde morava, bufou mais irritada ainda.

- Achei que não fosse aparecer nunca! - a estafa, a fome e a raiva eram similares ao que a dondoca estava sentindo. - Estou há dias tentando falar com você, precisamos conversar, seriamente.

- Eu não to acreditando na sua cara de pau, senhora Bittencourt. Que mais assunto que temos pra falar, que já não tenhamos jogado na cara uma da outra? Eu não tenho nada de novo pra falar. Seu filho desgraçou a vida da minha sobrinha e não quis saber do filho que fez. Ponto. Ela deu o jeito dela de ir criar a criança. Ponto. Não tem mais assunto. Não me encha mais a paciência!

- Não seja grossa, sua ignorante. Felipe não colocou uma arma na cabeça dela pra eles transarem por aí. Sua sobrinha é tão culpada quanto meu filho e não estou vendo ela por aqui para tomarmos as atitudes cabíveis a essa situação, querida. - jogou a isca e Maria Cecília cuspiu o anzol fora:

- A Annemarie não vai mais voltar, querida. Ponha isso na sua cabeça: ela refez a vida dela na Itália. Tem o apoio do pai e dos primos, um bom emprego e uma boa casa. - omitiu o casamento recente por que ela mesma ainda não havia digerido a informação direito. - Seu filho deixou por conta dela e eu não digo que apoiei e entendi tudo de cara, mas estou respeitando o esforço dela. Foi com a cara e a coragem e está se saindo muito bem, apesar de tudo. Então o que nos resta discutir? Comigo mesma, nada. - cortou. - Então, por favor, não me procure mais. Não ligue, não venha. Não quero falar com vocês nem saber de vocês. Resolvam com a Annemarie o que precisarem. E, se serve de alguma coisa, ela não precisa de mais nada.

- É de família essa arrogância, não é possível! - Marta estava aborrecida além da razão, saindo do carro e encarando Maria Cecília com exasperação - Como não precisa de mais nada? Se essa criança tiver nosso sangue, claro que ela precisará da convivência conosco, da proteção do nosso nome, e isso não nos será tirado por causa do orgulho tolo da sua sobrinha! - Maria Cecília então riu, abertamente, com um pouco de pena e raiva.

- O orgulho dela é o de menos, Marta. A Marie fez o que achou melhor por necessidade. O seu filho não lhe deu outra escolha e ela não foi covarde. Assumiu essa gravidez, passando por cima de mim e da nossa família, foi em busca de um futuro melhor para a filha com o amém do Felipe. Faz meses que ele sabe da gravidez, meses que a Annemarie contou a ele e pediu uma resposta, uma reação. Ele se omitiu. Ele arregou. - o riso sarcástico doeu mais que uma ofensa direta - Não me peça para intermediar nada, quando foi para apoiar qualquer coisa entre os dois, você foi a primeira a tirar seu corpo fora, proibir, negar, estimular a separação deles. Pegue seu filho e vá a senhora mesma atrás da minha sobrinha e da sua neta, vá para a Itália, para o Diabo que a carregue, mas  não me perturbe mais com esse assunto. Se está com tanto remorso assim, aja em benefício da criança, que não tem culpa da covardia do pai. - Marta se sentiu ofendida e sem poder refutar, arranhou as próprias palmas das mãos de tanta raiva. 

O beijo do italiano - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora