2 - Conflitos

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“Cada um lida com a dor de uma forma. Uns enfrentam, outros se fecham”.


Ryung

— O que você quer mãe? - pergunta ele exaltado — mais dinheiro? Não, assim não dá. Não posso acreditar que você tem a cara de pau de me pedir mais dinheiro depois de gastar todo o seu dinheiro na Suíça.

Ryung estava transtornado, sua mãe lhe pedia dinheiro, enquanto o que ele queria era economizar para propor uma parceria comercial com uma marca de leite, já que tanto sua empresa quanto a da MR eram de Cereais, inclusive Matinais e seus negócios estavam indo de mal a pior depois dos vários comerciais incríveis (o que ele devia admitir) de sua concorrente. Ele sabia que era a melhor saída, então teve que ultrapassar e esmagar o seu orgulho, que era o que ele tinha de menos.

— Filho, preciso de dinheiro pra comprar aquele vestido que tinha falado para você. - ela disse com carência e fazendo carinho no cabelo do filho que agora se encontrava sentado no sofá e com as mãos na cabeça.

— Pra comprar um vestido? Só pra isso? Não vou te dar dinheiro pra mais uma das suas futilidades. Sobreviva com o que tem. - ele disse e se levantou arrumando sua gravata e colocando o seu terno, pronto para comer alguma coisa e ir direto para o trabalho.

— Não é uma futilidade, eu realmente preciso. - ela diz irritada pois ainda não tinha recebido o seu dinheiro. Ryung a ignora. - Você vai sair? - Pergunta ela.

Ryung bufa:
— Sim mãe, vou trabalhar - disse em um tom cansado.

— Você só vive nesse serviço, nem te vejo direito. - disse ela agora em um tom preocupado.

— Claro. Lá é o único lugar onde posso ficar tranquilo e sossegado. Onde posso ter paz! - diz ele saindo de casa e se encaminhando para a garagem.

— Como assim, só lá você pode ter paz? - perguntou ela brava, enquanto ele entrava na sua Range Rover — Me responde Ryung. Você fica irritado por eu querer algo que é meu por direito? - ela continuou gritando como uma louca e Ryung tenta não ligar para o que a mãe dizia já que ela estava bêbada - Você acha que tem o direito de falar assim com a mulher que te fez vir ao mundo? Você tem mais que me dever respeito e consideração...

Ela continuou gritando na rua, enquanto Ryung acelerava e deixava a mãe para trás.

Ele soltou o ar que ele não sabia que segurava e se sentiu leve. Ficava se perguntando se teria que aguentar a mãe para sempre no seu pé. Mas, considerando que ela era sua mãe, ele tinha certeza absoluta que sim.

Todo mês ele dava metade do seu salário para ela e esperava que ela o deixasse ao menos em paz. Porém, era sempre a mesma coisa, ela gastava o dinheiro em viagens e bebidas caras e depois se dirigia até a casa de Ryung para pedir mais dinheiro.

Aquilo deixava ele exausto, mas ele sabia que não poderia esperar menos da mãe, já que desde a morte de seu pai, ela começara a agir de uma forma totalmente diferente daquela dona de casa preocupada com o lar e em manter tudo em ordem. Ela passou a ser egocêntrica e muitas vezes não sabia como lidar com o fato de que alguém (apesar de ser um adolescente), dependia dela financeiramente.

“Cada um lida com a dor de uma forma diferente”. Pensou Ryung, enquanto dirigia e se relembrava de uma situação que havia acontecido na sua adolescência.

Memória Perdida Where stories live. Discover now