3 - O Acidente

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“As coincidências nem sempre são boas. Vai haver momentos em que você desejará nunca ter conhecido aquela pessoa”

Ryung

Dois carros haviam se chocado. Duas vidas totalmente diferentes, a partir daquele momento estavam interligadas. Destino? Talvez não, apenas mais uma coincidência da vida.

Ryung estava desacordado em um carro que estava prestes a explodir, porém ele acorda e vê a cena da garota que estava a sua frente. Ela tentava desesperadamente sair do carro, que estava capotado naquela grande avenida.

Ele sentia que tinha que fazer algo por ela, e em sua tentativa desenfreada, se esforçou para sair pela janela do carro, (já que a porta estava travada) quebrou a janela com o cotovelo e com a adrenalina que percorria por todo seu corpo, nem sentiu a dor do impacto. Saiu de lá dando uma cambalhota pelo vidro, sentiu a dor na costela quando fez isso, porque caiu de costas.

Foi cambaleando até aquela moça, que agora estava desmaiada. Quando chegou no carro dela, tentou abrir a porta, mas não conseguiu, então puxou ela para fora do carro, pela janela.
Com a ajuda de um homem que passava por ali, ligou para o resgate.

Neste exato momento o carro de Ryung explode e essa explosão faz com que as chamas consumam a gasolina da pista, que chega até o carro de Angeline, que também se explode. Aquilo deixou tanto o homem, quanto Ryung assustados.

— O que aconteceu? - perguntou o homem aflito só de olhar para a garota.

— Um acidente. Bati meu carro no dela. - ele respondeu chorando.

Depois de meia hora, o corpo de bombeiros chega para apagar as chamas que já estavam um pouco calmas, ao longo que os carros eram consumidos. O resgate também chega e atende Ryung e Angeline que ainda estava desacordada.



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Angeline

Ela acorda em uma maca do hospital, olha em volta e não entende o porquê de estar ali. Só se lembra se ter saído de uma empresa. “Que empresa era? Eu sai de carro? Mas, desde quando eu sei dirigir?” Pensava Angeline. Tudo estava confuso. Ela não entendia o que estava fazendo ali. Era como se parte de sua vida estivesse em branco, como se nada tivesse acontecido. Porém, teria que ter, já que estava deitada em uma cama de hospital, recebendo soro pela veia e sem falar nas fortes dores de cabeça que sentia, a ardência dos vários arranhões pelo corpo e uma dor forte no braço como se tivessem puxado ele com muita força.

Angeline olha para todos os lados, esperando que a resposta viesse o mais rápido possível. Afinal, ela era curiosa e foi exatamente esta curiosidade que a levou para aquele novo cargo na empresa. Porém, ela nem sabia onde trabalhava, muito menos que havia recebido uma promoção.

Ela ouve passos vindo em direção da porta e quando ela se abre, toma um breve susto. Quem era ele? Perguntou ela mentalmente ao ver Ryung. Angeline sabia que não era médico, pois ele não estava de jaleco e não tinha nenhuma prancheta na sua mão ou qualquer coisa que o identificasse como tal. Da sua família não poderia ser. Ela se lembrava que ontem havia tido uma confraternização na sua casa e sua família estava toda reunida e ele não se parecia com nenhum primo distante. Aliás, essa confraternização de que ela se recordou no momento em que o viu tentando buscá-lo na memória, seria de três anos atrás,  logo após sua formatura na escola.

— Olá, me desculpa o incômodo. - ele disse percebendo que ela não estava nem um pouco a vontade por ele estar ali. - Porém, precisava me desculpar pelo o ocorrido."

Ela levantou uma sobrancelha sem entender muito bem o que ele dizia, como se ele estivesse falando grego.

— O que aconteceu comigo? E o que você tem haver com isso? - perguntou ela apreensiva. Sabia que não podia confiar nele, mas a curiosidade era demais para aguentar por uma pessoa confiável.

Ryung ficou desconfortável de ter que responder perguntas tão difíceis de responder na situação em que se encontrava, já que teria que revelar o real motivo do acidente. Ele odiava ter que dividir seus problemas com outras pessoas, mesmo que fossem desconhecidas.

Nunca que ele iria imaginar que aquela à sua frente, era a vice presidente da empresa adversária a sua e que ela nem se recordava disso.

— Eu bati meu carro no seu e você acabou tendo escoriações piores, por ter batido a cabeça. Ficou em coma por uma semana. Alguns dos seus familiares vieram e quase me agrediram, mas a polícia e os médicos não deixaram eles cometerem tal ato. Me desculpa pelo o acidente e por tudo o que te causou, não queria te causar um transtorno desses."

Ryung parecia para Angeline, um cara educado e bem afeiçoado de semblante. Porém, o fato de ele ter batido no carro dela, a fez crer que deveria ser um drogado no máximo, e um bêbado no mínimo. Afinal, até esses são educados quando querem ou não estão sobe efeito. Mas nada tirava da sua cabeça que o conhecia de algum lugar, pois parecia familiar de algum modo.

— Você acha mesmo que um pedido de desculpas vai concertar o que você fez? Acha mesmo? - ela perguntou transtornada e completamente irritada por ele estar aparentemente bem e ela ainda estar deitada em uma maca.

— Não, não acho isso. Só gostaria que entendesse que eu não estava bêbado, nem drogado. Só estava... Passando por um momento difícil. - ele disse tentando explicar, porém Angeline estava irredutível e ignorou completamente o que ele disse.

— E você acha que isso é motivo pra bater no carro de uma pessoa desconhecida e fazê-la ficar em coma, por...? - disse ela um pouco descontrolada e pensativa, pois não se lembrava quanto tempo ficou em coma. - por... Por...”

— Uma semana? - respondeu ele tentando ajudar.

— Uma semana. Você me deixou em coma por uma semana. Tem alguma noção disso? Perdi uma semana da minha vida! Não que ela seja tão interessante, mas é minha vida e não quero que outras pessoas decidam como ela vai ser.”

— Olha, não estou tentando justificar. Eu só ... Eu só sinto muito. - Ele disse com um tom cansado.

— Sentir muito não irá trazer meus dias de volta. Agora por favor, poderia sair do meu quarto? Não quero ter que olhar para o senhor. Nunca mais!" - disse ela com a voz elevada.

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Ryung

Ele não disse mais nada. Mas, na sua cabeça se repetiu diversas vezes “Será que ela perdeu a memória?” Os médicos disseram que isso poderia ser possível, mas não era algo que ele queria acreditar. Só despertou mais ainda a culpa nele.

Ryung sabia que estava errado em toda essa história. Porém, não deixava de culpar sua mãe mentalmente por ela ser do jeito que é e fazê-lo lembrar de sua infância com dor e sofrimento.

— Você é o senhor Ryung Kim? - perguntou um policial, depois que ele saiu do quarto de hospital de Angeline.

— Sim, sou eu. - Disse Ryung desconfiado de que isso só poderia ter haver com o acidente que ouve entre ele e Angeline.

— Nos acompanhe até a delegacia, precisamos que o senhor dê seu depoimento do ocorrido. - respondeu o policial. - Espero não ter que usar as algemas, então se comporte."

— Você não vai precisar. - disse Ryung confiante, porém apreensivo. Sabia que estava entrando em uma jaula de leões ferozes

Memória Perdida Where stories live. Discover now