Revelações.

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No prédio onde a Mariza mora.

— Boa Noite, apartamento 801.

— Qual seu nome?

— Luiza.

— Pode subir.

— Boa Noite Mariza, sei que não avisei antes que viria, mas quando resolvi já estava na rua.

— Tudo bem Luiza pode entrar, bebe alguma coisa?

— Não obrigada, eu acabei de jantar com o Otávio e ele me falou que esteve ontem com você, e lhe fez um favor, eu perguntei é claro o que vocês ainda tinham para conversar, mas ele não pôde me contar por lealdade a você.

— Ele fez isso?

— Sim ele fez, e me contou também que você tinha pedido para vocês voltarem a jogar, mas ele não aceitou.

— É verdade, realmente você deve ser uma excelente escrava ou melhor uma escrava especial, porque eu nunca vi o Otávio dando satisfação da vida dele a ninguém, principalmente a uma escrava, seria um belo motivo até de cancelamento de contrato. Foi isso que aconteceu com você?

— Não, você está enganada eu não sou escrava do Otávio, ele é meu... futuro marido.

Gargalhadas.

— Você só deve estar brincando, eu sei que seria o sonho de qualquer escrava do Otávio se tornar a esposa dele e também ser sua escrava, mas o Otávio não conhece o amor, ele também é quebrado por dentro.

— Eu não estou brincando Mariza, eu estou esperando o seu irmão chegar para poder conversar com ele sobre a minha história com o Otávio, queremos ficar juntos como namorados, e não como um dono e sua escrava. Eu e seu irmão estamos juntos a muitos anos e o Leonardo ainda não me deixou entrar em seu coração, nunca chegamos a conversar sobre casamento, filhos e nem morarmos juntos, vivemos um dia em cada apartamento e essa virou a nossa rotina, trabalhamos e vamos cada dia para casa de um.

A Revelação.

— Eu nunca achei que você fosse a mulher da vida do Leonardo, ele não brilha como brilhava quando estava ao lado da Isa, talvez a inocência da juventude deles sei lá, eu sei que meu irmão ainda vai encontrar a mulher que trará um brilho de volta a ele. Mas não aceito essa sua traição com a minha família, e eu não estou falando isso porque você está saindo com o Otávio que é o homem que eu amo.

— Você ama o Otávio?

— Amei desde do primeiro dia que eu coloquei meus olhos nele em uma festa, mas ele estava acompanhado por uma escrava, pedi para sermos apresentados, e ficamos amigos antes de jogarmos juntos. Contei a ele meus traumas, mas ele nunca se abriu comigo. Em uma festa depois de alguns anos eu não estava bem, e ele chegou sozinho, e foi nossa primeira vez em um quarto onde outras pessoas podiam nos observar, ele gostou de jogar comigo e fizemos um contrato de um ano. E nesse período tive uma crise e pedi a ajuda dele, ele foi o único homem que não recusou a me chicotear.

— O que! Ele te batia?

— Não, ele me castigava.

— Mas por que você pedia para ele lhe dar chicotadas?

— Porque foi a forma que eu encontrei de trabalhar a minha dor emocional. Eu me auto mutilo desde da adolescência, e quando vim morar sozinha aqui em São Paulo descobri que poderia ter esse alívio com a ajuda de pessoas que são profissionais, como dominadores e donos que sabem a hora de parar e não perdem o controle nunca. Mas com tempo algumas poucas chicotadas me davam prazer, mas não me faziam esquecer a dor emocional, foi quando eu comecei a pedir para continuarem a bater até eu ver o sangue pingando no chão, mas as pessoas se recusavam a fazer. Voltei a me automutilar e toda vez que eu estava com um novo dono eu pedia a mesma coisa, e eles sempre recusavam até o dia que eu conheci o Otávio, e ele não se opôs, e mesmo depois de estarmos separados ele ainda me ajuda nessa situação.

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