Capítulo Sete

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   O mês estava quase no final e os dias passavam com uma lentidão irritante, as coisas continuavam boas em Hogwarts, Belinda estava feliz na medida do possível, embora as brigas com Draco continuassem, cada vez mais intensas.

   Draco esperou Belinda sair do quarto e efetuou o feitiço, ele demorou cerca de duas semanas e meia para conseguir tal magia, mas finalmente saíra como ele esperava, na verdade, bem melhor do que desejava e imaginava.
   Malfoy afastou-se entre gargalhadas das escadas vai-e-vem, Belinda descia correndo como de costume. Quando entrou o loiro ainda ria, chamando a atenção de muita gente, assim que sentou-se a viu entra e correr para seu lugar habitual.

-Oi amor. –Cumprimentou Belinda e notou que a voz estava extremamente fina e infantil.
-Oi? –Marcos disse confuso.
-Filho da puta do caralho! –Soltou e girou nos calcanhares, Draco gargalhava.
-Não acredito. –Murilo soltou. –Belinda?
-Não, tua mãe. –Disse furiosa e os amigos caíram na gargalhada.
   A menina virou-se de volta para eles, esquecendo por um minuto a presença de Draco, os olhos negros continuavam frios e assustadores, naquele momento talvez mais que o comum, entretanto Belinda estava com a aparência de uma garotinha de no máximo 07 anos, com 1,35 metros de altura, com as bochechas grandes e coradas, tão fofa que não tinha como ter medo.
-Bell... –Marcos tentou, mas começou a gargalhar.
-Marcos Coren! –Berrou furiosa, mas a voz estava tão fina e engraçada que não tinha como ser levada a serio, Belinda havia se transformado aparentemente em uma criança.
-Eu... Eu...
-Quem deixou essa criança entrar em Hogwarts? Ou melhor, como conseguiram que... –Belinda virou-se roboticamente para Hermione, que abriu a boca em um perfeito ‘O’ quando notou quem estava a sua frente. –Be... Belinda? –A voz com um tom irritante de divertimento.
-Mas que caralho. –Disse encarando a mesa das Serpentes e começou a marchar até onde Draco gargalhava e lagrimava por conta disso. –Malfoy! Vem comigo agora! –Mandou, mas Draco começou a rir mais ainda. –Seu canalha, desgraçado, eu vou...
-Calma ai baixinha. –Douglas disse agarrando-a pela cintura e retirando Belinda dali antes que os professores chegassem com o diretor.
-Você me paga Malfoy! –Berrou ela se debatendo nos braços de Douglas, que a carregava com uma facilidade incrível.
-Hey, Belinda. –Douglas a colocou no chão.
-Se você começar a rir também, eu vou te estuporar. –Ameaçou e o amigo tentou segurar a risada.
-Amor, eu... –E gargalhou também. Belinda chutou sua perna com força. –Ai, filha da puta. –Reclamou se abaixando e massageando a canela.
-Vai continuar rindo de mim desgraçado?
-Não. –Disse respirando fundo para não cair na gargalhada.
-Como sabia que era eu?
-O cabelo não mudou e nem os olhos assassinos. –Ele riu. –E sem falar que você ameaçou o Malfoy, isso é bem você.
-Por que não deixou eu bater nele?
-Estávamos no meio do Grande Salão, você ia se meter em confusão. –Ela bufou e sentou no chão.
-Foda-se, pelo menos eu me acertava com ele.
-Desculpa rir de você, mas... –Ele riu de novo e recebeu um olhar fatal, logo ergueu as mãos para o ar em sinal de rendição. –Tudo bem, tudo bem. O caso é que você correria risco de castigo no mínimo.
-Foda-se.
-Diz isso agora por estar com raiva.
-Desde quando és tão responsável?
-Não disse em momento algum que sou responsável, mas és minha amiga baixinha.
-Eu não sou... –Ele olhou pra baixo e a encarou. –Foda-se!
-Você já viu como está?
-Não, to com medo de encarar o espelho.
-Acho melhor ver logo.
-Certo, me espera aqui.
   Belinda correu até o banheiro e com cautela virou-se para o espelho, assustando-se com a imagem refletida ali.
-Meu Merlin! –A voz saiu bem mais alta que esperava. –Eu virei... Uma criança. –Disse pra si mesma tentando manter o controle.
   Belinda ficou bem mais tempo em frente ao espelho do que gostaria, mas por fim decidiu tirar aquilo como uma piada, mas não significava que Malfoy estava a salvo, não se vingaria como da última vez, dessa vez atingiria diretamente seu ego, ele teria que entrar em contato com o que mais repudiava, ela ainda não sabia como ou quando, mas teria volta.
   Lestrange respirou fundo e ajustou sua roupa com uma sacodida de varinha, só não mexeu com a capa, que ficou bem maior que de costume, arrastava no chão de tão grande que estava, mas ela não viu problema algum nisso. Logo voltou para onde havia deixado Tayner, que ainda tava ali.
-Mas que porra, achei que a gente ia perder aula. –Reclamou ele se colocando de pé.
-Por que não foi pra sua?
-Pra você fazer merda? Não.
-Não vou fazer nada... –Ela deu um sorrisinho que deveria ser maldoso, mas saiu algo muito engraçado. –Ainda.
-Isso deve me preocupar?
-Se você for amigo do Draco. –Deu de ombros enquanto caminhavam para a próxima aula da menina.
-Merlin. –Disse ele rindo. –É melhor você ir pra sua aula.
-É, deixa eu encarar o babaca do Gilderoy.
-Boa sorte.
-Vou precisar. –Ele andou uns três passos.
-Amor?
-Fala.
-Você tá muito fofa.
-Se foder. –Disse ela puxando a varinha, mas Tayner já corria para longe da menina.
   Belinda respirou fundo e entrou na sala, Gilderoy e todos os alunos viraram para ela, Draco estava ali e começou a rir imediatamente.
-Quem é você?
-Belinda Lestrange, professor.
-Mas...
-Como professor de Defesa Contra as Artes das Trevas deveria saber que isso foi possível graças a um feitiço. –Disse ela sem muita paciência para sutileza.
-É claro que sei e sei também o jeito de reverter isso...
-Não! –Belinda quase berra e seus amigos todos começaram a rir, tanto por sua voz quanto pela reação.
-Deixa de bobagem.
-É sério, eu to legal, eu gosto de ser criança novamente... Eu... Eu...
-Belinda.
-Professor, é sério. –A menina estava quase chorando de desespero. “Ele vai piorar tudo” pensou e saiu correndo.
Draco estava segurando a barriga de tanto que ria e ninguém estava se importando com isso, porque a maioria estava na mesma situação, até mesmo os amigos de Belinda.
-Por que ela não deixou que eu fizesse? –Perguntou Gilderoy, fazendo todos rirem mais.

Belinda jogou-se no chão da Torre de Astronomia, respirando fundo pela corrida. Seus pensamentos focando em Draco, de repente uma ideia surgiu em sua mente e um sorrisinho perverso se desenhou nos lábios finos e infantis.
   Lestrange fora até o corujal e enviou sua carta, era questão de tempo até tudo ocorrer como ela esperava e desejava. A garota fora até a sala da professora McGonagall e lhe informou o que ocorrera, a mulher preocupou-se, mas lhe informou que o único jeito da magia chegar ao fim era esperar passar um determinado tempo, logo o horário do almoço chegou, Belinda se juntou a seus amigos e percebeu que todos já haviam notado o que ocorrera e quem era ela.
-E ai Bell?
-Oi. –Disse sentando-se ao lado de Marcos que ainda tentava conter o sorriso.
-Pode rir amor, eu sei, estou verdadeiramente cômica.
-Sinto muito, mas é que não dá para evitar. –Disse ele rindo.
   Belinda puxou um pedaço de pergaminho do bolso de sua capa e rapidamente começou a escrever, logo fez uma bolinha de papel e atirou para Malfoy.
Draco riu e aparou a bolinha de papel, os olhos escuros de Belinda traziam certo aviso, mas ele não deu importância, abriu o pedaço de pergaminho:

Você quer brincar? Que seja, eu também sei fazer isso, mas não me venha reclamar com o papaizinho depois e nem com a Narcisa, você está perdido Malfoy e é bom estar preparado para a vingança.
P.S.: Narcisa mandou uma carta e disse que é para irmos pra casa esse final de semana, onde pedia que tentássemos nos entender e não brigar, porque teremos visitas. Partimos amanhã após o café-da-manhã.
A propósito, quanto tempo dura esse feitiço? Não quero chegar como uma criancinha em casa.
Belinda B.L.

   Draco não esperava por aquela, imaginava que teria uma espécie de feitiço, mas não aquilo. Belinda lhe dera um aviso e fizera uma pergunta. Draco ficara encarando o papel por um bom tempo, mas logo ergueu os olhos e encarou Lestrange, a menina lhe encarou de volta, seus olhos cheios de perguntas. Por algum motivo Malfoy soube que deveria ter cuidado, Belinda era uma garota vingativa e ser feita, no sentido literal, de criança não seria algo que passaria em branco.
-O que você tá aprontando? –Murilo quis saber.
-Como é? –Disse Belinda encarando o amigo.
-Você mandou uma carta para Malfoy e ele parece muito surpreso. O que diabos você tá querendo?
-Naaada. –Disse rindo.
-Eu te conheço praga. –Freddie disse passando o braço por seu obro. –Fala logo baixinha.
-O que Draco mais odeia?
-Você?! –George disse incerto e ela riu.
-Não, ele não me odeia tanto assim.
-Então? –Disseram os gêmeos.
-Conto outra hora.
-É sério, o que você mandou para o Malfoy não tirar o olho daqui? –Marcos disse rindo.
-Só um recado da mãe dele. –A menina sorriu.
-Tem certeza disso?
-Absoluta. –Disse ela rindo e começando a comer.
Draco não tirou os olhos da menina durante todo o almoço, mas Belinda fingia não percebe-lo. Quando o almoço acabou Draco correu para o lado de fora e esperou Belinda, a menina saiu e ia passando por ele, mas Malfoy a segurou pelo pulso.
-Larga ela Malfoy. –Tayner mandou.
-Relaxa Douglas. –Bell disse rindo.
-A gente precisa conversar.
-Estou ouvindo. –O sorriso era cínico e não combinava com sua aparência do momento.
-A sós. –Belinda riu e assentiu.
-Tudo bem, mas é melhor largar meu pulso. –Ele fez o que ela pedira e caminharam alguns passos pra longe dos amigos da menina.
   Belinda se encostou casualmente na parede e o encarou, por algum motivo Draco percebeu haver divertimento nos olhos escuros.
-O que você tá aprontando Lestrange? –A garota gargalhou, fora algo infantil, mas com carregado de ironia.
-Nada Malfoy. Tá com medo de mim?
-Vê se cresce pirralha. –Disse ele batendo no topo da cabeça da menina.
   Belinda ficara confusa por um momento, ela não soube dizer se Draco estava sendo o cara que ela conhecera por conta de seu sorriso ou se ele só estava jogando com ela. Então a menina bateu na mão de Malfoy.
-Deixe o efeito dessa porcaria que você fez comigo passar e conversamos Malfoy. –Disse ela e ele deu um sorriso torto. –Mas fala ai, como você descobriu esse feitiço? E claro, quanto tempo vou ficar assim?
-Você tá armando Lestrange.
-Eu não farei nada hoje Black, relaxa. –Draco deu um passo pra trás e a encarou. Belinda o chamava de Black raramente e isso quando eram amigos. –Era só o que queria comigo? –Disse ela, percebendo ter sido amigável.
-Era si. –Disse ele frio. –Cuidado com o que tá aprontando Lestrange.
-Pode deixar Malfoy, eu sempre tomo cuidado. –Disse ela se afastando com um sorrisinho.
-O que esse loiro aguado queria? –Hermione perguntou encarando Draco se afastar.
-Nada demais, só encher minha paciência. –Disse a menina rindo baixinho.
-Estou ansioso pra ver o que você fará com ele. –Disse Murilo sorrindo.
-Eu já disse, não farei nada...
-Ainda. –Disseram seus amigos em uníssono e ela começou a rir.

A Filha Das Trevas (LIVRO 1 - COMPLETO)Where stories live. Discover now