Capítulo Quarenta - Mark

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   Draco se surpreendeu quando entrou, Belinda havia derrubado os castiçais de cima da mesa e tudo que se encontrava lá, sua mão direita sofrera um grande corte e o sangue escorria fluidamente, assim como as lágrimas.
-Belinda. –Draco fechou a porta e correu até ela.
-Eu o quero fora e longe daqui. –Disse baixo e entre lágrimas. –Eu quero aquele desgraçado fora da minha casa.
-Eu sei. –Sussurrou o loiro e pegou a mão da menina com a sua esquerda, a direita segurava a Varinha e efetuou um feitiço para que o sangue parasse.
-Por que ele tá aqui? Por quê?
-Não sei. –Suspirou e encarou a menina. –Mas nem papai parece satisfeito.
-Por que não o mandam ir embora?
   Draco estava vendo em sua frente a garotinha que Belinda fora um dia e seu medo e raiva eram notórios, porém a Belinda do presente tinha a força que a antiga não possuía e apesar de tudo, ela ainda demonstrava isso, mesmo em meio as lágrimas.
-Não sei.
   Os dois jovens permaneceram em silêncio por um longo tempo, até escutarem uma batida baixa na porta e Narcisa entrar.
-Belinda, minha querida...
-Eu estou bem. –Cortou o que a mulher dizia.
   Draco viu sua mãe olhar ao redor, para a bagunça que Belinda fizera e logo o sangue no chão, o que fizeram os olhos da mulher arregalarem e caírem sobre a menina, buscando a fonte daquilo.
-É... Vick preparou seu quarto e...
-Obrigada, eu já estou indo.
-Belinda...
   Lestrange encarou a mulher parada na porta e Narcisa viu a frieza e raiva nos olhos escuros.
-Poderia me dar um tempo, por favor?
   Narcisa suspirou e assentiu lentamente, a preocupação estampada em seu rosto.
-Claro.
   Narcisa se retirou do escritório e Draco encarou a menina.
-Ela está preocupada, mas a preocupação dela é desnecessária, não mudará em nada o que está acontecendo. –Disse ela e depois bufou.
-Não, não mudará. –Concordou ele.
-Vou pro quarto.
-Vamos.
-Vamos? –Ela ergueu uma sobrancelha enquanto o encarava, quase divertida, por trás da raiva.
-Não posso? –Sorriu fracamente.
-Pode.
   Belinda respirou fundo e secou qualquer rastro de lágrimas antes de abrir a porta, Draco estava ao seu lado e assim que saíram na sala, se depararam com Narcisa, Lucius e Mark.
-Decidiu vir falar com o seu...
-Não enche, Mark. –Mandou ela e ele sorriu.
-Fiquei sabendo que tem uns amigos novos, lá em Hogwarts. –Belinda congelou por um momento.
   Draco notou a mudança no ar e em Belinda, os ombros estavam em uma linha reta e as mãos fecharam e abriram por um momento, os olhos escuros encheram de uma fúria a qual Malfoy nunca vira.
-E se eu tiver? –Não parecia Belinda falando.
-Só estou curioso pra saber com quem minha afilhada anda.
-Pegue sua curiosidade e morra sufocado com ela. –Mark riu sonoramente.
-Cuidado com o que fala. –Ameaçou e olhou fixamente pra ela. –Você se lembra da Mary, não é?
   Draco viu a seus pais perderem a cor e Belinda ranger os dentes.
-Mark, acho que... –Lucius começou.
-Tenho certeza que se lembra da doce Mary. –Continuou o homem, ignorando Lucius.
-Mary, a mulher qual você torturou em frente a uma criança e usando as Maldições Imperdoáveis, a mulher que aceitou seu pedido de casamento.
-E sua madrinha, não vamos esquecer. –Riu e se colou de pé com calma. –E o quanto você a amava, Mary era louca por você também, a considerava uma filha e tenho certeza que você a via como uma...
-Estupore!
   Todos viram o homem girar no ar e cair sobre a poltrona, a levando junto de si. Belinda se adiantou, pedindo para que ele tivesse desmaiado, porém ele só estava com a leve expressão de dor e algo como uma satisfação doentia, a qual a menina achou estar imaginando.
-Veja só...
-Toque em alguém que me é próximo, que isso será comparado a cócegas. –Ameaçou e ele riu fracamente.
-Você não foi criada por Bellatrix, mas sem dúvida lembra a ela, porém você ainda é fraca.
-Se eu quiser machucar você de verdade, eu machuco. –Alertou. –Não toque nos meus, Mark, e eu não mato você.
-Está tentando me ameaçar? –Ele se colocou de pé, mas sorriu. –Desde quando você é tão feroz?
-Eu não to brincando, fique longe...
-Você está me cansando, Belinda.
-Se está nessa situação, vá embora. Deveria ter notado que não é bem vindo aqui. –Deu de ombros. –Ou sua burrice é tanta que o faz cego?
-Eu vejo bem, garota. –Sorriu. –O contrário de você.
-E o que não estou vendo?
-O convite que me fez. –Sorriu abertamente e Belinda ergueu uma sobrancelha. –A propósito, tem que começar a treinar, está fraca demais.
   Belinda rangeu os dentes e bufou de raiva e frustração, logo abandonou a sala e seguiu para o terceiro andar, onde ficava seu quarto.
   Lestrange entrou no quarto já desamarrando a faixa de seu braço e antes mesmo de atravessar a metade do quarto puxava o vestido sobre a cabeça, a menina sentia necessidade de um banho. A água do chuveiro estava gelada e ela se colocou em baixo, deixando a água cair em sua cabeça e escorrer por seu corpo, estava furiosa, mas com Mark era sempre assim, ele sempre a provocaria.
   Mark era um nome que queimava sua língua de modo odioso, mas quando ele cítara Mary, ela sentiu um ódio que não desejava sentir e que uma garota com sua idade não deveria.
-Belinda? –Draco chamou do lado de fora do banheiro.
-Oi? –Ela não havia notado que estava chorando até aquele momento.
   Malfoy suspirou e sentou na cama de cobertas cinza, a voz da menina estava rouca e chorosa.
-Quer comer algo?
-Não to querendo ver o idiota do Mark novamente!
-Relaxa, eu pego alguma coisa!
-Tá! Toma cuidado!
   Malfoy desceu as escadas e antes de chegar à sala escutou Narcisa tentando acalmar Mark.
-...Precisa sim.
-Ela é só uma garota. –Narcisa falou.
-Ela precisa treinar. –Informou. –Ela precisa ficar forte.
-E por que tanta pressa? –A mulher questionou.
-Quando Bellatrix e Rodolphus saírem de Azkaban, não será inteligente que ela seja só uma garotinha assustada, como vocês permitiram que ela crescesse.
-Minha irmã está há anos em Azkaban e todos sabemos que ela não sairá.
-Você tem certeza disso, Narcisa?
   Draco notou o silêncio assombroso na sala e depois ouviu um suspiro de sua mãe, não havia sinal algum de seu pai, que provavelmente já começara a sentir os efeitos da poção que Belinda colocara em sua comida.
-Como vocês pretendem tira-los de lá?
   Mark gargalhou perversamente.
-Minha cara Narcisa, tenho certeza eu seu marido viu a Marca Negra no céu na final da Copa Mundial de Quadribol e lhe contou, nosso Mestre retornou. –Havia uma dose de loucura, medo e ansiedade, na mesma proporção, quando ele falava. –Teremos que nos reunir novamente e você sabe. Sem falar que a Bella não ficará satisfeita com a criação da menina e seu filho deve continuar a linhagem de fiéis servos do Lord das Trevas, assim como Luci...
   Draco subiu silenciosamente para o quarto de hóspedes, sem querer escutar o resto, a qual discutiam o futuro que era designado pra ele.

A Filha Das Trevas (LIVRO 1 - COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora