Capítulo Dez

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        Belinda respirou fundo, não estava pronta para aquele dia, era seu aniversário de 14 anos, mas ela não desejava os parabéns que sabia que receberia. Ela saiu mais atrasada que o comum do Salão Comunal, exatamente para não encontrar ninguém. Mas ainda assim fora uma tentativa falha, pois assim que entrou no Grande Salão seus amigos a receberam com um coro de parabéns.
        Draco encarou a mesa vermelho e dourado, Belinda sorria forçadamente, ela nunca gostara realmente de fazer aniversário, mas estava deixando acontecer desde que entrara em Hogwarts e agora que já que estava no fim do seu terceiro ano com seus amigos, ela não brigava mais para não haver comemorações, simplesmente lhes sorria, principalmente porque as férias dariam início no dia seguinte, aquele seria seu último dia na escola antes de ir pra casa. Malfoy a viu sentar-se e sorrir, mas havia algo no olhar da menina, algo diferente e triste.
-O que o grupo do Potter tanto comemora? —Blaise quis saber.
-Aniversário da Lestrange. —Disse Draco, dando de ombros.
-Não vai lá dar os parabéns pra sua prima, Draco? —Debochou o moreno.
-Cala a boca Zabini, até parece que eu e ela somos amigos. —Os dois riram.
-Qual foi a última vez que vocês se falaram sem tentar se matar, em?
-Cara, acho que a gente tinha uns... Nove ou dez anos, não sei.
        Draco mentira, pois há um ano, quando Belinda fora levada por ele a Ala Hospitalar, aquela fora a última vez que se falaram, tanto de forma civilizada, quanto de qualquer outro jeito. Desde aquele dia não se falavam e mal se olhavam, Malfoy vez por outra analisava como Belinda estava, mas não assumia a si mesmo, entretanto Draco não quisera dizer isso a Zabini.
-Oi Draquinho. —Disse Pansy surgindo e o loiro a encarou, não havia notado sua aproximação.
-O que foi Pansy?
-O que você acha de darmos uma voltinha?
-Pode ser depois? Ainda to comendo. —Pansy pareceu irritada, mas Malfoy não se deu ao trabalho de lhe consolar.
-Tá. —Disse irritada e saiu rebolando do Grande Salão.
-A Pansy é apaixonada por você desde que te conhece, cara.
-Não to nem ai. —Respondeu ele normalmente.

       Belinda assistiu as aulas atentamente, mas ainda sem ânimo, quando estava saindo da aula de DCAT, que seria sua última aula do dia, deu de encontro com Cedrico. Os dois haviam se tornado bons amigos.
-Oi. —Disse ele sorrindo.
-Oi Diggory.
-Relaxa, você não precisa sair correndo, não vou te dar parabéns e tudo o mais. —Ela sorriu. —Eu lembro que você disse odiar isso.
-É isso ai. —Ele riu.
-O que me diz de darmos uma volta?
-Seria ótimo, evito que façam mais festa pelo meu aniversário.
-Até hoje não sei porque você não gosta.
-Sei lá, só acho uma data triste, não sei. —Deu de ombros. Mas Belinda sabia bem o motivo de não gostar de comemorar.
        Belinda e Cedrico começaram a caminhar e conversar distraidamente, até que Belinda deu de encontro com alguém, que a segurou antes que ela caísse. Belinda encarou os olhos acinzentados de Draco e ele a largou imediatamente. Lestrange lembrou-se que nunca mais tiveram contato algum, então se surpreendeu.
-Olha por onde anda, Lestrange. —Draco disse o mais ríspido possível, mas antes que ele saísse dali, Belinda encarou o cordão que o menino voltara a usar depois de quase um mês e sorriu. Embora não se falassem, Belinda o observava discretamente muitas vezes, pois apesar de tudo, nunca o odiara realmente.
-Valeu. —Disse simplesmente, confundido Cedrico, mas Draco suspeitava o motivo do agradecimento, ele bufou.
-Achei que estaria comemorando. —Debochou.
-Não gosto, lembra?
-Tanto faz. —Disse ele e se foi, mas a menina sorriu.
-Você e ele são estranhos quando não estão tentando se matar. —Cedrico comentou, fazendo-a rir.
-Cala a boca.
-Vamos pra onde?
-Torre de Astronomia, ninguém vai ali.
-Não me surpreendo, você sempre foge pra lá.
-Acho que sim. —Ela sorriu.
       Belinda e Cedrico voltaram somente na hora do jantar para o Grande Salão, todos perguntaram onde Belinda estava, entretanto ela não dissera. Estava pedindo a Merlin que aquele dia chegasse logo ao fim. A menina conversava tranquilamente com os amigos, mas encarou a mesa das Serpentes e encontrou Draco, mas ele não a olhava. Lestrange percebeu as olheiras abaixo dos olhos cinza, a pele dele estava mais pálida que o comum, parecia que Draco não dormia há dias, Bell repreendeu-se silenciosamente por notar isso, mas não conseguiu desviar o olhar do garoto loiro na mesa da Sonserina e nem parar de pensar o que acontecera, não desde a conversa mais cedo.
-Belinda. —A garota olhou em volta e percebeu que Murilo a encarava. —Tudo bem?
-Sim. Por quê?
-Parece que está longe. —Ela riu um pouquinho, mas não estava verdadeiramente animada.
-Não é nada, só estou pensando.
-Ela está irritada por ter que passar o verão com os Malfoy. —Marcos comentou ao perceber que a garota não queria dizer o que estava havendo e ela lhe sorriu em agradecimento. Coren não sabia o que Belinda tinha realmente, mas com o decorrer do dia ela ficara cada vez mais desanimada.
-Vai ter que ficar com eles mesmo? —Hermione quis saber.
-Eles são meus tutores. —Aquelas palavras explicavam tudo.
-Sinto muito.
-Não sinta. —Ela sorriu e se colocou de pé. —Vou andar um pouco e depois arrumar meu malão. Nos falamos amanhã.
-Não vai ficar mesmo com a gente? —Rony quis saber.
-Não, eu realmente estou cansada e quanto mais cedo arrumar meu malão, mais rápido me livro dessa obrigação.
-Ok.
-Boa noite. —Disseram eles e ela sorriu e fora para a saída do Grande Salão.
        Belinda caminhava rapidamente e quando dobrou em uma esquina, deu de encontro com Tayner, que passara o dia todo na detenção por ter entrado em uma briga, ele beijou o topo da cabeça da menina.
-E ai baixinha?
-Não sou baixinha. —Disse ela rindo um pouco.
       Douglas percebera que ela não estava bem, mas não queria pressiona-la, se ela precisasse sabia que poderia chama-lo. Ele sorriu.
-Pra onde você tá indo?
-Dormir, estou exausta.
-Achei que fossem te forçar a comemorar. —Zombou ele e ela sorriu.
-Você sabe que odeio isso, é só um dia comum.
-Sei, por isso estava fazendo meu trabalho de detenção e ainda não tinha te visto.
-Que bom. —Ela disse sorrindo.
-Mas ainda assim, toma. —Ele estendeu uma caixinha preta e ela bufou. —É um presente meu e dos meninos, sério, é só uma lembrança. Algo que poderíamos te dar qualquer dia.
       Belinda abriu a caixa e encontrou uma pulseira com vários pequenos pingentes, cada um lembrando algo diferente.
-Quais os significados? —Bell quis saber. —Acho que sei, mas não tenho certeza. —Ele riu.
-O trem porque foi onde nos conhecemos, o brasão de Hogwarts não preciso falar. —A menina riu. —Os animais são dos nossos Patronos, o Golfinho do Daniel, o urso do Murilo, o Pavão do Marcos e o Cachorro do meu. E uma Goles, porque você ama Quadribol. —A menina riu.
-Valeu.
-Que bom que gostou.
-É lindo.
-E se quiser colocar mais... —Ele deu de ombro.
-Quem sabe, não é? —Eles trocaram um sorriso.
-Acho que já vou dormir também, to morrendo de cansaço.
-Até amanhã, Tayner.
-Tchau baixinha.
-Tua mãe. —Ele riu.

A Filha Das Trevas (LIVRO 1 - COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora