Capítulo Quarenta e Dois

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   Draco sentou na poltrona do quarto de Belinda e a observou, ela desmaiara depois de tudo, a noite havia sido extremamente exaustiva e era normal que depois de tantas lágrimas e confusões ela o fizesse.
       Malfoy queria que as coisas fossem um pouco mais fáceis, mas não eram e não se tornariam. Após a conversa que escutara de sua mãe e Mark, vomitou tudo o que tinha em seu estômago, estava se sentindo febril e ver Belinda naquele estado não estava ajudando em nada sua melhora.
   Lucius já havia dito que ele se tornaria um Comensal da Morte, porém nunca achara que seria tão cedo e tudo o que Mark dissera afirmou as suas suspeitas, Lord das Trevas voltara à vida e isso anteciparia tudo o que ele temia e acabaria com todos seus planos.
   Draco era só um garoto que perderia todo o pouco de infância que tivera assim que Voldemort retomasse seu lugar, toda a liberdade desapareceria. E o fato de que Bellatrix e Rodolphus seriam resgatados de Azkaban não ajudaria em nada Belinda, que sofreria por finalmente conhecer seus tutores e provavelmente saber as verdades que Narcisa e Lucius tanto escondiam dela, Belinda perderia a liberdade que tanto amava e lutou para conquistar.
   Malfoy não poderia dizer em que momento sua mente embotou e ele começara a sonhar, mas sabia ser sonho porque se encontrava em Hogwarts, Belinda estava ao seu lado, porém estava tudo embaçado pelas chamas que se erguiam, Lestrange segurou o pulso do rapaz e o puxou para longe das labaredas, mas a escola parecia um labirinto e quando mais corriam, mais as chamas se aproximavam, até que entraram em uma sala calma e lá encontraram uma mulher de cabelo cacheado e olhos escuros, o sorriso era lunático e doentio.
-Tia Bellatrix. —Draco cumprimentou, mas sentia como se não fosse ele.
-O que vocês fazem aqui? —Questionou furiosa.
   Draco notou Belinda encarando um canto fixamente, em uma cadeira estava Granger, amarrada e amordaçada, as lágrimas escorriam e se misturavam com o sangue em sua bochecha.
-O que... O que está acontecendo? —Belinda perguntou horrorizada.
-Solte-a. —Draco pediu.
-O que? —Bellatrix berrava em meio à fúria.
-Solta ela! —Bell mandou e Bellatrix gargalhou perversamente.
-Você não manda em mim, garota! E ela é só uma Sangue-Sujo!
-Você tem que solta-la! —Belinda deu um passo à frente e vários lobisomens surgiram, a fazendo recuar e Bellatrix rir.
-Salve a Sangue-Sujo, Belinda! —Debochou Bellatrix. —Ou melhor, salve-a você, Draco! Tire ela daqui! Vamos! Tire! Tire!
   Draco olhou para o lado e viu um dos lobisomens avançar em Belinda, que embora tentando se defender, tivera um naco da carne do braço arrancado, enquanto Bellatrix gargalhava loucamente.

   Malfoy viu a cena mudar e ele estava na beira do Lago Negro, vendo o sol se pôr e Rúnda estava ronronando ao seu lado.
-Não Flea-bitten. —Disse tristemente. —Ela se foi.
   O gato miou longamente e Draco sentiu um nó na garganta.
-Belinda não vai voltar, ela se foi... Se foi para sempre, assim como minha mãe.

   Draco acordou suando em bicas, a garganta estava seca e as mãos trêmulas, seu coração parecia querer sair do peito. Ele olhou em volta e viu que Belinda ainda dormia, mas lágrimas ainda escorriam de seus olhos. Malfoy se colocou de pé e foi ao banheiro, ligou a torneira e deixou a pia encher, logo colocou as mãos em cuia para pegar água e jogou no rosto, ele se sentia febril e enjoado novamente.
   Draco percebeu que fora uma péssima noite, tudo deveria ter ocorrido bem e de modo divertido, sem a presença de Mark e nada daquilo teria ocorrido, todos ainda estariam bem. Malfoy deu um soco no mármore da pia e respirou fundo, sentindo a dor na mão e a deixando clarear seus pensamentos.

   Draco se apoiou no batente da janela e ficou encarando o horizonte, tão distante e perdido em pensamentos que nem vira que o dia nascia, o sono desaparecera por completo depois do sonho que tivera, de vez em outra olhava pra Belinda e via como ela parecia perturbada em meio ao seu sono e ele sabia que não era pra menos.
   Assim que o sol nasceu e a luz invadiu o quarto, Draco viu Belinda abrir os olhos, ela olhou em volta em busca de algo e por fim encontrou Malfoy. Os jovens se encararam por um longo momento, nenhum disse nada, mas Draco nem se deu conta, pois fora extremamente rápido, Belinda se ergueu de sua cama em um pulo e atravessou o quarto, jogando os braços em volta da cintura do rapaz, que após passar o momento de surpresa, a abraçou e sentiu o corpo da garota sacodir por conta de seu choro.
-Eu quero ir embora. —Sussurrou pra ele. —Não aguento mais ficar aqui, Draco.
-Eu sei. —Respondeu.
   Belinda o soltou em seguida e o encarou. Sim, as coisas se complicariam a partir dali e nenhum precisava falar daquilo, porém ambos estavam cientes. Mark voltara. E embora Belinda não soubesse Lord Voldemort retornara e brevemente Bellatrix e Rodolphus fariam o mesmo.

   Draco descera quase na hora de partirem pra estação e antes de Belinda, encontrou Narcisa e Mark na sala, mas nem sinal de seu pai.
-Olá meu querido. —Narcisa cumprimentou.
-Oi mãe. —Lhe deu um leve beijo no topo da cabeça. Malfoy poderia ignorar e afrontar qualquer pessoa, menos sua doce mãe. —Onde está papai?
-Está indisposto desde ontem, meu querido.
   Draco se perguntou quando o efeito da poção de Belinda passaria.
-Onde está Belinda? —Mark quis saber, interrompendo seus devaneios.
   Draco sentiu a raiva crescer dentro de seu peito, mas respirou fundo.
-Em nenhum lugar que seja da sua conta. —Respondeu a menina, antes de Draco.
   Belinda atraiu a atenção de todos os presentes, embora os sinais da noite mal dormida fossem evidentes, ela encarava a todos, principalmente Mark, de frente.
-Belinda, minha querida. —Narcisa chamou e a menina a encarou.
-Olá Narcisa. —Disse oferecendo um aceno de cabeça.
-Não irei ganhar um olá? —Mark zombou.
   Lestrange o encarou profundamente, os olhos negros afundaram em uma escuridão assustadora.
-Fique feliz de que ainda o deixe permanecer vivo, pois nem direito a isso você possuí. —Mark ergueu uma sobrancelha e depois gargalhou.
-Eu gosto dessa Belinda mais corajosa e selvagem. —Gargalhou novamente. —O que a fez mudar tanto?
-O nojo que sinto por você. —Respondeu prontamente.
-Fico lisonjeado, querida.
-Espero que morra com todo seu veneno.
-Assim magoa meu coração. —Colocou a mão sobre o peito, mas sorria perversamente. —O que me diz de um rápido treino antes de ir?
-Vai se foder, Mark. —Mandou.
   Draco notou o homem a encarar com atenção, realmente parecendo preferir Belinda irritada.
-Um conselho Belinda, se eu fosse você começaria a treinar desde já. —Sorriu de canto de uma forma que chamou atenção de Belinda, mesmo que ela não demonstrasse.
-Mas você é só mais um idiota e não eu.
-Não, sou mais inteligente que você. —Manteve o sorriso e a encarou. —Seu castelo de vidro irá ruir e não serei nem eu a destruir. Novamente, é melhor você começar a treinar e isso ocorrerá em suas férias, você querendo ou não. —Decidiu.
-Vai me obrigar a treinar? —Desafiou.
-Na verdade sim, você sabe que posso jogar esse jogo sempre que nos encontramos. —Bell sentiu um arrepio subir por sua coluna e o medo à fez morder com força a língua, sentindo gosto de sangue na boca.
-Honestamente, eu não aguento mais olhar pra essa sua cara nojenta, Mark. —Suspirou. —Draco, temos que ir.
-Até as férias. —Mark zombou.
-Espero que você morra antes disso.

A Filha Das Trevas (LIVRO 1 - COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora