Finalmente, o bom do estudante que, quando lhe dava para falar, era mais difuso
que alguns de nossos deputados novos na discussão do art. 1.º dos orçamentos, julgou dever
fazer pausa de suspensão; mas a Sra. D. Ana, que já tinha-o por vezes interrompido fora de
tempo e debalde, não quis tomar a palavra para responder, sem segurar-se, dirigindo-lhe
estas palavras pela ordem:
- Então concluiu, Sr. Augusto?...
- Sim, minha senhora; e peço-lhe perdão por me haver tornado incômodo, pois fui,
sem dúvida, tão minucioso em minha narração que eu mesmo tanto me fatiguei, que vou
beber uma gota d'água.
E isto dizendo, foi ao fundo da gruta, e enchendo o copo de prata na bacia de pedra,
o esgotou até ao fim; quando voltou os olhos, viu que a boa hóspeda estava rindo-se
maliciosamente.
- Sabe de que estou rindo?... disse ela.
- Certamente que não o adivinho.
- Pois estava neste momento lembrando-me de uma tradição muito antiga,
seguramente fabulosa, mas bem apropositada dessa fonte, e que tem muita relação com a
história de seus amores e com o copo d'água que acaba de beber.
- V. S. põe em tributo a minha curiosidade...
- Eu o satisfaço com todo o prazer.
A Sra. D. Ana principiou.
40
As Lágrimas de Amor
- Eu lhe vou contar a história das lágrimas de amor, tal qual a ouvi a minha avó, que
em pequena a aprendeu de um velho gentio que nesta ilha habitava.
Era no tempo em que ainda os portugueses não haviam sido por uma tempestade
empurrados para a terra de Santa Cruz. Esta pequena ilha abundava de belas aves e em
derredor pescava-se excelente peixe. Uma jovem tamoia, cujo rosto moreno parecia tostado
pelo fogo em que ardia-lhe o coração, uma jovem tamoia linda e sensível, tinha por
habitação esta rude gruta, onde ainda então não se via a fonte que hoje vemos. Ora, ela, que
até aos quinze anos era inocente como a flor, e por isso alegre e folgazona como uma
cabritinha nova, começou a fazer-se tímida e depois triste, como o gemido da rola; a causa
estava no agradável parecer de um mancebo da sua tribo, que diariamente vinha caçar ou
pescar na ilha, e vinte vezes já o havia feito, sem que uma só desse fé dos olhares ardentes
que lhe dardejava a moça. O nome dele era Aoitin; o nome dela era Aí. A pobre Aí, que
sempre o seguia, ora lhe apanhava as aves que ele matava, ora lhe buscava as flechas
disparadas, e nunca um só sinal de reconhecimento obtinha; quando no fim de seus
trabalhos, Aoitin ia adormecer na gruta, ela entrava de manso e com um ramo de palmeira
procurava, movendo o ar, refrescar a fronte do guerreiro adormecido. Mas tantos extremos
era tão mal pagos, que Aí, de cansada, procurou fugir do insensível moço e fazer por
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A moreninha
أدب نسائيO romance A Moreninha conta a história de amor entre Augusto e D. Carolina. Tudo começa quando Augusto, Leopoldo e Fabrício são convidados por Filipe para passar o feriado de Sant'Ana na casa de sua avó. Os quatro amigos estudantes de medicina vão p...