BIPOLAR

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Sexta-feira, dia 13 de Novembro, 15:34, show.

Thomas:

Aquilo era demais! A sensação de saber que eu estava livre era inacreditável! Queria contar aos meus amigos, contar ao mundo... mas, mais do que tudo, queria contar a Marjorie e agradecê-la por ter me ajudado; aquilo era o que eu mais queria. Queria beijá-la, pedir desculpas, dizer que faria com que ela esquecesse Erick e Patrícia, esquecesse todas as merdas que haviam acontecido. Queria abraçar o mundo e gritar aos quatro ventos que eu estava livre.

LIVRE!

Eu fui até os fundos do bar onde havíamos tocado para tentar encontrar os meus companheiros de banda, mas, ao invés disso, acabei me deparando com Fábio e Carlos, que pareciam estar me esperando.

Tinha algo muito estranho naquilo tudo... e nem era pelo fato de que eu estava nos fundos de um bar com os meus antigos amigos que agora me odiavam. E nem era pelo fato de que Carlos fumava um baseado... era algo no ar. Na atmosfera.

- Thomas! Era você mesmo que estávamos procurando! Pode me descolar um cigarro? – Fábio exclamou, estendendo a mão em minha direção.

Eu concordei com a cabeça, tirei um cigarro do meu maço e o entreguei para Fábio, que o acendeu com um Zippo importado.

- Valeu. Cara, eu estava mesmo querendo conversar com você... Na real, a gente precisa ficar numa boa - ele tragou o cigarro, continuando enquanto soltava a fumaça. - Acho que foi uma puta besteira a nossa briga. Eu peguei pesado com aquela garota... Qual era mesmo o nome dela?

Eu olhei em volta, percebendo que nós três não estávamos sozinhos ali; alguns caras que eu nunca havia visto na vida pareciam estar bastante interessados na nossa conversa.

Tinha algo muito errado acontecendo ali.

- Marjorie - eu respondi vagamente.

- Isso! Marjorie!

Eu não gostava do jeito que ele pronunciava o nome dela.

- Mas, sabe de uma coisa, Thomas? - Fábio perguntou, olhando para algum lugar além de mim e me abraçando pelos ombros. - Acho que você também pegou meio pesado comigo. Afinal de contas, eu sou seu amigo desde... O quê? Desde sempre?

- Desde a sétima série - eu respondi, desconfiado. - Qual é Fábio? Qual é a desse papo estranho?

- Você vai descobrir já, já, Tom... - ele riu, soltando-me. Logo em seguida, eu senti dois braços me prenderem por trás, e logo eu estava prensado contra a parede por dois caras gigantes. - Opa. Descobriu!

Fábio veio até mim e me presenteou com um soco bem dado no estômago.

Curvei-me, sem ar.

Quando eu subi o rosto, os caras que antes apenas olhavam a conversa estavam todos ao meu redor, rindo; eles estavam bem chapados.

- Me solta, seu filho da puta! - eu gritei para Fábio, que riu. Carlos, ao seu lado, tragou o baseado e ficou me olhando com um sorrisinho vago.

Pouco tempo depois, pude perceber que Ingrid e Patrícia se juntaram a roda. Eu tentei abrir a boca para pedir ajuda, mas fui interrompido por Patrícia, que se aproximou de mim.

- Olá, meu amor! - ela beijou a minha testa. - Está se divertindo?

- Você está com eles? - eu cuspi no chão, e ela riu, voltando ao lado de Ingrid. - Sua escrota do caralho!

- Opa, opa, opa! Meninos, vocês vão deixar que ele ofenda a nossa Pérola assim? - Fábio perguntou a todos os caras que estavam presentes ali.

Um deles, magrelo e todo tatuado, aproximou-se de mim e me deu uma cabeçada na testa. Tudo apagou e voltou em alguns instantes. Logo em seguida, eu recebi um soco no supercílio que doeu pra caralho.

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