EU AMO VOCÊ

25.9K 1.9K 951
                                    

Sábado, dia 14 de Novembro, 12:13, quarto de hóspedes.

Thomas:

Eu acordei sentindo o meu braço vibrar. Abri os olhos vagarosamente, incomodado com a secura da minha língua, e tentei me mexer, mas fui impedido por um peso que pressionava o meu peito. Eu estava com aquela conhecida sensação de ressaca, e também não me lembrava onde diabos estava. Abri a boca para dizer "sai de cima de mim, Pedro, porra!", porque era o que eu sempre falava quando acordava com alguém em cima de mim, mas não precisei, pois o "peso" virou-se para o lado, revelando o rosto angelical de Marjorie, que dormia tranquilamente com a boca aberta.

Sorri involuntariamente, finalmente me lembrando da noite anterior, e o meu braço vibrou novamente. Peguei o maldito celular debaixo das cobertas e o atendi, com a voz arrastada.

- Você tem o dom de me irritar - eu comentei, sonolento. Levantei-me da cama observando o caos no quarto. As roupas de Marjorie estavam no chão e as minhas em cima da escrivaninha. As garrafas de vinho vazias rolavam pelo carpete, manchando-o com as poucas gotas restantes, e as taças também estavam no chão, uma inteira e a outra quebrada.

- Cara, bateram na sua cabeça forte demais - Marcelo comentou do outro lado. - Porque, aparentemente, você esqueceu de nos contar o que a porra do seu pai, e o motivo das nossas noites mal-dormidas, disse ontem depois do show!

- Ah... Isso... - eu murmurei, pegando a minha calça jeans do chão e vestindo-a por cima da samba-canção. - É, eu estava indo contar a vocês quando eu fui abordado e espancado pelos nossos amigos. Está lembrado disso?

- Que exagero, foram só alguns socos - eu tive vontade de dar "apenas alguns socos" na cara de Marcelo quando ouvir aquilo. - Sério, o que ele te disse?

- Disse, basicamente, que vai parar de me encher o saco e que a Universo Paralelo continua viva - eu contei e Marcelo gritou afetado do outro lado da linha. - Cara, cala boca, a Marjorie está dormindo aqui do lado.

- Isso é sensacional! É a melhor notícia que eu recebi desde que descobri que aquela garota que eu peguei no churrasco da Pamela não estava com mononucleose! - ele gritou, e eu abaixei o volume do celular para que os seus gritos não acordassem Marjorie.

- Assim que eu chegar aí, nós vamos bebemorar! - eu sussurrei animado, sentado-me na beirada da cama para observar Marjorie dormir. A sua perna direita estava para fora da coberta, causando-me calafrios.

- Eu não consigo nem acreditar! Nós estamos livres! LIVRES! - Marcelo continuava a berrar. - O seu pai vai nos deixar em paz. FINALMENTE!

- Pedro, eu adoraria continuar essa conversa, mas você está muito alterado e vai acordar a fera. Assim que der eu te ligo. Conte a novidade aos caras, beleza?

- Falou, Thomas! Até mais tarde!

Sentei-me mais perto de Marjorie e tirei alguns fios de cabelo da sua cara. Ela sorriu sonolenta, sem abrir os olhos.

- Bom dia, Mar - eu murmurei, beijando a sua testa.

- Hm... - ela gemeu, ainda sem abrir os olhos.

- Você precisa se levantar e colocar uma roupa - eu comentei. - A sua mãe não vai gostar muito de entrar aqui e te ver de roupas íntimas na cama comigo.

- Hm... - ela gemeu novamente.

Eu fiquei olhando para ela, segurando a risada. Marjorie surtaria em 3... 2...

- O quê? - ela gritou, sentando-se com um pulo. Logo depois, colocou a mão na boca e ficou olhando em volta, embasbacada. Depois, olhou para baixo, confirmando que estava de calcinha e sutiã, e puxou o cobertor para cima, cobrindo todo o corpo. - Thomas... - ela começou a falar, em choque. - O que exatamente aconteceu aqui ontem à noite?

NoieiOnde histórias criam vida. Descubra agora