capítulo 6

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Os dias custaram a passar depressa desde a primeira reunião da Bexestilos, tentei ao máximo não lembrar que em breve durante a maior parte de todos os meus dias eu iria ter que conviver com a presença do Leonardo e com tudo aquilo que ela me traria. Mas o universo não colaborou muito com a minha vontade de tentar esquecê-lo.
No dia seguinte a reunião saiu uma notícia em um site de fofoca sobre celebridades locais, onde na manchete dizia "Leonardo Drummond pivor de dr?".
E não é que eu começasse a ter interesse sobre esse tipo de notícia, mas algo nela me chamou a atenção. Como o a citação do meu nome...

Certamente, aquela garçonete ou as outras pessoas que estavam no restaurante naquele dia escutaram a nossa discussão e acabaram comentando para mais pessoas. O que com certeza criou-se uma corrente de fofoca que chegou aos ouvidos do criador da manchete, que infelizmente, chegou aos olhos da minha mãe.

— Anabel, por que você está trabalhando com o seu ex e não me contou nada? Já não basta ter descoberto o seu noivado, acontecimento super importante, por um site de fofoca. Agora eu descubro uma coisa dessas também por esse meio?! — Dona Amélia reclamava batendo o pé.

— Acredito que essa notícia não tenha causado tanto impacto a você quanto a do noivado. — Comentei beliscando um pedaço da torta de frango que estava em meu prato.

Estávamos todos - eu, Analice, seu marido, filho e dona Amélia - reunidos e um café da manhã na casa da mamãe.
Enquanto o Rui, marido da Analice, brincava com o Pedro dentro da piscina. Nós três ficamos na mesa próxima ao jardim conversando.

— Não tente amenizar sua situação agora, Anabel. — Minha mãe apontou o indicador para mim, me julgando.

— Está bem. Mas qual o seu interesse em saber que o Leonardo está trabalhando comigo?

— Não é interesse. — Retrucou.

— Não? Então o que é? — Indaguei.

— Medo. — Confessou Analice, tomando um gole do seu suco de laranja.

Franzi as sobrancelhas.

— Medo? — Perguntei. — Medo por quê?

— A mamãe tem medo dele acabar voltando para sua vida, e de tudo acontecer novamente.

Olhei para ela incrédula.

— Mamãe?! Caso a senhora não se lembre, eu estou noiva!

— Isso não impede que as coisas aconteçam... — Falou rapidamente em um volume para que apenas nós três pudéssemos ouvir. — Nada garante que você não se sinta...

— Acho melhor você nem terminar! — Ameacei, me levantando da mesa sem acreditar na desconfiança dela.

Já não bastava o Erik pensar assim, agora ela também estava fazendo parte do time?

— Ana, por favor. Sente-se! — Analice tentou amenizar a situação.

— Não, agora não. Preciso de um tempo longe da mamãe e dessas insinuações dela ao meu respeito para não acabar me irritando e falando o que não devia. — Assim que me afastei da mesa, caminhei até a entrada do jardim e me sentei em um banco próximo a fonte.

Respirei fundo tentando não pensar mais naquilo e em como a maioria das pessoas do meu convívio estavam desconfiando de mim.

Passei uns cinco minutos apenas olhando para a água que caia da fonte, fazendo daquilo a minha terapia, até a Analice aparecer e se sentar ao meu lado.

— Eu sei que você não faria nada do tipo de coisa que a mamãe insinuou. Acredito que ela tenha se preocupado demais, mas uma parte de mim ainda tem medo por ele estar de volta na sua vida, mesmo que seja apenas por questões de trabalho. Não falo em relação a vocês terem algo, mas eu sei que só a presença dele na sua vida pode mudar as coisas... — Ela olhou fixamente para mim e colocou suas mãos sobre as minhas. — Ele pode mudar você.

Franzi o cenho tentando entender o que ela queria dizer.
Como ele poderia mudar quem eu sou?

— Eu me lembro de como foi bom para você quando ele saiu da sua vida. Ele não te fazia bem, e mesmo que agora não tenha nada a ver com relacionamento, eu ainda tenho medo de ele conseguir sugar toda a sua energia boa e a sua luz, Anabel.

Assenti, entendendo um pouco da sua preocupação ao lembrar dos acontecimentos do passado.

— Espero que possa entender os medos da mamãe também, por mais que às vezes eles sejam exagerados demais... Nós só gostamos muito de você e queremos o seu bem sempre. — Sorriu.

— Eu sei. — Sorri de lado e voltei a olhar a fonte.

Meu celular tocou segundos depois com uma ligação do Erik.

— Vou voltar para a mesa. — A Analice disse, se retirando e me dando privacidade para atender a chamada.

Assenti em concordância e disse que logo, logo eu também voltaria para lá.

Assim que ela já não estava mais no jardim, atendi a ligação e recebi uma bomba já de início.

— Amor, terei que viajar um pouco mais cedo que o previsto. — Alertou assim que eu disse "alô".

— Mas por que? E mais cedo quando?

— Amanhã... Houve alguns imprevistos e infelizmente eu terei que ir.

Meu coração se apertou, eu não estava esperando por aquilo. Acreditava que iria passar mais uma semana ao seu lado antes de ter que me despedir.

— Mas eu tenho uma novidade...

— O que?

— Conversei com o Rafael sobre o nosso casamento, e dei a sugestão a ele de começar a organizar tudo enquanto viajo. Eu sei que você gosta de planejar as coisas com tempo e, como eu sempre ando viajando, nós dois nunca iremos ter tempo suficiente para organizar o casamento juntos. Por isso, pedi ao Rafael para que ele fizesse o meu papel durante todo preparamento para o casamento. Caso, você tiver alguma dúvida sobre a minha opinião ou gosto, pode me ligar, mas só se tiver algo a ver com o que eu vou usar. — Ele riu. — Porque o resto será tudo do seu jeito. Aliás, esse dia será especial ainda mais para você. Mesmo que seja o nosso casamento, você é a peça e estrela principal dele.

Eu sorri ao ouvir aquilo e por mais que não fosse uma declaração, segurei as lágrimas.

— Te espero hoje a noite para decidirmos uma data, gostaria que fosse logo depois que eu voltasse de viagem para que não perdêssemos mais tempo. O que seria daqui a dois meses mais ou menos. Mas você quem sabe... Só quero que seja um dia perfeito para nós dois.

— E será com toda certeza, Erik. Tenho que dizer que saber que não terei você aqui durante toda a organização do nosso dia não me anima, mas é melhor do que não organizar ou, fazer isso em um curto período de tempo.

— Espero que não fique triste com isso, irei fazer de tudo para voltar antes mesmo do previsto. Assim poderemos aproveitar mais nossos últimos dias como noivos.

— Sim... Também espero.

— Então, até a noite, Anabel.

— Até. — Desliguei a chamada e voltei a encarar a fonte, desta vez com outro pensamento e um pouco mais preocupante.

O meu casamento.

Entre amores e sapatos [Em revisão]Where stories live. Discover now