Capítulo 7

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CAPÍTULO SETE

Colocou a mão na testa para secar o suor após deixar uma pilha de madeira apodrecida que acabara de tirar de uns dos quartos. Empilhara ao lado do celeiro, onde já havia mais madeira. No dia seguinte um dos peões da fazenda iria até a li com um dos tratores da propriedade recolher aquele entulho.

Ao se virar para voltar ao trabalho Ryan encontrou Joseph e o garotinho de cabelos loiros cacheados sentando em sua bicicleta. O filho de Emily. Ficou surpreso em vê-lo. Tinha certeza de que a mãe do menino fora clara o bastante dizendo que não o queria perto dele.

— Boa tarde, Ryan

— Olá, Joseph.

— Parece que tem trabalhado duro, rapaz. Fico contente.

Os olhos do forasteiro não se desgrudavam do menino que fazia o mesmo lhe encarando. Joseph percebeu.

— Ah, este é John, filho da minha sobrinha.

— Nós já nos conhecemos. Olá, John.

— Oi — o menino disse lhe encarando — foi você que atropelou e matou o meu pai?

Ryan sentiu as palavras fugirem de sua mente. Não sabia o que responder ao garoto. Notava, porém, que a cordialidade do outro dia sumira, o menino lhe encarava com raiva. Pela primeira vez em seis anos teve vontade de dizer: não, não fui eu.

— John? Eu expliquei a você o que aconteceu — Joseph disse ao garoto. — Foi um acidente. Não devemos julgar as pessoas.

— A mamãe disse que foi ele quem atropelou o meu pai — o menino disse com raiva.

— Sua mãe ainda esta muito triste pela morte do Henry — Joseph explicou — Ela está com raiva e uma pessoa com raiva diz coisas que se arrepende depois.

O menino não disse nada. Apenas desviou o rosto olhando para longe. O olhar de Joseph sim, parecia constrangido e pedia desculpas a Ryan.

— Vim convidá-lo para se juntar a nós esta noite. Estamos no final da colheita e sempre fazemos uma pequena festa. Há fogueira, música, boa comida e bebida.

— Eu acho que não é uma boa ideia, Joseph— Ryan respondeu ainda olhando para o menino.

— É claro que é. Você é meu convidado e ninguém irá destratá-lo na minha frente. E afinal de contas apenas nós da família sabemos quem você é realmente. Os empregados não sabem de nada.

Ryan abaixou a cabeça, pensativo. Não sabia se deveria aceitar.

— Vou pensar. Eu prometo.

— Ótimo. A festa começa às 20hs no celeiro principal. Não sabe as maravilhas que minha Jane fez para enchermos a barriga.

O vislumbre de um sorriso passou pelo rosto de Ryan o que deixou Joseph feliz. A cada dia gostava mais e mais do rapaz que contratara.

Assim que se afastaram Ryan respirou fundo. O encontro com o menino, filho de Henry, o abalara. Ser chamado de assassino, enfrentar os olhares maldosos das pessoas, nada era comparado a enfrentar um garotinho que perdera o pai de forma trágica.

Se tivesse juízo não apareceria naquela festa, mas quem disse que ele tinha isso. À noite, tomou banho e vestiu sua melhor roupa que consistia em uma calça jeans clara e uma camiseta preta.

Avançou pela estradinha de terra em direção a casa principal. Ouviu musica e vozes. Parecia que o local estava animado. Assim que chegou a porta do celeiro viu varias pessoas. Ele já conhecia quase todos. Eram trabalhadores da fazenda.

O Segundo ForasteiroWhere stories live. Discover now