Cap. 26 Você era alguém pra mim

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Acordamos depois do almoço, eu ainda estava morrendo de sono, mas a Érin já tinha levantado. Estava no sofá que ficava de frente para a cama mexendo no celular. Fiquei parado com a cara amassada admirando a mulher maravilhosa que estava a minha frente. A Érin estava séria, tão diferente da menina de ontem. Eu morri de vontade de beijá-la outra vez, mas não precisa ser nenhum gênio pra saber que a Érin não estava pra conversa, quando ela se isola assim o melhor a fazer é deixa-la sozinha, a Érin tem um sistema de defesa que quando ela se sente ameaçada todos a sua volta viram inimigos e eu não sei ainda o quanto aquele beijo mexeu com ela.

- Ta acordada a muito tempo? - me levanto e dou um beijo no topo da sua cabeça. Ela levanta os olhos do celular e me olha por uma fração de segundos em seguida volta a mexer no celular.

- Uma hora no máximo. Nem vi a hora passar, estava falando com a Paulinha.

- Manda um beijo pra ela.

Fui tomar um banho e fazer minha higiene. Não sei ainda se devo me aproximar ou deixá-la quieta, depois da choradeira de ontem sei que hoje ela vai estar mais fechada, é o jeito dela de sofrer e eu respeito. Quando voltei para o quarto a Érin estava se arrumando, algumas peças de roupa sobre a cama.

- Vai sair?

- Você ainda quer ir a praia?

- Se a gente puder almoçar primeiro, não sei você mas eu estou morrendo de fome. - ela sorriu, meio tímida e um pouco triste.

- Também estou com fome, mas não to com muita vontade de comer.

- A gente descobre um lugar legal onde você sinta vontade de comer.

- Vamos então?

Peguei uma sunga e escolhi uma roupa, quando sai do banheiro e a Érin me viu já saiu falando.

- Ah não Erick! Deixa de ser tão engomadinho, a gente só vai à praia.

- Qual o problema com a minha roupa?

- Daqui a pouco você vai querer ir de terno e gravata a praia. - ela riu da própria piada e eu continuei ali sem entender qual o problema com a minha roupa - posso escolher uma roupa pra você? - o olhar travesso, aquele jeito toda menina.

- É sério?

- Aham. - abriu minha mala e procurou um pouco até que se decidiu por uma bermuda e uma camiseta mais simples. Nem sei por que trouxe essas roupas, quase não uso mais e na verdade só as uso para ficar em casa, justamente por ser tão simples. - aqui ó veste essa. Você fica bem nela.

- Amor essa roupa eu só uso pra ficar em casa. - tentei barganhar.

- Besteira sua, porque ta novinha.

- Eu sei mas é simples de mais.

- Gosto mais de você quando não esta todo engomadinho, mas você que sabe, pelo menos eu tentei. - passou por mim e foi para o banheiro colocar o biquíni.

Enquanto ela estava no banheiro me troquei no quarto, assim que ela saiu olhou pra mim e sorriu quando viu que eu estava usando a roupa que ela tinha escolhido pra mim.

- Viu eu disse que ia ficar bem.

- Isso foi um elogio?

- Pode ser se você não for ficar se gabando disso. A gente já pode sair? Não aguento mais ficar trancada nesse quarto.

Apesar de triste a Érin parecia tranquila, sorria sem perceber e quando percebia ficava feliz por estar sorrindo. Primeiro nós fomos almoçar e pra quem disse que não queria comer a Érin até que comeu bem. De sobremesa ela quis sorvete, e eu não entendi porque olhou com tanta tristeza para o sorvete a sua frente. Chegamos na praia já a tarde, o sol estava forte e a água cristalina. Assim que chegamos a Érin quis entrar na água. Para a maioria das pessoas a Érin era só mais uma menina, mas eu vi o esforço que ela fez pra tirar a blusa, respirou fundo e puxou pra dentro do pulmão todo o oxigênio possível. Ela ainda sente vergonha dos maus tratos que passou e isso vai levar tempo pra mudar. Fiquei me perguntando porque ela estava fazendo aquilo, se era vontade de ser diferente ou se era pra me agradar porque desde que cheguei aqui que estou enchendo o saco dela para ir a praia comigo. Me senti mal pensando que todo aquele esforço podia ser só pra fingir ser uma pessoa normal. Por fim ela tirou a blusa e depois o short, duas peças de roupas que pesavam toneladas e eu fiquei todo orgulhoso porque a dez anos atrás ela ia estar encolhida num canto sendo chacota de um colégio inteiro.

Entre o amor e a vingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora