cap. 103 - A paz mora no silêncio

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Cinco e meia da manhã o celular dela despertava no outro quarto, abrir os olhos e ver o dia começando a clarear com ela abraçada ao meu corpo era uma sensação tão gostosa que a última coisa que eu queria era ter que levantar. A Érin demorou para dormir e agora dormia tranquila.
Levantei e desliguei aquele despertador insuportável, a primeira surpresa do dia foi ver que o papel de parede do celular dela era uma foto de nós quatro na piscina, o Nando e a Paulinha, ela e eu, dois casais felizes, quatro amigos que deveriam ser inseparáveis. Fiquei feliz em saber que ela não me excluiu de tudo, o celular dela bloqueou na minha mão e a tela de bloqueio era uma foto nossa. Ainda era cedo e eu já me sentia o cara mais feliz do mundo, voltei para o quarto e ela estava lá, dormindo feito criança, um sono tão leve que dá pena acordar. Deitei a seu lado e como se soubesse que era eu, ela me abraçou outra vez, continuava a dormir quietinha como se estar ao meu lado fosse a melhor coisa do mundo. Nessas horas fica fácil saber o que é certo e o que é errado, eu posso até fazer as coisas do jeito errado mas no fim sei que vale a pena, quando a Érin deitou no meu colo e comparou a sensação de dormir ao meu lado com o que sentia com o irmão eu sabia que aquilo era o certo. Por mais errado que eu tenha sido até aqui, a Érin não se sentiria tão segura se eu tivesse deixado ela ir, nessas horas a gente sabe que está no lugar certo, de alguma forma valeu a pena ter chegado até aqui, se por algumas horas ela se sentiu feliz então eu sei que valeu a pena cada ano em que deixei de fazer o que queria para ser o homem que ela merecia que eu fosse. A maioria das pessoas vai achar que sou só um cara egoísta que não sabe perder, mas a verdade é que a única coisa que me importa é ver a minha princesa feliz, ninguém mais vai machucá-lá ou fazê-lá se sentir infeliz, a Érin já sofreu de mais nessa vida e por mais desastrado que eu seja vou fazer de tudo para que ela se sinta feliz assim todos os dias. Sei que nunca vou poder suprir a falta que o irmão dela faz, mas em todo o resto eu sempre estarei aqui para ela. Tê-la dormindo em meus braços outra vez faz eu lembrar do quanto a amava, sentir o cheiro dela, o calor do seu corpo, tudo aquilo me fazia tentar entender o porque de eu sentir tanta raiva da Érin, ela era só uma menina tentando se adaptar a uma vida que até pouco tempo não sabia que podia ter.

Quando deu seis horas fui obrigado a acordá-lá, quanto mais próximo da hora mais forte meu coração batia, me aproximar da Érin era sempre um risco, nunca dá para saber como ela vai reagir, um dia ela vai dormir me amando e no outro acorda me odiando, nunca dá pra saber. O coração apertou só de pensar nas palavras duras que estão por vir, mas a Érin merecia o risco, respiro fundo antes de tentar acordá-lá. Que venha a batalha!

- Érin... Érin amor acorda.

- Hum.. - resmungou sonolenta.

- Érin amor acorda, você vai se atrasar.

Ela estava sonolenta e tão inofensiva que me permiti tocá-la, beijei seu rosto e ela parecia feliz.

- Princesa acorda. - beijo novamente seu rosto - Meu amor você vai se atrasar pra faculdade.

Em meio a tanto carinho, entre beijos e carícias ela finalmente acordou, confesso que o medo foi maior que a coragem.

- Hummm... - me empurrou de leve - Para, deixa eu dormir.

- Você vai acabar se atrasando. - digo dando um último beijo em seu rosto.

Só então ela realmente acordou, parecia confusa, estranhava o antigo quarto, olhou pra mim meio sem saber se brigava ou continuava em paz, parecia tentar se lembrar da noite anterior e de como havia ido parar na minha cama.

- Que horas são?

- Já são seis.

- Meu Deus! Por que você me deixou dormir tanto assim? - disse dando um pulo da cama.

Entre o amor e a vingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora