Capítulo 49

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Um vento gélido passou pelo seu corpo. Ela sentia um cheiro não muito familiar em suas narinas. Era cheiro da natureza, mas não a que estava acostumada. Ela se esforçava para abrir os olhos, mas a luz era forte. Era tudo tão branco.

Lutou mais uma vez para abri-los, protegendo-os com a palma da mão esquerda. Mais uma vez, um vento gelado passou por seu corpo. Alexis sentou-se se sentindo deslizar sobre a folhagem seca. Ela odiava aquele som.

Piscou algumas vezes respirando fundo. Havia muitos galhos e muitas folhas no chão. O clima estava frio e úmido. Ela ouvia barulho de água corrente e via o céu absolutamente branco acima de si.

Seus olhos ainda ardiam. Alexis tocou-os, esfregando as pálpebras. Sua cabeça girava e sua garganta estava seca. Sentou-se e observou ao seu redor. Ela nunca havia ido ali antes. Estava em meio a uma floresta seca e havia neblina por toda parte. Pôs-se de pé devagar, respirando vagarosamente. A sede fazia sua garganta arder. Onde estava? Era a dúvida que percorria sua cabeça.

A menina decidiu começar a andar, mesmo que aquilo não fosse tão sensato quanto ela julgava. A última coisa que se lembrava era de estar no quarto de Lill. Isso perturbava sua cabeça agora, pois o que estaria acontecendo? Será que tudo aquilo era um pesadelo? E se fosse um pesadelo, que tinha começado antes de Matt sumir? Esse pensamento fazia seu coração martelar dolorosamente em seu peito.

v respirava fundo, sentindo o ar cortar sua garganta seca. Seus lábios se partiam cada vez que sua boca se mexia. Ela parou por um minuto e com a língua sentiu o gosto do sangue em sua boca.

"Mas que droga de lugar é esse?" – ela pensou.

Sentia suas condições físicas se esvaindo, mas continuava andando. A adrenalina era iminente. O medo de estar perdida no meio do nada a fazia se sentir gelando por dentro. Ela não tinha ideia de onde estava. Respirou fundo mais uma vez e continuou.

Sua sede chegou a um ponto em que ela precisava beber água para continuar. Lembrou-se do barulho de água corrente que havia ouvido e se pôs a escutar o ambiente ao seu redor com atenção. Nada. Xingou-se mentalmente por não ter bebido água quando teve a oportunidade.

Aparentemente, foram mais horas e horas caminhando em busca de achar onde estava ou pelo menos por água. Estava frio, tão frio, que Alexis se estremecia da cabeça aos pés. Ela podia ouvir o barulho de seus dentes se chocando.

A noite caía e aquele céu branco estava se tornando cada vez mais escuro. Alexis sentou-se. Não tinha mais forças para andar, por mais que quisesse. Ela agarrou os joelhos e se balançava para tentar se esquentar. Em sua mente, ela rezava, rezava muito para continuar firme e sair daquela situação viva. Passou tantas horas em suas preces que caiu no sono.

A luz tocou gentilmente a menina, era estranho porque não havia calor nela. Aos poucos, abriu os olhos cansados, logo enxergando a realidade que a assustava novamente. Suas preces para que fosse um pesadelo não foram atendidas. Ali estava ela em meio à floresta branca de novo.

Antes que conseguisse se mexer, Alexis sentia os seus membros latejarem. O ar ainda cortava suas vias aéreas. Aos poucos se moveu até conseguir ficar sentada. Passou a mão pelos cabelos, retirando os restos de folhagem seca, e pensou novamente em como ela detestava aquele barulho, era inevitável.

Com dificuldade, a menina ficou de pé. Seu estômago se contorcia, suas mãos estavam trêmulas e ela nunca havia sentido algo parecido em toda sua vida. Continuou andando por entre as árvores secas, era como se não houvesse fim. Ela seguia neblina adentro e nada de água ou indício de vida. Ela só se perguntava onde estava.

Será que aquilo era uma armadilha? E se fosse, por que ela estava ali à toa? Não era para seus poderes serem retirados? E que droga de poderes eram esses que não serviam de nada? Por um momento ela encostou-se a uma árvore e respirou fundo.

Encheu os pulmões e berrou:

– Socorro!

Sua garganta doía tanto agora que ela não ousaria mais fazer isso. Sentindo-se fraca, mais uma vez, ela caiu no chão. Arrastou-se até uma pedra que havia ali e encostou-se nela, sentindo que estava perdendo todas as forças de vez.

Alexis passou tanto tempo ali, enfraquecida, que não conseguia mais abrir os olhos. Em sua mente, ela via seu pai sorrindo num campo aberto, onde Faísca corria livremente e Callun os observava da cerca do haras. Era incrível como o sol batia em seus cabelos.

Percebendo o devaneio, sacudiu a cabeça devagar. Seus olhos se abriram e era noite. Havia uma luz estranha que vinha de centenas de estrelas que brilhavam acima de sua cabeça no céu negro. Ela não havia notado isso na noite anterior.

O frio vinha junto à neblina e ela estremeceu. O barulho das folhas secas sendo levadas com o vento a atormentava várias e várias vezes. Em sua mente, ela começava a alucinar com campos abertos escuros e com sombras por eles. O barulho de lâmina sendo roçada contra a vegetação em seus devaneios a fez despertar.

Agora ela ouviu um barulho estranho. Era como se um galho houvesse sido pisado. Alexis despertou totalmente sentindo o sangue esquentar. Seria aquele o seu momento final? Quem estava ali? Era o fim de sua tortura?

Ela tentava fitar o escuro, mas era difícil devido à neblina. Moveu-se ficando de pé com o resto de suas forças se apoiando na rocha gelada. Encheu os pulmões.

– Quem está aí? – ela falou alto. Respirou fundo sentindo dor em seu peito. – Acabe logo com isso – foi a última coisa que Alexis conseguiu falar antes de cair no chão.

Ela sentiu a cabeça bater forte contra ele. Seus olhos estavam embaçados, mas ela pôde ver uma sombra de uma pessoa se aproximar e por mais que ela quisesse falar ela não conseguia. Quem quer que fosse não havia encostado nela ainda.

Alexis tentou olhar para cima, mas acabou apagando.

A Linhagem WinlookWhere stories live. Discover now