Capítulo 67 (penúltimo)

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P.O.V   Maya

         Estamos todos no hospital, mas agora com um sorriso no rosto. Alice finalmente acordou. Fico feliz por ter sido o Diego a contar tudo pra ela, ele é a sua base, ninguém conseguiria passar mais força do que ele. Ele nos disse o quanto foi difícil, e nós podemos ver isso no rosto da Alice, ela está triste pelo bebê, acho que todos ainda estamos, mas tivemos tempo para nos acostumar. Ela não.

— Estávamos com tanta saudade. — Manu a abraça.

— Eu nem vi o tempo passar. — Alice esboça um pequeno sorriso e da de ombros com sua piada ruim.

— Já sabe quando vai ter alta? — Pergunto.

— Daqui a três dias.

       Não havia sequer uma pessoa na sala que não estivesse sorrindo, na verdade, acho que nem poderia ter esse tanto de gente na sala, mas não importa, quebraríamos qualquer regra por essa palhacinha.

— Ah, deixa eu falar... Eu estava em coma, não estava morta, não precisava de tantas flores.

— Acho que nós prefiríamos um "obrigada gente, por terem feito tudo isso por mim". — Ironizo.

— Obrigada pessoal, eu amo vocês. — Ela sorri e nós a acompanhamos.

— Não foi nada fácil ficar sem você. —  Avril diz.

— É, também não foi fácil acordar de repente com 19 anos, uma perna quebrado e sem o meu bebê. — Ela disse bem baixo, mas tenho certeza que eu não fui a única a escutar, já que todos estão se entreolhando tristemente.

— O importante é que você está bem! — Diz Diego. — E sobre o filho, nos vamos ter muito tempo e oportunidades de fazer outro.

    E então todos riram quando ela ficou vermelha. O clima voltou a ficar leve, contamos algumas coisas básicas que ela havia perdido e a mesma não ficou nada feliz ao saber que Diego tinha trancado a faculdade e começado a beber, rolou até uma discussão, mas tudo se acertou. Depois de muito tempo ao lado dela, achamos melhor deixá-la a sós com os pais e decidimos ir pra casa, mas quando estava do lado de fora do hospital, ouvi alguém me chamar.

- Verônica?- Minha surpresa é eminente, na verdade, a de todos que estavam comigo.

- Eu posso falar com você? - Pergunta de forma... Gentil...

—  Eu não acho uma boa idéia.

— Maya, vai lá... Deixa ela falar... — Henry me pede e sai com os outros que estão totalmente confusos.

Suspiro e acompanho Verônica até uma lanchonete alí perto e pedimos uma mesa.

— Sobre o que quer conversar? — Tento soar calma, apesar de não saber se consigo ficar assim perto dela.

— Alex.

Sorrio Irônica.... Sério? Ela veio me procurar para falar sobre o meu namorado?

— Olha, Verônica, eu e o Alex estamos muitos felizes, por favor, não vem causar intrigas... Eu tenho coisas mais importantes para fazer do que te ouvir falando o quanto gosta dele.

— Não é isso, Maya, me escuta.

Suspiro e gesticulo indicando que ela continue.

—  Sabe, ultimamente eu venho observando e pensando muito sobre coisas que eu ja fiz e sobre coisas que eu quero pra minha vida. Nesse tempo eu vi que você realmente ama o Alex e ele também te ama, algo que ele não chegou nem perto de sentir por mim, e agora sei que também não era o que eu sentia por ele.

— Como é que é? — Arqueio a sobrancelha.

— O que eu sentia pelo Alex, não passava de uma simples atração, e se chegou a passar, foi apenas um risquinho de paixão. Ele era como um objeto que eu precisava ter, não por gostar, mas por luxúria.

— Mas por que está me dizendo isso?

—  Porque eu quero me desculpar.

— Se desculpar pelo que?

— Por tudo que eu fiz, do dia em que te conheci, até hoje... Eu sei que não facilitei em nada a sua vida, pelo contrário... E eu não quero continuar assim. Você não foi a primeira, nem a última pessoa com a qual eu impliquei, e eu não me orgulho disso... Não mais.

—  O que te fez mudar tanto assim?

— Eu estudo numa boa Faculdade, tenho muito dinheiro, uma vida boa se parar pra analisar, mas nada dava certo pra mim, e eu notei que a culpa disso tudo era minha. Nada funcionava porque eu tentava girar as engrenagens para o lado errado, entende? Eu estou tentando evoluir, e consertar os meus erros está sendo o primeiro passo.

Confesso que eu não esperava aquilo, por mais que acreditasse na evolução das pessoas, não achei que Verônica fosse ser uma delas. Claramente não vou esquecer tudo o que ela já me faz, mas não tenho motivo para guardar rancor, porque ela não me deixou danos permanentes, e sinceramente, fico feliz por ela.

—  Eu te desculpo sim, não tenho motivos pra não desculpar...

— Obrigada. — Ela sorri. Um sorriso verdadeiro. Sem deboche nem nada.

— Quando você percebeu que não gostava dele?

— Uns meses atrás...

— Assim do nada?

— Não... Eu conheci outra pessoa, pela qual eu sinto algo muito maior do que qualquer coisa que já cheguei a sentir pelo Alex... — Ela sorri de lado. — Uma pessoa boa, que realmente viu algo bom em mim. Que se tornou meu amigo... Porém, eu acho que sempre terei o azar de gostar de quem na verdade gosta de você...

— Do que você está falando, Verônica?

— Do André.

— Você gosta do André? — Arqueio as sobrancelhas. — Eu nem sabia que vocês se conheciam.

— Pois é... Nos conhecemos a algum tempo no parque. Ele é uma pessoa incrivel, e que me tratou bem, sabe? E claro que me sinto ridicula gostando de outro cara que é apaixonado por você, mas não dá pra mandar no coração e eu tenho que aprender a conviver com isso, afinal, nem tudo na vida são flores, não é?

— Verônica, não diz isso... Eu te entendo, por incrível que pareça, eu te entendo... E sobre o André... Não desanima, você é linda, e eu sei que ele pode muito bem gostar de você.

Aquelas palavras amigáveis me surpreenderam muito, não sabia que seria capz de dizer isso a ela algum dia, e pela expressão da mesma, eu não fui a unica que ficou surpresa.

— Não perde a fé no amor, não... Fala pra ele, mostra que você realmente gosta, apesar de tudo ele é uma pessoa boa. — Continuo.

— Eu já fiz isso... Você sabe que ele teve que viajar, né?

— Sim... Ele foi se despedir.

— Então, eu disse tudo à ele, e ele disse que também me amava. — Ela sorri fraco. — Mas não do jeito que eu queria... Amor de irmão, ou melhor amigo...

— Eu sinto muito...

— Não precisa sentir. Eu vou superar isso... E ele disse que vai voltar daqui à 5 meses... Até lá eu tenho tempo pra amadurecer mais, e talvez ele veja que posso ser mais que uma amiga. — Ela suspira e se levanta. —  Eu tenho que ir agora

—  Verônica. — Me levanto e acompanho até a saída. — Vai dar tudo certo...

— Eu espero que sim... Obrigada. — Ela se vira para ir embora, mas volta novamente a olhar para mim. — Eu nunca quis ser a vilã, Maya.

— Eu sei... — Sorrio. — Agora eu sei...

Ela se despede e vai. Começo a fazer o caminho para a minha casa, pensando nessa conversa. Ela evoluiu, tá buscando um novo começo, está tudo se resolvendo, pra todo mundo, e isso é ótimo.

Vítimas do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora