Capítulo 49

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Algum tempo depois...




Fernanda





O dia do meu casamento foi o mais feliz , depois do presente inesperado que a vida havia me mandado, que era a minha pequena, e da Surpresa de ter o homem mais especial do mundo ao meu lado. O Erick não é um cara perfeito, tá longe disso. Mais ele torna os meus dias perfeitos, e isso só me faz ama-lo ainda mais. Eu havia descoberto que a vida havia nos dado uma outra chance de termos um laço nosso, há  alguns dias antes do casamento surpresa. Eu iria preparar algo especial, como um jantar romântico para lhe dar a notícia, mais quem foi surpreendida nessa história foi eu. A vida foi generosa comigo. Hoje completamos quatro meses de casado, e seis de gestação.  O meu Rick, Lembro-me como se fosse hoje. Ele me agarrou em seus braços e  por pouco não me sufocou de alegria.  Ele não sabia se ria, gritava ou caia em planto com a notícia. A minha pequena , apesar de ainda ser uma bebê aos meus olhos, recebeu a notícia da melhor forma. Sempre que pode, ela acaricia minha barriga e a  beija. Eu sempre me emociono com a pureza da minha filha.

- Fê ,largue essa vassoura.
- Ordenou-me o Erick , assim que me viu varrendo a casa. Ele vinha da nossa espaçosa cozinha.

- Gravidez não é doença, nunca foi. -  Murmurei e dei de ombros e continuei a varrer.

- Fê, larga isso. - Murmurou impaciente. -  Você não tem jeito mesmo. - Constatou e se sentou  no  nosso sofá de três lugares.

- Ainda não se acostumou ?- Ri, enquanto terminava de varrer.

- Com você já. - Piscou para mim. - Só me esqueço da mulher teimosa que tenho. - Gargalhou, aquela risada gostosa.

- Papai. - Chamou o Erick a Pérola, enquanto corria para os seus braços.

- Que Abraço gostoso.
- Murmurou  para sua pequena arteira. - Que tal nós três irmos tomar um sorvete na praça?

- Só se for agora! - Respondi de imediato.

Larguei a vassoura e calcei meus chinelos.O Erick riu, e respirou aliviado por finalmente eu ter largado aquele pedaço de madeira com fios sintéticos.  Logo  seguimos para a praça , a Pérola nos ombros do pai e o Erick de mãos dadas a mim. Fomos rindo e brincando até a praça. Ao chegarmos, me sentei em um dos bancos e fiquei esperando o Erick e a Pérola voltarem com os sorvetes.

Eu os observei enquanto seguiam até a barraca de sorvetes do outro lado da praça. Tão lindos, e felizes. Se divertiam com poucas coisas.

- Fê! - Olhei para o lado e vi o Nícolas em pé, me olhando com as mãos nos bolsos.

- Oi! - Forcei - Lhe um sorriso.
- Posso me sentar ao seu lado?
-  Eu assenti , e ele se sentou ao meu lado e  apoiou seus cotovelos  em seu joelho  , e apoiou suas mãos em seu rosto  e me olhou .

- O que você quer? - O indaguei receosa.

- Fê, eu queria te pedir perdão por tudo o que eu fiz.
- Respirou fundo e olhou para frente. - Eu fui um mostro. Eu fiz você sofrer, me desculpa por tudo.- Fez uma leve pausa. -  Eu estou tão arrependido por tudo o que fiz. - Confessou-me envergonhado. - Você me perdoa?

- Seu pedido de perdão veio tarde demais para apagar tudo que você me fez . - Constatei. - E essa mágoa guardada aqui dentro do meu coração, só me mostra a cada dia o quanto me enganei por ter confiado que você me amava. - Respirei fundo e olhei no fundo de seus olhos.
-  Você nem amava sua filha, você foi um erro! - Sequei com o dorso da mão as poucas lágrimas que escorreu em meu rosto. - Por sua culpa eu perdi meu filho, mais Deus é tão bom que me deu outro presente. - Acariciei a minha barriga, e esbocei um sorriso. - Por sua culpa a Pérola se machucou , sua própria filha!
- Exclamei! - E por pouco eu também não morro. - Bufei
- Nícolas você virou um mostro, como você mesmo acabou de afirmar. Eu tenho pena do homem que você virou, e eu olho pra você e tento achar algum vestígio do homem pelo qual me apaixonei. O homem que eu queria dividir a vida.

- Eu mudei... -Sua voz saiu embargada . - Eu  só quero seu perdão para recomeçar a minha vida. - Confessou.

- Eu não sei se o que você diz, é verdade. - Constatei.  - Eu cheguei a cogitar em esquecer tudo o que você me fez. Eu tentei me libertar dessa mágoa, eu sei que somos vítimas dos nossos atos, não me julgo ser a pessoa mais certa, eu acaricio a minha barriga e me imagino com essa criança em meus braços. Mais logo, Lembro-me da outra que perdi por culpa do seu pai, por sua culpa. Eu só tenho medo de que a sua aproximação com a minha família, nos  faça sofrer ainda mais. - Confessei.

- Fê, tudo bem? - Indagou-me o Erick chegando com a Pérola perto de nós, com sua feição serena.

- Tudo bem, sim; mais eu já terminei a minha conversa com o Nícolas. - O olhei mais uma vez e me coloquei de pé.  Dei as mãos ao meu marido e fomos a Pérola e eu de mãos dadas ao Erick, e segurando nossos sorvetes nas mãos.Minha filha soltou-se das mãos do Erick e correu em direção ao Nícolas, que estava abatido , ainda sentado naquele banco da praça. Ela se aproximou do Nícolas que estava com o rosto molhado pelas lágrimas que deixou rolar em seu rosto, naquele desabafo.

- Papai, não chola. - Passou suas maozinhas no rosto do pai com carinho. - Eu te amo! - E o  abraçou forte ,e ele desandou de chorar ainda mais a apertando contra seu peito  com carinho.

Eu chorei vendo aquela cena. Minha filha o perdoou , apesar de tudo ,ela o ama. E eu virando uma velha rancorosa, e bipolar. Respirei fundo mais uma vez, olhei para o Erick e ele sabia o que eu devia fazer e me sorriu. Me indicou com a cabeça em direção ao Nícolas.

Dei-lhe um beijo em seu  rosto, e fui até o Nícolas. Minha filha correu para o Erick e lhe deu as mãos de novo e eles ficaram me esperando.

- Nícolas. - Bufei de alívio. - Eu te perdou.- Senti um peso sair de meus ombros.

- Obrigada . - Sussurrou de alívio e eu voltei ao encontro do meu marido e filha.





Nícolas





Continuei sentado naquele banco da praça, a mesma praça de onde larguei a Fernanda grávida ,desesperada e sozinha.

A mesma praça onde nos conhecemos , e como é a ironia do destino. Tudo que vai volta, e hoje sou eu que estou aqui, do mesmo jeito em que ela ficou no dia em que fui embora.

Enquanto vejo a Fernanda grávida do Erick. O Erick , junto de minha filha toda sorridente e feliz. Ela está crescendo e ficando linda, igual a mãe. Agora percebo o quanto imbecil eu fui. Aquela família era pra ser minha, mais não dei valor enquanto a tinha só pra mim.

Esse jogo eu perdi de vez... Um ponto pra vida, e nada pra mim. Vida , vem com tudo que agora eu não tenho mais nada a perder. Já perdi tudo que eu mais amava por ter sido egoísta e cego.

Existem coisas na vida das quais eu realmente me arrependo...
Da palavra que eu não disse quando deveria ter dito...
Do problema que deixei de resolver por achar que seria difícil.
Da oportunidade que deixei passar por achar que seria impossível.
Da luta que deixei travar por imaginar que não valia a pena.
Do sonho que deixei de sonhar para viver a dura realidade.
Das coisas que deixei de aprender por acreditar que não tinha mais a saber.
Das lágrimas que não derramei por vergonha de demonstrar o que sentia .
Do grito que não dei quando estava com aquele nó na garganta.
Do amor que julguei perdido e deixei ir sem lutar.
De ter sido superficial quando o que eu queria era ter me aprofundado.
Do caminho que deixei de seguir por não saber se seria seguro.
Arrependo-me de ter sido tão covarde em não arriscar em conhecer o desconhecido.






Fim de jogo








Xeque mate
pra mim!




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