Capítulo IX

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Acordar abraçada em Dimitri era algo totalmente novo para mim, mas não me importaria de sempre acordar assim. Dimka estava com a televisão ligada, mas estava digitando no celular, mas tais letras eram do alfabeto russo. Para chamá-lo, passei minhas pernas na dele, e ele logo me viu, um pouco surpreso.

— Bom dia — falei, sorrindo, enquanto apoiava a cabeça em seu peito.

— Bom dia — devolveu, afagando meus cabelos.

Não queria me separar dele, mas agora que eu já havia acordado, não tinha mais motivos para continuar ali, mas antes disso, ele havia se pronunciado.

— Matvey já mandou um oi para você — falou, me segurando no lugar. Não saí — Hayden ligou. De novo.

Decidi que depois ligaria para ele. Não agora quando eu e Dimitri estávamos nos aproximando mais.

— Depois ligo para ele — falei, me levantando da cama e vesti o roupão que estava pendurado na cadeira ao lado da janela.

Dimitri continuava falando com Matvey. Eu estava animada em conhecer a mãe a irmã de ambos, mas eu estava com medo de que elas soubessem do meu passado.

Eu sabia que não havia sido minha culpa, mas algo me dizia o contrário.

* * * * *

Conseguimos um lugar do trem na janela. Dimitri havia me deixado ficar com ela. Não levávamos muitas coisas, apenas uma mala para cada um de nós. Nos vestíamos como sempre, mas estávamos com os cabelos soltos. Quando Dimitri guardou nossas malas, logo se sentou ao meu lado. Obviamente algo havia mudado entre nós, mas eu estava gostando dessa mudança.

— Sua mãe e irmã irão gostar de mim? — perguntei, abraçando seu braço.

— Elas já sabem de você, Valora — explicou, segurando minha mão.

De alguma forma, aquilo me fez gelar o sangue. Não sabia como elas sabiam quem eu era, se pelo meu pai ou porque Dimitri havia contado toda a história para elas. Resolvi não perguntar, sua relação com seus parentes não me dizia respeito.

No caminho para lá, eu estava meio neurótica, achando que Klaus estava nos seguindo por aí. Esperando o momento perfeito para nos matar.

Acordei de um pesadelo breve, mas sobressaltada. Dimitri me encarou confuso. Desde que saímos de São Petersburgo meus pesadelos aumentaram. Da época em que Klaus havia me levado consigo, como da noite em que Dimitri me salvou de lá, mas eu acabava morta com um tiro certeiro na testa.

Faltava muito até conseguirem tirar minha mãe da Finlândia, e isso me angustiava ainda mais.

— Chegamos, V — falou, entrelaçando nossos dedos.

Concordei com a cabeça, e nos levantamos para pegarmos nossas malas. Do lado de fora, encontramos Matvey com uma placa que deixou Dimitri furioso.

"D + V = "

Comecei a rir baixinho com a cena dos dois irmãos discutindo em russo, enquanto Dimitri ficava vermelho. Matvey acabou me empurrando até o táxi que nos esperava do lado de fora.

— Espero que se divirta na residência dos Velichkov — Matvey me disse, enquanto abria as portas do banco traseiro.

— Você é um inútil mesmo — Dimka riu, tentando esconder isso.

Ficamos em silêncio durante todo o trajeto até a casa deles, uma casa grande, mas nada de extravagante na fachada. Paramos no meio-fio em frente a porta da casa. Quando as portas de Dimitri e Matvey se abriram, a porta da casa se abriu também, revelando duas mulheres morenas, mas com uma diferença considerável de idade. Uma era sua mãe, e a outra sua irmã, Laken.

— Dimka! — sua mãe exclamou, andando mais rápido até o filho.

— Mãe — Dimitri respondeu, a abraçando.

A garota logo apareceu ali, abraçando os irmãos. Quando os quatro se separaram, ambas as mulheres me olharam, e logo perguntaram algo em russo. Estava começando a odiar isso. Matvey logo respondeu, mas claramente a pergunta não era para ele, mas a resposta acabou deixando Dimitri vermelho, novamente.

— É um prazer finalmente conhecê-la, Valora — sua mãe falou, me abraçando.

A abracei de volta, e cumprimentei Laken, que parecia tímida com quem não conhecia. Sei que Dimitri percebeu meu ciúme quando perguntei quem era Laken. Dimitri passou seu braço pela minha cintura, me levando para a casa. O abracei também, algo que o surpreendeu, mas que o fez esboçar um pequeno sorriso.

— Amanhã todos nós vamos ajudar na ceia — explicou, perto do meu ouvido.

— Já montaram a árvore? — perguntei, animada. Fazia anos que eu não montava uma.

— Normalmente não montamos — explicou. — Mas se quiser, podemos montar uma — sugeriu, sorrindo.

Abri um sorriso enorme e o abracei, sem me importar com as piadinhas russas de Matvey. Finalmente eu poderia ter um Natal normal. Entramos na casa ainda abraçados, e não vi sua mãe, apenas Laken, que sorriu para nós.

— Dimka, mamãe mandou vocês ficarem no seu quarto — falou a menina.

— Obrigado, Lake — Dimitri sorriu para a irmã.

Subimos as escadas até o segundo andar, onde tinham cinco quartos. O de Dimitri era reto depois da escada e à direita da mesma. Não sabia se seu quarto estava como quando era adolescente ou ele havia posto seus gostos atuais lá. Quando entramos, era uma mistura de ambos.

— Você ainda gosta de mulheres semi nuas em cima de uma moto? — perguntei, tentando parar de rir.

— Talvez — brincou, e largou minha mala no chão em frente aos seus pés.

Andei até a cama de casal toda preta e cheia de travesseiros.

Dimitri logo colocou a mala ao pé da cama, e logo se jogou ao lado. Seu cabelo estava solto, deixando por todos os lados do colchão, deixando-o quase que com uma juba de leão. Não pensei antes, apenas me permiti fazer um cafuné nele. Dimitri fechou os olhos, aproveitando o agrado.

— Eu nunca te agradeci — falei, me apoiando na mão livre, deixando meu rosto acima do seu.

— Pelo o quê? — perguntou, deixando seus olhos entreabertos.

Alisei um pouco mais seu cabelo antes de responder.

— Me salvando de lá — expliquei, deitando a cabeça em seu peito.

— Não precisa agradecer, V — explicou, segurando meu queixo, fazendo-me encará-lo. — Se você não estivesse lá, não teria a salvo, continuaria procurando Klaus. Um de nós morreria. Acho que também te devo uma.

Não consegui imaginar um mundo agora sem Dimitri. Abracei sua cintura com força. Eu até tira o beijado, mas antes que eu pudesse aciocinar que eu queria, uma Laken abriu a porta.

— Mamãe terminou o jantar, Dimka — explicou, tímida.

— Já vamos descer — Dimitri respondeu, sorrindo para ela.

Dimitri estava sentado, mas eu não havia soltado-o ainda. Não queria. Dimitri me puxou até me sentar em seu colo, me abraçando.

— Com fome? — perguntou, apoiando o queixo em meu ombro.

— Sim, faz tempo desde que almoçamos — respondi, confortável em seu colo.

Dimitri sorriu, me levantando dali, era divertido tê-lo agora assim, brincalhão, nosso beijo realmente nos representou algo. O puxei pelo pulso quarto a fora, tínhamos que jantar e montar uma árvore para antes da véspera de Natal.

Velvet Crowbar #1 | ✔️Where stories live. Discover now