Capítulo Trinta e Oito - Guarda-Costas

2.8K 224 117
                                    

 Senti algo frio e metalico tocando delicadamente meu pescoço, me fazendo ter calafrios. Senti um sorriso brotando em meus lábios quando os dedos dele tocaram de leve a minha pele e tive de segurar a vontade de toca-los, de sentir ainda mais a pele dele contra a minha.

― Não abra os olhos ― A voz dele estava ficando cada vez mais grossa, como a de um homem, o que fazia ela se questionar aonde o menino chorão e perdido que ela encontrará dois anos atrás estava. ― Espere... pode abri-los!

Abri os olhos e toquei em meu pescoço, senti uma pedra gelida entre meus dedos, um pingente com alguma rocha ambar encrustada na mesma. Era algo meio rudimentar, um pouco diferente dos medalhões de prata que minha mãe usava, mas não era ruim, era único e belo.

― Parece seus olhos ― Comentei, voltando meu olhar para Eric, que segurava minha outra mão com delicadeza, acariciando minha pele com a ponta de seu polegar.

― Bom, essa era a ideia.

― Mas eu não te trouxe nada...

Ele suspirou, passando as mãos pelos meus cabelos loiros e os colocando atrás de minha orelha.

 ― Não fiz isso porque queria algo em troca, fiz isso porque gosto de você e sabe, não é como se você não tivesse nada para me dar. ― Ele abriu um sorriso brincalhão no rosto, segurando delicadamente meu rosto com as duas mãos.

Senti minhas bochechas corando e meus olhos se fechando lentamente, sentindo os lábios macios e doces de Eric lentamente cobrirem os meus. O cheiro leve de suor misturado com o de grama fresca me ajudava a me perder naquele momento, enquanto apertava sua camisa com medo de me afogar naquele sentimento.

Fora poucos meses atrás que ele me beijou pela primeira vez, que ele disse que gostava de mim. Eu não podia, eu não devia ter retribuindo, mas a doçura do rosto ainda infantil dele, dos cabelos bagunçados e negros e dos olhos ambares me calaram e quando percebi já estava em seus braços.

Foi um beijo simples, delicado e inocente, Eric logo se afastou de mim, com as bochechas ruborizadas também e desviando o olhar. Ficamos de mãos dadas, ouvindo apenas o farfalhar das folhas quando foram interrompidos por um pigarreio.

Olhei alarmada para trás e dei de cara com o Cavaleiro Jehan me olhando, com uma sobrancelha arqueada e um sorriso malicioso no rosto. Senti meu rosto arder ainda mais, separando minhas mãos das de Eric e me levantando, batendo e retirando a poeira de meu vestido.

― Talvez seja uma boa hora irmos ― Jehan sugeriu, se divertindo ao me ver em pânico.

― Só um momento! ― Me aproximei de Eric, o abraçando. ― Prometo que voltarei.

― Sei disso ― Ele sorriu, beijando minha testa e se distanciando. Ele olhou uma última vez para mim, antes de começar a correr em direção da vila, se perdendo na mata.

Caminhei com calma até Sir Jehan, que ainda tinha um sorriso petulante no rosto. Ele caminhava em silêncio atrás de mim, enquanto eu andava em direção do castelo. Eu sabia que ele devia estar tendo pensamentos horríveis sobre mim, afinal quem não teria? Como eu poderia me esgueirar pela floresta com um rapaz qualquer?

O problema é que Eric não era um rapaz qualquer, ele era... diferente. Eu não sabia como descrever, mas o jeito como ele me olhava, como ele passava a mão pelos cabelos enquanto sorria para mim, o jeito como ele pronunciava meu nome como se fosse mais sagrado que tudo e o jeito como sua mão tocava em mim, fazendo minha pele se arrepiar toda. Não havia ninguém assim.

Eu sabia que Jehan não gostava muito de eu pedir para ele enganar meu pai e vir perambular na floresta comigo, afinal, eu sabia que no fundo ele queria é participar da guarda pessoal do meu pai. Mas ele também nunca reclamava, sempre aceitava meus desejos egoístas, sempre me acompanhando na floresta. "Um dia você irá me recompensar" era o que ele dizia quando eu o questionava.

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Aug 03, 2016 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

A Princesa PerdidaWhere stories live. Discover now